Por Frei Almir Ribeiro Guimarães, O.F.M


A vida não é estática. Não é algo parado, mas sempre em ação, sempre dinâmico, o que faz com que se possa dizer que alguém vive correta e racionalmente é a presença do progresso e do desenvolvimento nessa vida. Quem pára, quem não se alimenta, quem não faz progressos nos estudos por querer se estagnar, interromper o desabrochar da vida. É  um morto vivo. A vida é, pois, caminhar, progredir, desenvolver. A vida cristã também participa das características de toda vida. Quando falamos em vida cristã pensamos imediatamente em Cristo. Há um relacionamento da vida de Cristo com a vida de todos os que são de Cristo. Quem não tem relacionamento vital com Cristo não faz progressos, mas estagna e se paralisa. Em inúmeras passagens do Evangelho Cristo diz ser a vida. Ele é a vida do mundo. É o caminho, a verdade e a vida. Todo ele é pão descido dos céus para a vida de muitos. Viver cristãmente é viver de Cristo. Primeiramente o homem percebe que sua vida é medíocre, vazia, oca. Quando encontra-se com Cristo e sua vida percebe que pode dar um ramo diferente aos seus dias. Recebe a vida da graça da vida de Cristo no batismo. Alimenta-se freqüentemente de Cristo na leitura saboreada do Evangelho, tentando escrever outro evangelho em sua própria vida. Aproxima-se da Eucaristia como um homem faminto da vida e necessitado de força nova de Deus para continuar a viver em plenitude. O cristão que não conhece intimamente a Cristo, que não convive com ele diariamente, que não tem prazer em viver com o Senhor Jesus não poderá ter a vida. Mesmo que freqüente os sacramentos de vez em quando, mesmo que pertença a certos grupos, se não tiver um relacionamento vital com Cristo não pode saborear a delícia de ser cristão. Há necessidade de continua comunicação com a vida de Cristo.

 

Uma das belas passagens do evangelho é a alegoria da vinha. Cristo é a videira e os seus são os ramos. Quem não estiver bem ligado ao tronco não pode dar frutos. Há uma permanência de Cristo nos seus para que suas vidas possam frutificar. Há intimidade entre Cristo e o Cristão. Não podemos simplesmente dizer que somos cristãos atuantes apenas com um relacionamento esporádico e frio com Cristo. Trata-se aqui de um relacionamento tão íntimo que sem ele somos ramos secos cortados e jogados ao fogo. Paulo, o apóstolo apaixonado por Cristo, queria viver em Cristo Jesus e podia mesmo dizer para ele viver é Cristo. Aos poucos nós todos também deveríamos poder dizer que nossa vida é Cristo. Cristo que está em Deus. Intimamente com a vida. Comunicação com a vida.