João Paulo II está às vésperas de completar 25 anos de Pontificado. Uma intensa e extensa programação deverá ser cumprida, mas, os dias parecem muito longos e pesados para o Papa. Tem-se a impressão de que o "atleta" Karol Wojtyla está na "ultima volta" de um circuito cheio de curvas e meandros. De repente, seu corpo pára de lhe obedecer. E ele perde o direito à privacidade. Tem uma longa e penosa agenda a cumprir. Renunciar? Nem pensar. Esta palavra não cabe no dicionário do Papa que já manifestou o desejo de "carregar a cruz" até o fim. As pessoas no Palácio Apostólico o vêem caminhando pelos corredores, encurvado e parecendo mais velho do que a sua idade. "Ter que usar uma bengala e constatar a sua própria invalidez foi um golpe terrível para o Papa montanhista".

Os repórteres que o acompanham em suas viagens, viram seu rosto inchado pelos medicamentos que tem que tomar. Muitas vezes fala com dificuldade. O seu corpo não está acompanhando a sua mente e esse é o seu maior problema, diz um prelado no Vaticano.

Diante da deterioração de sua saúde, João Paulo II passa a vida rezando mais do que nunca. Logo que ele pára, começa a rezar, diz um veterano da Cúria. O seu dia inteiro avança na cadência da prece. Depois de se levantar, às cinco da manhã, ele reza por duas horas na capela, antes de celebrar a Missa. Ele reza contínuamente.

O Papa vive um martírio: sente que lhe faltam as forças, a mão treme, o joelho não mais obedece, um lenço sempre à mão para enxugar a saliva, as dores terríveis... a cruz parece pesada demais. A Igreja e o Mundo exigindo sempre mais dele. A agenda cheia e as forças se esvaem. Mesmo assim o Papa encontra forças para, num Consistório, criar mais 31 Cardeais, procurando dar à Igreja maior expressão de sua Catolicidade, buscando para o Sacro Colégio religiosos de várias partes do mundo.

Além da expectativa da chegada dos 25 anos de Pontificado, o Santo Padre espera, ansiosamente, beatificar a Madre Teresa de Calcutá, a Mãe dos pobres, "Vicente de Paulo" do nosso século.

Sempre considerei o nome de "Santo" acrescentado ao "Padre", não como uma forma de tratamento mas como expressão de que o Papa é verdadeiramente um "Santo Padre". E, tratando-se de João Paulo II, estou certo de que, no futuro, a Igreja estará rezando a Missa de São João Paulo II, Papa e Mártir.