ECONOMIA SOCIAL OU SOCIALISTA?

O mundo de hoje centrou suas atenções na circulação econômica. Tornou-se a essência da modernidade. Por mais sublimes que sejam os ideais, cedo ou tarde aterrissam nos valores econômicos. A distância entre o "dinheiro" do início da era cristã, e os tempos da economia global é tão imensa, que todas as considerações antigas precisam ser traduzidas para a situação de hoje. Nos dias atuais vige verdadeiramente, com exagero é verdade, o axioma: "fora da economia não há salvação". Vale dizer que o cristão não pode mais desdenhar a economia. A própria Doutrina Social da Igreja - que aproxima princípios cristãos da economia moderna - precisa passar por ajustamentos periódicos. Não é de admirar que a convivência entre os princípios cristãos e a produção de bens nem sempre tenha sido pacífica. E nunca será. As aproximações precisam ser cíclicas.

Uma das características, de que se deve revestir uma boa economia, é a de ser social. Os bens devem estar a serviço de todos. Defende-se com energia a propriedade particular, por ser o sistema que melhor se adapta à natureza livre do ser humano. Mas a posse dos bens não deve excluir ninguém. Seu justo uso por parte de todos justifica a existência do Estado, que deve fazer chegar a todos os cidadãos as benesses oriundas do dinheiro. O mal a ser evitado é o socialismo que, para se antecipar a injustiças, quer eliminar a propriedade privada; propõe um Estado totalitário que controla o processo produtivo; faz o indivíduo sumir dentro da sociedade. Pela sua natureza o homem não abre mão de sua liberdade. Mas pelo contrário, para instaurar a sociedade "justa" o governo socialista precisa intervir e obrigar. Portanto, socialismo e totalitarismo são gêmeos siameses. O curioso é que os socialistas, atribuindo-se glórias fantasiosas, ainda hoje se consideram o "modelo vitorioso" de todas as melhorias sociais. Esquecem-se de seus fracassos históricos, e procuram apresentar como vitoriosos os socialismos magistralmente maquiados. Na Igreja ainda se encontram socialistas que classificam seus irmãos de fé, não por sua fidelidade ao evangelho, mas por sua adesão ao socialismo. Sob este ângulo se olha a adesão ou não, à teologia da libertação, às CEBs, às lutas sociais...Não esqueçamos que o motor do socialismo é a ideologia e não a caridade de Cristo. As Escrituras ensinam que "o cumprimento da lei é o amor" (Rom 13, 10).

Dom Aloísio Roque Oppermann scj - Administrador Apostólico.
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