Dom Eurico dos Santos Veloso

Arcebispo Metropolitano Emérito de Juiz de Fora

Junho de 2007

O mês de junho está particularmente marcado por festas, que pela abundância, passaram a denominar-se juninas. Prendem-se particularmente à comemoração dos santos. Têm pois profunda ligação com a Igreja. Constituem, de alguma maneira, parte do acervo da nossa religiosidade popular. Algumas são mais destacadas em um lugar, outras em outros; algumas tinham maior ressonância em épocas passadas, mas outras continuam, ainda hoje, com marcas visíveis de nosso folclore; algumas têm mais acento na devoção religiosa com novenas e celebração, e outras preferem a rua e as praças, com o mesmo fundo religioso e o simbolismo de nossas tradições.

Destaquemos, no dia 15 de junho, a festa do Sagrado Coração de Jesus, festa móvel: ligado ao ciclo da páscoa, de modo que sempre caía em sexta-feira. O Apostolado da Oração não a deixará passar em brancas nuvens. Onde esta devoção, tão destacada no século XIX e XX, ainda está viva, esta festa fala da misericórdia e do amor de Deus para conosco e reúne os fiéis para a adoração e a reparação pelos males do mundo. Sentimos que um outro mundo é possível e nos empenhamos juntos a Jesus por ele.

Os devotos de Santo Antônio não esquecem o dia 13. Lembram este santo franciscano por sua múltipla atuação entre seus admiradores. Não podem esquecer o pãozinho de Santo Antônio. Os namorados vão buscar junto dele alguma orientação para o difícil passo que estão por dar. Santo Antônio ainda tem algo a dizer para os nossos dias sobre a vida em plenitude em Cristo.

O dia 21 lembra São Luis Gonzaga, padroeiro da juventude que, com os jesuítas, teve ressonância inquestionável na formação de nossos jovens. Tinham um ideal concreto, de dedicação à causa dos pobres e de consagração a Deus, a empolgar nestes anos decisivos de formação. Trata-se de um modelo de vida cristã para os anos das grandes decisões. A juventude ocupa lugar privilegiada na evangelização.

A festa de São João Batista, no dia 24 é conhecida pelas fogueiras de São João. Marca o ponto alto das festas juninas. É a manifestação de alegria pela vinda do Precursor, que nos apontará para a salvação em Jesus Cristo.

A fogueira é símbolo de anúncio, de luz e de calor em Jesus Cristo, no meio do inverno do mundo. Algo de bom está acontecendo. Alegremo-nos com isso e nos reunimos para os festejos, como comer e beber, música e dança. É a festa da nova vida que s etraduz pelo grande banquete do Reino.

E, por fim, no dia 29 de junho brindamos São Pedro e São Paulo, os fundamentos da Igreja de Roma e do mundo. No Brasil, se passa a celebrá-la no Domingo seguinte em que destacamos o Papa, como sucessor de Pedro, princípio de unidade da Igreja e de Paulo, sinal da universalidade. Ambos os apóstolos têm seus túmulos, sobre os quais se construiu com pedras, grandes Basílicas, em Roma.

Apontam para a fé que continua viva após dois mil anos. Estes apóstolos ainda hoje nos falam. De cinco em cinco anos, todos os bispos vão ali prestar sua homenagem e refontizar sua fé, na unidade da Igreja, juntamente, certificando-se do acerto de sua opção católica.

A Igreja evangeliza de muitos modos. Ao lançar a Nova Evangelização, o Papa João Paulo II destacava três características: novo ardor, novos métodos e novas expressões. É, pois, necessário renovar continuamente o espírito e os conteúdos de nossa devoção popular, infundindo sempre novo espírito em nossas festas, de modo que elas falem de Cristo e levem ao aprofundamento da fé e ao estreitamento dos laços que unem os fiéis em torno dos grandes heróis e modelos desta fé e nossos intercessores junto a Deus.

Cristianismo não é doutrina e nem moral, mas vida que se expressa pelo relacionamento e pela alegria.