Eu sou idoso, graças a Deus! Não tenho nenhuma dificuldades em conviver com os meus 80 anos bem vividos. Por isso neste dia do idoso gostaria de chamar atenção para a valorização dos idosos. A primeira coisa que devemos lembrar é que o idoso tem uma bagagem inestimável, construída ao longo dos anos e que deve ser respeitada pelos jovens e adolescentes. O idoso é um dom inestimável para a sociedade e a sua serenidade nos dá uma segurança para a vida social.
Quando eu era criança e adolescente eu olhava para os meus avós com grande veneração. Sempre ficávamos ao redor de nossos avós ouvindo a sua sabedoria e aprendendo o que eles tinham para nos ensinar.
"Crianças e anciãos constroem o futuro dos povos; as crianças porque levarão adiante a história, os anciãos porque transmitem a experiência e a sabedoria de suas vidas. Esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado", disse o Papa Francisco durante a reza do Angelus, da sacada do Palácio São Joaquim, no último dia 26 de julho, dia em que a Igreja celebrava a memória litúrgica de São Joaquim e de Santana, avós de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Os mais idosos constituem um valiosíssimo patrimônio social e eclesial de generosidade e fidelidade. Se a sociedade os julga um peso, é preciso que a Igreja, no seu testemunho atento, sublinhe o seu valor humano e cristão e promova socialmente o respeito que lhes é devido.
Muitos idosos padecem das dificuldades oriundas do sistema previdenciário brasileiro levando-as a extrema pobreza e, infelizmente, até dificuldades financeiras. O Estado deve rever o nosso sistema previdenciário.
A própria Igreja, não cansa de levantar a sua voz em defesa dos direitos dos idosos: "Facilitar a solidariedade entre as gerações;
incluir o idoso na tomada de decisões tanto a nível familiar como social;
permitir o acesso do idoso aos cuidados sociais básicos, incluindo os tratamentos médicos, sobretudo para quem vive nas zonas rurais;
negociar com as empresas farmacêuticas para que, a preços baixos, todos possam comprar os remédios essenciais; dar assistência especialmente aos idosos infectados de HIV, ou àqueles que têm sob a sua responsabilidade órfãos infectados por essa doença; assistir os idosos com enfermidades mentais, como o Alzheimer ou semelhantes: legislar ou fortalecer os esforços legais existentes para eliminar qualquer forma de abuso;
proteger a sua dignidade e a sua vida até ao seu fim natural, promovendo os cuidados paliativos; estimular o idoso a manter a sua auto-suficiência e mobilidade até quando lhe for possível; promover uma cultura social na qual se dê espaço ao idoso e se eduque a sociedade, tanto nos níveis elementares como nos profissionais; estimular o idoso a compreender a evolução da sociedade atual e estimulá-lo a não se sentir estranho nela com pessimismo e rejeição; educar os idosos para o uso dos progressos tecnológicos elementares no campo da comunicação e informação;
estimular o idoso a ter uma imagem positiva de si mesmo e eliminar dos meios de comunicação estereótipos falsos; promover uma educação entre as gerações, de modo que os idosos ensinem os jovens e estes os idosos, num intercâmbio recíproco".
Dentro da própria Igreja, a questão do papel do Bispo Emérito, deve ser revisto. Muitos bispos infelizmente, ao se resignarem são solenemente ignorados por seus sucessores, como se nem existissem. Realmente a questão dos idosos deve tomar uma atenção fundamental da sociedade, porque muitos idosos vivem na solidão e no abandono. Que possamos ensinar os mais jovens a valorizarem e conviverem com os seus idosos!
+ Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG).