1. Jesus é o rosto da misericórdia do Pai, mistério de fé.

• Misericórdia que se tornou viva, visível e real em Cristo.

• Deus se revela a Moisés como “Deus misericordioso e clemente”.

• Na plenitude dos tempos enviou o Filho: “Quem O vê, vê o Pai”.

• Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus, que é Pai.

2. O mistério da misericórdia é fonte de alegria, serenidade e paz.

• Misericórdia é palavra que revela o mistério da SSma. Trindade.

• É ato supremo do encontro de Deus com as pessoas.

• É ler no coração da pessoa o reconhecimento de suas fraquezas.

• A misericórdia abre o coração para a esperança de sermos amados.

3. Fixar olhos na misericórdia, tornando-nos sinais do agir do Pai.

• O Jubileu da Misericórdia é um tempo da Igreja para nos fazer testemunhas eficazes da ação de Deus.

• Início do Ano Santo da Misericórdia dia 08 de dezembro de 2015.

• Diante da gravidade do pecado, Deus responde com a plenitude do perdão. Por isto quis que Maria fosse santa e imaculada.

• A misericórdia será sempre maior do que o pecado. Não há limite no amor que perdoa.

• Iniciando com a Imaculada Conceição é como abrir a Porta Santa.

• É a porta da misericórdia para quem quer entrar.

• O amor misericordioso de Deus consola, perdoa e dá esperança.

• No 3º Domingo do Advento, abrir a Porta Santa da Catedral e dos Santuários.

4. O 08 de dezembro coincide com o encerramento do Concílio Vat II.

• Nessa data começava para a Igreja um processo novo de história.

• Os padres conciliares sentiram um forte sopro do Espírito Santo.

• Começa um tempo de anunciar o Evangelho de maneira nova.

• A Igreja passa a ser um sinal vivo e concreto do amor do Pai.

• São João XXIII: “A Igreja deve ser, em nossos tempos, mais remédio de misericórdia do que de severidade”.

• Ela deve ser hoje mais mãe amorosa, benigna, paciente, cheia de misericórdia e bondade.

• O Beato Paulo VI disse: “A Igreja do Concílio é da caridade, com mensagem de esperança e confiança”.

• Toda riqueza do Concílio teve como objetivo servir as pessoas.

• Atravessamos a Porta Santa confiados no Cristo ressuscitado.

• O Espírito Santo seja guia e apoio para contemplar o rosto da misericórdia, que é Jesus Cristo.

5. Término do Ano Jubilar da Misericórdia: 20/11/2016, Cristo Rei.

• Dia de fichar a Porta Santa agradecendo o Ano da Graça.

• Dar destaque à Realeza de Cristo com bençãos de misericórdia.

• Que Ele proporcione frutos de misericórdia entre os povos.

• Dar também destaque para a bondade e a ternura de Deus.

• Que isto atraia a todos, tanto crentes como afastados de Deus.

6. Deus sempre usou de misericórdia na sua onipotência.

• Não significa fraqueza de Deus, mas qualidade na ação.

• Esse poder de Deus se manifesta no perdão e na misericórdia.

• Significa Deus próximo, providente, santo e misericordioso.

• Santo e misericordioso revelam a natureza e identidade de Deus.

• A bondade de Deus prevalece sobre o castigo e a destruição.

• Os Salmos mostram a misericórdia de Deus como realidade concreta.

• É um amor visceral, aquele que vem do íntimo mais profundo.

• Misericórdia com ternura, compaixão, indulgência e perdão.

7. No Salmo 136, por exemplo, diz: “Eterna é a sua misericórdia”.

• Isto faz a história do AT ter valor salvífico muito profundo.

• As pessoas estão sempre sob o olhar misericordioso do Pai.

• Misericórdia que teve sua força máxima na cruz de Jesus Cristo.

8. No NT, João revela que “Deus é amor” (I Jo 4,8.16).

• Toda vida de Jesus e seus relacionamentos revelam misericórdia.

• Em Jesus nada existe que seja desprovido de profunda compaixão.

• Ao povo cansado que O seguia, sentiu por ele intensa compaixão.

• Por isto, com poucos pães e peixes, saciou a fome de todos.

• O que movia Jesus, em seus atos, era apenas a misericórdia.

• Por misericórdia, chamou Mateus, que era pecador e publicano.

9. Nas parábolas do perdão, o Pai nunca se dá por vencido.

• É o caso da ovelha perdida, da moeda perdida e do Filho Pródigo.

• A misericórdia é apresentada como a força que tudo vence.

• O perdão deve ser “não até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes” (Mt 18,22).

• O perdão foi colocado em nossas mãos para alcançar serenidade.

• Tirar os ressentimentos, raiva, violência e vingança para ser feliz.

• São Paulo: “Não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4,26).

• Jesus coloca a misericórdia como ideal de vida e critério de fé: “Felizes os misericordiosos, p/q alcançarão misericórdia” (Mt 5,7).

• A misericórdia é a palavra chave para indicar o agir de Deus.

• Ela é feita com responsabilidade, exigindo de nós a mesma atitude.

10. A credibilidade da Igreja passa pela estrada da misericórdia.

• A misericórdia vai além da realização da justiça.

• A experiência do perdão hoje está cada vez mais escassa.

• Sem a experiência do perdão, a vida fica infecunda e estéril.

• Realizar a misericórdia significa ir ao essencial da vida.

• Cria coragem e faz a pessoa olhar para o futuro com esperança.

11. São João Paulo II, na “Dives in misericórdia” assinala o esquecimento do tema da misericórdia na nova cultura.

• Parece que a palavra e o conceito de misericórdia causam mal-estar.

• A Igreja vive vida autêntica quando proclama a misericórdia.

12. A Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus.

• Deve fazer com que ela chegue ao coração e à mente das pessoas.

• Deus vai ao encontro das pessoas sem excluir ninguém.

• Na nova evangelização, a misericórdia tem que ser proposta com novo entusiasmo e com uma ação pastoral renovada.

• A linguagem e os gestos da Igreja devem irradiar misericórdia.

• Onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia.

13. No Ano Jubilar devemos viver à luz da palavra do Senhor: “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).

• Para isto, temos que pôr-nos na escuta da Palavra de Deus.

• Supõe recuperar o silêncio para meditar a Palavra a nós dirigida.

14. A peregrinação faz parte do Ano Santo, caminho de realização.

• O ser humano é peregrino, que caminha para uma meta desejada.

• Ele deve peregrinar, percorrer caminho, para chegar à Porta Santa.

• Isto significa que a misericórdia é uma meta a ser alcançada.

• A peregrinação deve servir de estímulo para abraçar a misericórdia.

• Ela supõe saber perdoar os outros para também ser perdoado.

• A misericórdia assumida torna-nos compassivos uns com os outros.

15. O Ano Santo chama-nos a abrir o coração para os excluídos.

• Quanta precariedade e sofrimento encontrados no mundo atual.

• Quantas feridas graves dos sem voz no mundo da indiferença.

• Tomar atitude de consolação, misericórdia, solidariedade/atenção.

• Sem isto anestesiamos as pessoas, caindo no cinismo que destrói.

• Superemos a barreira da indiferença, da hipocrisia e do egoísmo.

• É preciso meditar sobre as obras de misericórdia corporais e espirituais para despertar nossa consciência adormecida diante dos pobres, os preferidos de Deus.

• Obras de misericórdia corporais: dar de comer aos famintos; dar de beber a quem tem sede; vestir os nus; acolher o estrangeiro; assistir aos doentes; visitar os presos; sepultar os mortos.

• Obras de misericórdia espirituais: aconselhar os duvidosos; ensinar os ignorantes; admoestar os pecadores; consolar os aflitos; perdoar as ofensas; suportar com paciência as injustiças; rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos.

• Seremos julgados pelo não cumprimento dessas obras citadas.

• São João da Cruz: “No entardecer desta vida, seremos julgados pelo amor”, ou melhor, pela falta de amor.

16. Lucas apresenta as palavras de Jesus na Sinagoga, ao ler: “O Espírito do Senhor está sobre mim...” (Is 61,1-2).

• São Paulo: “Quem se dedica a obras de misericórdia, faça-as com alegria” (Rm 12,8).

17. A Quaresma do Ano Jubilar deve ser momento forte de busca de misericórdia, refletindo o que diz o profeta sobre a misericórdia de Deus com seu povo (Miq 7,18-19).

• É bom meditar sobre o texto de Isaías quando fala da oração, do jejum e da caridade (Is 58,6-11).

• O papa fala da iniciativa “24 horas para o Senhor”, que deverá ser celebrada na sexta-feira e no sábado antes do IV Domingo da Quaresma em todas as dioceses, como momento de misericórdia.

• Os confessores sejam verdadeiros sinais da misericórdia do Pai.

• Eles devem fazer-se penitentes primeiro e acolher a todos como o pai na parábola do filho pródigo. Ir também aos afastados.

18. É intenção do papa Francisco, dentro do Ano Santo, enviar missionários da misericórdia, a cargo de cada diocese.

• Para isto, organizar nas dioceses as “missões populares”, onde os missionários da misericórdia sejam os anunciadores do perdão.

• O tempo forte deve ser a Quaresma, convidando os fieis para aproximarem-se “do trono da graça, para conseguir misericórdia e alcançar a graça” (Hb 4,16).

19. A palavra conversão é dirigida principalmente aos que vivem longe da graça de Deus pela sua conduta de vida.

• O convite é dirigido a quem participa de um grupo criminoso para que mude de vida, porque Deus condena os atos de pecado, mas acolhe o criminoso arrependido, seja qual for.

• O dinheiro conquistado a custa de violência é ilusão. Na morte, tudo fica por aí e o injusto terá que enfrentar o juízo de Deus.

• O mesmo pedido é feito para quem defende ou é cúmplice de corrupção, pecado grave que brada aos céus e mina as bases da vida pessoal e social.

• A corrupção leva a escândalos públicos e é contumácia no pecado que pretende substituir Deus com a ilusão do dinheiro como forma de poder.

• Essas atitudes devem ser combatidas com prudência, vigilância, lealdade, transparência e coragem de denúncia. Do contrário, tornamo-nos cúmplices, destruindo a vida.

• Este é o momento e o tempo da conversão para sair do caminho do mal, que é fonte apenas de ilusão e de tristeza.

20. Há relação entre justiça e misericórdia, duas dimensões de uma mesma realidade que levam à plenitude do amor.

• A bíblia fala da justiça divina, e Deus como juiz, sem legalismo.

• A justiça bíblica é concebida como abandonar-se à vontade de Deus.

• Para observância da lei é importante a fé, conforme o texto: “Ide, pois, aprender o que significa: Misericórdia eu quero, não sacrifício. De fato não é a justos que vim chamar, mas a pecadores” (Mt 9,13).

• A observância da lei não pode prejudicar pessoas, mas libertá-las.

• Diz o profeta: “Eu quero amor e não sacrifício, conhecimento de Deus e não holocaustos” (Os 6,6). É o primado da misericórdia.

• Jesus vai muito além da lei na partilha da mesa com aqueles que a lei considerava como pecadores e permite perceber até onde chega a sua misericórdia.

• Paulo diz: “Por crer em Jesus Cristo, nós também abraçamos a fé em Jesus Cristo (...) e não pela prática da lei” (Fl 2,16).

• Isto significa que Paulo coloca em primeiro lugar a fé e não a lei.

21. A misericórdia do Senhor não é contrária à justiça, mas ela exprime o comportamento de Deus para com o pecador que se arrepende.

• Oseias mostra o rosto de Deus: “O coração se comove no meu peito, as entranhas se agitam dentro de mim! Não me deixarei levar pelo calor de minha ira. Não, não destruirei Efraim! Eu sou Deus, não um ser humano, sou o santo no meio de ti, não venho com terror” (Os 11,8-9).

• Santo Agostinho diz: “É mais fácil que Deus contenha a ira do que a misericórdia”.

• A justiça, por si só, não é suficiente, porque ela pode ser destruída.

• Deus, com a misericórdia e o perdão, passa além da justiça.

• Deus não rejeita a justiça, mas a engloba e supera, quando a pessoa experimenta o amor, que está na base de uma verdadeira justiça.

• A justiça de Deus é a misericórdia concedida a todos como graça, em virtude da morte e ressurreição de Jesus Cristo.

22. O Jubileu instituído inclui também a referência à indulgência, com relevância particular neste Ano Santo da Misericórdia.

• O perdão de Deus tem dimensão infinita, que acontece através do mistério pascal de Jesus e com a mediação da Igreja.

• Todos nós somos chamados à perfeição, mas sentimos fortemente o peso do pecado, as contradições como consequência dele.

• Na confissão somos totalmente perdoados, mas permanece o cunho negativo que os pecados deixam nos nossos comportamentos.

• A misericórdia de Deus torna-se indulgência do Pai, através da Igreja, libertando também dos resíduos das consequências do pecado.

• Portanto, viver a indulgência do Ano Santo significa aproximar-se da misericórdia do Pai, na certeza de ter sido totalmente perdoado.

23. A misericórdia ultrapassa as fronteiras da Igreja e vai aos não cristãos, ao judaísmo, ao islamismo e aos ateus que se convertem.

• Ninguém pode pôr limites à misericórdia divina e suas portas estão sempre abertas, criando diálogo, eliminando formas de fechamento e desprezo e que expulse todas as formas de violência e discriminação.

24. A doçura da Mãe da Misericórdia nos acompanha no Ano Santo, descobrindo a alegria da ternura de Deus.

• Ninguém, como Maria, conheceu a profundidade do mistério de Deus feito homem, porque participou plenamente do mistério de seu amor.

• Maria foi preparada para ser a Arca da Aliança entre Deus e os homens, guardando no coração a misericórdia divina, em sintonia com seu Filho Jesus, misericórdia de geração em geração.

• Ao pé da cruz Maria foi testemunha das palavras de perdão saídas dos lábios de Jesus a quem O crucificou. Significa misericórdia sem limites e sem excluir ninguém.

25. No Ano Santo, deixemo-nos surpreender por Deus, que nunca cansa de escancarar a porta do coração para nos perdoar e acolher.

• A Igreja sente a urgência de anunciar a misericórdia de Deus no meio de uma sociedade cheia de esperanças e contradições.

• Ela é chamada a ser verdadeira testemunha da misericórdia, e nunca esgotar sua capacidade de acolher os penitentes que a procuram.

• A Igreja seja eco da Palavra de Deus, como palavra de perdão, e não deve se cansar de oferecer a misericórdia de Deus.

• Que a Igreja se faça voz de cada homem e mulher e repita com confiança e sem cessar: “Lembra-te, Senhor, do teu amor, e da tua fidelidade desde sempre” (Sl 25(24),6).

Síntese feita por

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.