Arquidiocese de Porto Velho

Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica.

 

Já nos encontramos em pleno mês de junho de 2011. Por tradição, é o mês do Sagrado Coração de Jesus.  Neste ano o mês vem carregado de uma sequência muito densa de celebrações, a começar com o domingo que temos pela frente, dedicado à Ascensão de Jesus. Depois vem o domingo de Pentecostes, em seguida o domingo da Santíssima Trindade, que motiva a festa de Corpus Christi na semana seguinte, que por sua vez conduz à festa do Sagrado Coração de Jesus. Particularmente a festa de Pentecostes nos faz pensar na Igreja de Cristo, que se manifestou em sua plenitude no dia de Pentecostes, e que ao longo dos séculos é acompanhada e sustentada pela ação do Espírito Santo.

Em nosso tempo experimentamos com força a ação do Espírito que impulsiona a Igreja a se renovar, à luz do Evangelho, seguindo o exemplo da Igreja Primitiva, e procurando se encarnar na realidade de hoje.

Estas Orientações Pastorais são frutos de estudo, reflexão, oração e discernimento, fruto também de um diálogo construtivo. Querem servir de orientação aos que fazem parte da estrutura da RCC na Arquidiocese, e a todos que, de alguma forma, coordenam, executam e acompanham as atividades da RENOVAÇÃO no âmbito de Arquidiocesano, região pastoral e paroquial.

Os OBJETIVOS CENTRAIS da RCC, aqui delineados e aprovados pelo Conselho de Presbíteros, ajudarão as comunidades carismáticas presentes em nossa Igreja particular, a aspirar continuamente aos dons mais elevados (cf. 1 Cor 12, 31), e a crescer em maturidade espiritual. Este Texto é entregue à Arquidiocese para ser estudado, aprofundado e colocado em prática. Ele quer ajudar os RESPONSAVEIS pela RCC a tutelar à identidade católica dos inúmeros grupos de oração espalhados na Arquidiocese, estimulando-os a manter um vínculo de comunhão com seus Pastores. "Pertenceis a um movimento eclesial e a palavra "eclesial" obriga a uma preciosa tarefa de formação cristã, que requer uma profunda convergência entre fé e vida" (João Paulo II, Discurso aos responsáveis do Movimento Carismático Católico in 30/10/98). Consciente de que "SEM CRISTO NADA PODEMOS FAZER", juntamente com todos os membros da RENOVAÇÃO oro à Virgem Maria, para que cada um acolha o Dom do Espírito para ser testemunha de Cristo lá onde vive.

 

O que é? A Renovação Carismática Católica é um movimento mundial, mas não uniforme, nem unificado. Não tem fundador particular, nem um grupo de fundadores como muitos outros movimentos. Não tem listas de membros participantes. A Renovação é uma reunião muito diversificada de indivíduos, grupos e atividades, com frequência totalmente independente uns dos outros, em diferentes graus e modos de desenvolvimento e com diversas ênfases; e, contudo, participam da mesma experiência fundamental e perseguem os mesmos objetivos gerais. Este modelo de relações sumamente flexíveis, se encontra em nível diocesano e nacional, bem como internacionalmente. Tais relações se caracterizam frequentemente por sua liberdade de associação, diálogo e colaboração, mais que por sua integração ou por uma estrutura organizada. Mais do que como um governo, a liderança se caracteriza como um oferecimento de serviço para aqueles que o desejem.

 

O Documento 53 da CNBB, série azul, é válido ainda hoje, como é mencionado pelo Coordenador Arquidiocesano, Sr. Marcio Sena.  Pedimos: sejam elas estudadas em todos os grupos de RCC desta Arquidiocese. No nº 21: "A RCC assuma com fidelidade as diretrizes e orientações pastorais da CNBB. A Coordenação Nacional da RCC terá um Bispo designado pela CNBB, como seu Assistente Espiritual, que lhe dará acompanhamento e ajudará nas questões de caráter nacional, zelando pela reta aplicação destas orientações pastorais, sem prejuízo da autoridade de cada Bispo Diocesano". Ninguém tente modificar nenhuma norma, como se fosse "uma Igreja Paralela".  Porquanto, vimos aqui pontualizarmos em sete momentos:

 

 

 

1.     As atitudes prévias sejam da Arquidiocese como da RCC e em conjunto.

Da Arquidiocese:

a)     Abertura para acolher a RCC e integrá-la nas suas estruturas eclesiais, seja a nível Arquidiocesano como nos níveis paroquiais e de comunidades eclesiais de base.

b)    Acompanhamentos das atitudes da RCC, dentro de sua responsabilidade de animar a ação dos cristãos e de zelar para que esta ação fortaleça a unidade e o crescimento de toda a Arquidiocese.

c)     Disposição de acolher nas estruturas de serviços eclesiais (Conselhos de pastoral, comissões administrativas, equipes de pastoral, ministérios eclesiais), sem discriminação e dentro dos processos normais adotados na Arquidiocese, membros da RCC que para isto forem indicados pelas comunidades.

Da RCC:

a)     Acatar e assumir, integralmente, o Plano Arquidiocesano de Pastoral, expresso, sobretudo, através das Prioridades aprovadas em Assembleia Pastoral Arquidiocesana (APA) e nas diversas diretrizes estabelecidas pela prática pastoral da Arquidiocese (disciplina sacramental, organização pastoral em Comunidades Eclesiais de Base, Paróquias, Regionais; calendário anual de atividades);

b)    Integrar-se na organização da Arquidiocese (setores geográficos, estrutura das paróquias e das comunidades locais);

c)     Articular-se com a programação pastoral de cada paróquia, respeitando seu cronograma de trabalho, incentivando a participação dos membros da RCC nas atividades paroquiais, valorizando os momentos importantes da vida da paróquia, com o cuidado de adequar as promoções próprias da RCC de tal modo que não venham prejudicar o ritmo da paróquia;

d)    Inserir-se nas estruturas comunitárias que a Arquidiocese está incentivando: paróquias, bairros, comunidades, grupos permanentes;

e)     Acatar as Coordenações eclesiais existentes na Arquidiocese: Coordenação Arquidiocesano de Pastoral, Conselhos Paroquiais de Pastoral, Conselhos das Comunidades e Equipes de Pastoral;

f)     Aceitar e assumir a participação nos organismos de representação e de coordenação seja a nível arquidiocesano como paroquial e comunitário;

g)     Participar das responsabilidades de sustentação econômica da Arquidiocese, paróquias e comunidades, sobretudo através do dízimo paroquial.

 

Em conjunto - Arquidiocese e RCC: Manter um processo contínuo de avaliação e de diálogo seja a nível arquidiocesano como paroquial através dos organismos existentes (coordenações arquidiocesanas de pastoral, conselhos paroquiais de pastoral, conselhos comunitários), visando especialmente:

a)     Incentivar a inserção da RCC na vida e na ação da Arquidiocese;

b)    Buscar o entrosamento com as atividades pastorais das paróquias;

c)     Equacionar os problemas de relacionamento entre as atividades próprias da RCC e a programação pastoral da Arquidiocese e das Paróquias;

d)    Zelar pela ortodoxia das pregações e pela reta disciplina da prática religiosa dos membros da RCC, de acordo com os ensinamentos e a prática da Igreja;

e)     Cultivar um relacionamento maduro, responsável e caridoso entre as lideranças da RCC e os responsáveis pelos serviços eclesiais das comunidades, evitando mal-entendidos, busca de poder, atritos de personalidade ou formação sectária de grupos, e para isto cultivando a caridade, a humildade, a simplicidade e o espírito de serviço, valorizando tanto a autoridade eclesial em todas as suas formas (bispo, presbíteros, religiosas, ministros instituídos pela Arquidiocese ou membros de conselhos pastorais), como também os dons que cada um manifesta para o bem comum da Igreja.

 

2.     Daqui temos consequências destes princípios e destas atitudes, a saber:

Todos os católicos da Arquidiocese de Porto Velho, também os que participam da RCC ou de outros movimentos, precisam se sentir identificados com a Igreja de Cristo e empenhados em sua vida, na organização e na ação pastoral e missionária desenvolvida pela Arquidiocese, na sua realidade total.

O Vaticano II descreve teologicamente no Decreto Christus Dominus Sobre O Múnus Pastoral dos Bispos na Igreja, nº 11: "Diocese é a porção do Povo de Deus, que se confia a um Bispo para que a apascente com a colaboração do presbitério, de tal modo que, unida ao seu pastor e reunida por ele no Espírito Santo por meio do Evangelho e da Eucaristia, constitui uma Igreja particular, na qual está e opera a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica".

Rege juridicamente pelas normas estabelecidas pelo Direito Canônico e por sua decorrência de natureza e de missão desenvolve sua ação pastoral e missionária de acordo com seu plano de pastoral, através do qual procura expressar sua comunhão prática com toda a Igreja Católica, em especial com as Dioceses que integram a CNBB.

A Arquidiocese quer manifestar explicitamente sua disposição de estar aberta e acolher toda a riqueza do Evangelho de Cristo e a diversidade dos dons do Espírito Santo, colocando-os a serviço da unidade, do crescimento e da missão da Igreja de Cristo, que ela é chamada a concretizar como "Igreja local" aqui criada e implantada pela Igreja Católica.

Em decorrência desta disposição, a Arquidiocese quer valorizar a ação pastoral e missionária dos seus membros, individualmente ou unidos em comunidades eclesiais, das congregações religiosas ou associações de leigos constituídas de acordo com a legislação canônica e dos movimentos apostólicos em comunhão com a Igreja Católica que estejam dispostos a se integrarem na vida e na missão da Arquidiocese de Porto Velho, no espírito dos princípios e disposições aqui expostos.

À luz destes princípios, a Arquidiocese acolhe a RCC, na esperança de que venha colaborar para o crescimento da unidade eclesial e da ação evangelizadora. Para que isto aconteça, assinala algumas orientações pastorais concretas, podendo vir a indicar outras, na medida da necessidade ou da conveniência.

 

3.     O Entrosamento da RCC com a Arquidiocese.

O espírito que deve animar a ação da RCC é de levar os seus membros a se inserirem mais na vida da Igreja, pela participação nas estruturas da Arquidiocese e da Paróquia. A meta permanente das atividades programadas pela RCC deve ser então, de incentivar os seus membros a fazerem parte da comunidade eclesial onde vivem, dos grupos que a comunidade organiza, das pastorais existentes, e, na medida em que forem chamados, assumir responsabilidades nos serviços de coordenação e animação das atividades pastorais das comunidades.

Para incentivar seus membros a participar da vida da comunidade eclesial, a RCC precisa conhecer e valorizar a caminhada pastoral da Arquidiocese. Por isto, do "anúncio" feito aos membros da RCC, deve fazer parte a apresentação concreta da Igreja onde vivemos, com sua organização, seus planos de pastoral, suas atividades e também suas necessidades e limitações, levando os membros da RCC a valorizarem a amarem a Igreja, como sinal da ação do Espírito Santo e como instrumento de participação e de ação missionária de todos.

As lideranças da RCC, na medida em que vão assumindo responsabilidades de coordenação procurem participar dos momentos de formação que a Arquidiocese e a paróquia proporcionam. Em especial, a coordenação da RCC deveria colocar como meta que seus responsáveis arquidiocesanos fizessem a Escola Dom Helder Câmara bem como a Escola de Fé e Política. Como norma geral, a RCC deve insistir para que todos os seus membros participem dos momentos de formação que a Paróquia proporciona.

A R.C.C. tem como identidade do seu "ser Igreja" a experiência de Pentecostes que transforma vidas, gera o impulso missionário para a evangelização que é realizada com manifestação dos carismas para que a fé não se fundamente na sabedoria humana, mas no poder de Deus (cf. 1Cor 2,5). Na vivência dessa graça eclesial, a RCC expressa sua pertença à Igreja assumindo a missão de evangelizar a partir de sua identidade, pondo a serviço da própria Igreja os carismas que lhe são próprios. A RCC entende que é necessário buscar um modelo de Igreja que não ofenda nem rompa com a unidade eclesial, mas que possibilite o seu existir como Igreja na autenticidade de sua identidade. Uma das dificuldades mais evidentes na liderança, de modo geral, é a falta de formação e acompanhamento. O Santo Padre tem insistido na importância da formação e os nossos Bispos constantemente salientam ser a formação uma das urgências pastorais e um dos desafios mais sérios para a Igreja de hoje.

Para caminhar com a Arquidiocese, é muito importante seguir a proposta da Arquidiocese nos momentos fortes dos anos, sobretudo Campanha da Fraternidade, Pentecostes e as Romarias (Terra/Águas, Trabalhador).

Na promoção de suas atividades próprias, a RCC procure respeitar o ritmo pastoral de cada paróquia, não atrapalhando sua programação principal com atividades paralelas que dificultem os seus membros de acompanharem a vida paroquial.

Como expressão concreta de pertença à comunidade paroquial, os membros da RCC sejam especialmente motivados a assumir com generosidade o dízimo paroquial, que precisa ser sempre o destinatário principal da colaboração financeira que é solicitada aos seus membros.

Como resultado da prioridade dada à participação na vida eclesial da Arquidiocese, a identidade cristã dos membros da RCC se afirme em primeiro lugar pela participação na vida da Igreja, e não pela participação nas atividades específicas da Renovação. Em outras palavras, antes de se identificar como "carismático", o membro da RCC precisa ser identificado como "cristão" e membro de sua comunidade cristã.

Todos os Grupos de Oração dentro da Arquidiocese deverão ser inscritos na Coordenação Arquidiocesana de Pastoral, para saber também os respectivos coordenadores destes grupos bem como os horários de atividades. Todos os membros da RCC, indistintamente, deverão participar regular e necessariamente de um Grupo de Oração filiado.

 

4.     Adequação da estrutura e programação da RCC à realidade da Arquidiocese.

A RCC procure ter na Arquidiocese a sua organização própria, em função de sua finalidade e em vista do seu entrosamento com a Arquidiocese. Mas não precisa reproduzir na Arquidiocese toda a estrutura pensada para o nível mundial, nacional ou regional. Como princípio, deve-se evitar apresentar aos seus membros uma estrutura tal de organização própria que a RCC pareça uma Igreja completa e paralela. Este paralelismo precisa ser evitado também dentro da Arquidiocese. Por isto, as estruturas normais de participação que se apresentam aos seus membros devem ser as próprias estruturas da Igreja local, sobretudo, a paróquia. Como referência concreta, o Grupo de Oração seja o contexto de onde os membros da RCC são incentivados a participar da vida da comunidade eclesial.

Como decorrência deste espírito, a programação da RCC não pode absorver os seus membros de tal modo que não possam mais participar das atividades da comunidade local. A prioridade de participação sejam as atividades da comunidade, dentro da programação de celebrações e de atividades pastorais que cada paróquia propõe a todos os cristãos.

A Coordenação Arquidiocesana da RCC tenha o seu contexto normal de execução as paróquias da Arquidiocese, de tal modo que possam ser integradas na vida cotidiana de cada paróquia. Neste sentido, a RCC procure e valorizar a organização pastoral da comunidade, especialmente no que se refere aos "grupos de jovens", "grupos de catequese" e "grupos de casais". Nas comunidades onde existem grupos de jovens e de casais, incentive seus membros a participar destes grupos, sem formar outros paralelos. E onde não existem, abra seus grupos para a participação de outros jovens ou de outros casais, de tal modo que se tornem grupos abertos, comunitários, sem impor a todos os membros a característica "carismática".

Isto vale especialmente para a preparação aos sacramentos. Neste ponto, a RCC procure seguir o Diretório Sacramental da Arquidiocese, da maneira como a paróquia costuma fazer, sem formar grupos à parte para aceder aos sacramentos.

É importante que sejam respeitados os horários tradicionais da vida paroquial, evitando marcar atividades próprias da RCC nesses horários. Em caso de aproveitar à proximidade desses horários, que se valorize primeiro a atividade da comunidade, participando dela, e não fazendo dela só um expediente para a reunião da RCC. Para exemplificar, se a reunião do "grupo de oração" é programada para o dia da missa da comunidade, que a dita reunião do grupo, ou culmine com a participação na missa, ou inicie com a participação na missa, mas não que comece depois que a missa termina ou que termine quando a missa vai começar.

Para o bom entrosamento da programação própria da RCC com a programação pastoral da Arquidiocese, que se apresente em tempo para a Coordenação Arquidiocesana de Pastoral, no final de cada ano, a proposta de atividades do ano subsequente, para serem inseridas, adequadamente, no calendário pastoral da Arquidiocese e, para que a atuação dos membros dentro de cada paróquia, que sejam poucas as atividades previstas em nível de Regional ou de Arquidiocese, destinadas aos membros da RCC. Em concreto, que não se incentivem encontros carismáticos regionais ou arquidiocesanos.

A coordenação Arquidiocesana da RCC tenha com sua preocupação principal a formação de suas lideranças, a unidade da RCC em toda a Arquidiocese e o incentivo para inserção na vida da Arquidiocese através do seu entrosamento prático nas paróquias.

 

5.     Atividades próprias da RCC

A reunião do "Grupo de Oração" se constitua na atividade específica característica da RCC na Arquidiocese, por meio da qual se cultive a espiritualidade própria que visa transmitir para os seus membros, dentro dos seus objetivos, de buscar uma renovação profunda da vida cristã, que leve para a conversão a partir do aprofundamento da Palavra de Deus, da oração intensa e alegre, do culto à Santíssima Trindade, do amor a Cristo na Eucaristia, do louvor a Deus, da devoção a Maria e da comunhão com a Igreja, em especial com seus Pastores.

As reuniões de oração da RCC sejam marcadas pela piedade, pela fraternidade, pela acolhida calorosa, mas também pelo equilíbrio emocional, que deve se manifestar pela moderação nos horários, nos cantos, no som e na tonalidade das reflexões feitas pelos animadores.

A experiência mostra que esses momentos de acolhida fraterna propiciam a manifestação de exageros ou fanatismos, frutos de entusiasmo momentâneo ou de desequilíbrio psicológicos, que devem ser prudentemente evitados.

Seguindo recomendação já feita por São Paulo (cf. 1Tm 3,6) não se confie a coordenação de grupos ou a animação da oração e da reflexão a pessoas que apenas estão iniciando sua participação na RCC. Estas responsabilidades sejam confiadas a pessoas com mais experiência e com comprovado entrosamento com a vida comunitária.

 

6.     Questões específicas

Critérios que devem iluminar o processo de aceitação da RCC numa comunidade da sede paroquial da Arquidiocese são os seguintes:

O início de um "Grupo de Oração" da RCC numa comunidade da Arquidiocese deve ser fruto do discernimento comum feito entre os responsáveis pela vida eclesial da comunidade (presbítero, irmãs religiosas, conselho paroquial de pastoral ou da comunidade) e membros da comunidade interessados em formar o "Grupo", podendo a iniciativa ser proposta seja pela coordenação da comunidade como pelas pessoas interessadas em participar do "Grupo".

Os critérios que devem iluminar este discernimento são os expostos nos princípios apresentados nestas Orientações pastorais: a busca da renovação autêntica da Igreja, a inserção da RCC na Arquidiocese, e as atitudes tanto da Arquidiocese como da RCC, para que a existência da RCC na comunidade matriz seja um fator positivo de crescimento da vida cristã.

Sigam-se as recomendações colocadas nestas Orientações, para se superar as eventuais dificuldades que possam surgir, sobretudo, no que se refere à decisão sobre o momento oportuno para iniciar a RCC na comunidade, ou para a organização das atividades próprias a RCC. Procure-se, sempre que possível, chegar a todas as decisões necessárias no entendimento mútuo dentro da própria comunidade, conforme as recomendações evangélicas (cf. MT 18, 15-18). Só no caso de persistir algum impasse procure-se a ajuda das instâncias arquidiocesanas de pastoral (coordenação arquidiocesana, conselho presbiteral, Arcebispo).

Para o bom entrosamento com a comunidade paroquial, onde a RCC precisa se inserir, é conveniente que se comunique ao padre, com clareza e confiança, a programação própria da RCC, com informações indispensáveis para o padre cumprir sua missão de acompanhar a caminhada da RCC e colocar a colaboração que lhe compete. Por sua vez, recomenda-se a todos os presbíteros e religiosos da Arquidiocese que procurem conhecer bem o espírito e a organização da RCC, para valorizá-la na contribuição que pode trazer à vida da Igreja e para ajudar os seus membros a crescimento no entrosamento com a paróquia.

Algumas "questões particulares":

A CNBB, no seu Documento "Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática, n. 53", se posicionou a respeito de algumas questões particulares, tais como batismo no Espírito, dons e carismas, dom de cura, orar e falar em línguas, profecia, repouso no Espírito, poder do mal e exorcismo. A Arquidiocese de Porto Velho retoma estes posicionamentos da CNBB, com as seguintes precisões:

a)     Quanto ao "batismo no espírito": que o fato de se ter dons e carismas não seja considerado como exclusivo dos membros da RCC. Todos os cristãos são dotados de dons do Espírito, que os habilitam a exercer ministérios na Igreja, e a darem testemunho da própria vida cristã.

A maneira prática de valorizar os carismas é aceitar, prontamente, serviços solicitados pela comunidade, sobretudo quando ela convoca para participar da "instituição dos ministérios", de acordo com o processo em andamento na Arquidiocese. A RCC é chamada a valorizar os ministérios que a Arquidiocese institui, seja valorizando os ministros instituídos, seja dispondo-se a assumir ministérios que a comunidade quer confiar a membros da RCC

Os que exercem ministérios dentro da própria RCC, em serviços ligados à animação dos "grupos de oração", que o façam, com solicitude, com simplicidade, com humildade, sem se julgarem dotados de dons extraordinários do Espírito.

b)    Quanto ao "dom da cura": que ninguém faça "unções" aos doentes, para evitar a confusão com o sacramento da unção dos enfermos. Que nas orações para implorar a cura, feitas nos encontros da RCC, "não se adote qualquer atitude que possa resvalar para um espírito milagreiro e mágico estranho à prática da Igreja Católica". Que se apoie e incentive a Pastoral da Saúde, promovida pela Arquidiocese, o mesmo se diz aos idosos com a Pastoral da Pessoa Idosa.

c)     "Orar e falar em línguas": evite-se tanto as expressões como os atos de "orar e falar em línguas". Que não use a expressão "repouso no espírito", nem se busque atitudes que tende a significar o dito "repouso".

d)    Quanto ao "dom da profecia". Quando Deus nos dá uma palavra de profecia, a assembleia inteira é edificada. A mística da profecia é a perseguição, desde sempre o profeta foi perseguido, pois os profetas enxergam mais longe, eles não têm medo de ver e de falar. A perseguição é sinal de autenticidade da profecia. Neste sentido o autor resgata a Espiritualidade cristã como mística da profecia amorosa do Deus encarnado, que nos amou até as últimas consequências. A mística do profeta é a gratuidade e o "kenoses", o Espírito é a força propulsora da profecia: "não deixe morrer a profecia", esta é uma das últimas palavras de Dom Helder.

e)     Quanto ao "poder do mal e exorcismo": tenha-se todo o cuidado para não facilitar, nas reuniões, a manifestação de problemas psicológicos ou patológicos de algumas pessoas que poderiam se sentir estimuladas a isto.

f)     Quanto ao "expulsar demônios": evite-se interpretar que alguém esteja possesso de demônio, e que ninguém queira fazer exorcismos.

7.     Normas Objetivas e Orientações práticas para realização de eventos da RCC na Arquidiocese.

a)     Devoção a Nossa Senhora

É muito positivo que a RCC cultive uma sadia devoção a Nossa Senhora, inclusive como sinal de comunhão com a Igreja Católica. Para garantir que tal devoção seja fonte de crescimento cristão, é importante seguir sobre isto as orientações oficiais da Igreja, especialmente no que se refere à necessária prudência e indispensável discernimento quanto às aparições de Nossa Senhora. Em vista disto, a Arquidiocese estabelece que a ninguém seja permitido propagar publicamente devoções particulares ou ligadas a aparições ou fenômenos ainda não oficialmente estudados pela Igreja.

b)    Orientações sobre a Liturgia:

A RCC pode ajudar muito as comunidades da Arquidiocese a fazer as celebrações litúrgicas com fé, alegria e riqueza de vida, sobretudo, incentivando os seus membros a participarem das celebrações da comunidade, e, contribuindo para a sua animação.

Mas para que isto aconteça, é importante que a RCC siga as Orientações da Igreja, expressas em tantos documentos emanados a partir da aplicação da Sacrosanctum Concilium, a primeira grande renovação empreendida pelo Concílio. Em especial, no que se refere à Eucaristia, que seu apreço por ela se expresse pelo empenho na participação da Celebração Eucarística (a Santa Missa), que é o contexto normal para se fazer a Comunhão Eucarística. A "Exposição do Santíssimo" só seja feita por ministros autorizados pela Paróquia, em momentos abertos à participação de toda a comunidade. A Comunhão Eucarística fora da missa só seja levada a pessoas doentes que não podem participar da Celebração Eucarística ou em Celebrações Comunitárias da Palavra que não podem contar com a presença do Presbítero para presidir a Eucaristia.

Quando a RCC é chamada a animar a Missa da comunidade, que leve em consideração a tradição litúrgica da comunidade, especialmente no que se refere aos cantos e ao ritmo da celebração. Por isto, coloque-se cantos litúrgicos próprios. E que sempre se respeite a índole própria da Celebração Eucarística, também nas missas celebradas em encontros da RCC. Pois não existe "missa carismática", e a Arquidiocese veta o uso desta expressão para evitar ambiguidades.

c)     Orientações para Realização de Eventos:

Antes de convidar um pregador ou cantor de outra diocese para seu evento, é condição mandatária consultar o Presidente do Conselho Arquidiocesano da R.C.C.; para que, antes do convite, o Presidente consulte o Presidente do Conselho da Arquidiocese de onde a pessoa atua a fim de obter informações mais detalhadas e o envio desta pessoa a nossa arquidiocese;

Qualquer Grupo de Oração para convidar um pregador de fora da Arquidiocese deverá submeter o seu pedido a expressa aprovação do conselho Arquidiocesano e regional, que tomará as providências para averiguar a idoneidade do convidado consultando para isso o parecer do Arcebispo ou de outra autoridade delegado pelo Arcebispo. A consulta seja feita mediante a apresentação de carta escrita feita pela coordenação do movimento da diocese do convidado. O pedido deverá ser apresentado no período mínimo de 03 (três) meses da data do evento para a validade da solicitação.

Todos os eventos que forem realizados pelos Coordenadores de Grupos de Oração e/ou Grupos de Jovens, ligados à R.C.C., e que façam o convite a estes artistas e/ou pregadores ou ainda a qualquer Ministério de Música através de Paróquias devem passar pela ciência e ou autorização da Coordenação Arquidiocesana. Caso isso não aconteça, não poderão utilizar os Grupos de Orações da R.C.C. na Arquidiocese para a divulgação dos eventos e os mesmos não terão o reconhecimento da coordenação da Arquidiocese para a realização de tais eventos.

O Conselho Nacional, bem como o Conselho Estadual e o Conselho Arquidiocesano, recomendam que o evento, dentro de suas possibilidades, faça uma partilha espontânea para com o pregador ou o artista convidado. O valor recomendado desta partilha é de um salário mínimo apenas. Qualquer valor exigido acima disso está fora do que foi definido pelo Conselho Nacional da R.C.C. do Brasil e esta partilha não isenta o dever do quinto mandamento da Igreja, que é pagar o dízimo em sua comunidade.

 

Conclusão

 

A Arquidiocese de Porto Velho entrega estas Orientações a todos os responsáveis das Comunidades, aos Presbíteros, as Religiosas e aos Leigos que participam dos diversos Conselhos, como as lideranças da RCC, nível Arquidiocesano e de cada comunidade.

Sejam estudadas, para todos tomarem conhecimento delas, sejam colocadas em prática.

O clima de diálogo permanece aberto, também para complementação que ainda se fizerem necessárias.

 


A Renovação Carismática Católica, através do Escritório Internacional - ICCRS - (International Catholic Charismatic Renewal Service), que tem seus Estatutos de Serviço reconhecidos e aprovados pela Santa Sé Apostólica, através do "Pontificium Consilium Pro Laicis", pelo Decreto nº. 1.565/93 AIC-73, à norma do Cânone 116, do Código de Direito Canônico é aqui denominada simplesmente R.C.C..

Evite-se reunir-se no mesmo instante de formação comunitário, a fim de que não crie um clima de divisão.

Com o Batismo somos inseridos na Comunidade de fiéis, cf. cc. 96 e 204.

Cf. Doc. 53, n. 22.

Cf. DAp, 311.

Estas podem ser realizadas na Igreja da Matriz ou no Salão Paroquial da Comunidade Matriz.

Cf. Encontro CNBB/RCC em Brasília de 4 a 6 de agosto de 2000 in Encarte do Boletim da CNBB - 10/08/2000.

Acompanhar e apoiar a caminhada da RCC no âmbito da paróquia; Estimular os grupos de oração e viverem a identidade, a missão e os objetivos da RCC, respeitando a pastoral de conjuntos das paróquias. Assistir de perto os grupos de oração e ministérios, em nível de assessoria.

CNBB. DOC, 53, n. 59.

Cf. CNBB. DOC, 53, n. 62.

Falar  em Línguas,   Dom  de  Curas,   Repouso  no Espírito  (com quedas no chão, tremeliques, tremedeiras, exaltações...). Todos   estes  fenômenos,  não tem nada a que ver  com  a  "ação do Espírito Santo", mas  são  elaborados do  inconsciente  excitado de  pessoas  particularmente  "sensitivas" e altamente "emotivas", que quando  bloqueiam  a  consciência são  sujeitas  a  estes  fenômenos estranhos... como acontece em "passos" da Macumba, Candomblé, umbanda [encosto  de  exus,  orixás,  possuídos  pelos  espíritos  bons  ou  maus...] as  pessoas  bloqueadas na  CONSCIÊNCIA  podem soltar  da boca  sons  incompreensíveis,  revelar  coisas  ocultas das  pessoas  (hiperestesia), prever acontecimentos futuros (pré-cognição)  todos  fenômenos atrelados  ao  INCONSCIENTE EXCITADO,  que  é  "ator nato",  num certo sentido "gênio"... etc.

Comblin, José. A profecia na Igreja. São Paulo, Paulus, 2008. 287 p.

Cf. CNBB. DOC, 53, n. 66.

Cf. CNBB. DOC, 53, n. 68.

Para que isso seja efetivado que os membros do "ministério de liturgia da RCC" participem dos encontros de formação litúrgicos da Arquidiocese e da Paróquia.