Capítulo II: OS APÓSTOLOS E A PROPAGAÇÃO DA IGREJA

É importante observarmos que Cristo para fundar a sua Igreja agiu por etapas preparando-a gradualmente durante os três anos de sua vida pública. Primeiro. Ele chama cada um de seus doze apóstolos para sua companhia e a partir de então começa a instruí-los para a grande missão que os aguardava. Também com eles estavam um grupo de 72 discípulos e algumas mulheres que passaram a acompanha-lo entre elas Maria, sua mãe.

Em Caná da Galiléia Jesus opera seu primeiro milagre, a pedido de sua mãe, em um casamento onde transforma água em vinho. Ali Ele manifesta a seus discípulos Depois durante três anos Jesus percorre toda aquela região da Judéia e da Galiléia ensinando, curando e fazendo o bem. Depois, promete o primado a Pedro (até então Simão Filho de Jonas) da Igreja que edificaria após este ter reconhecido como o "Filho de Deus" diante dos demais apóstolos (Mt 16, 13-20).. mais tarde após a sua morte e ressurreição Jesus ainda permanece por 40 dias aparecendo aos apóstolos e preparando-os para a grande missão. Numa dessa ocasiões Ele confirma o primado a Pedro: a chefia do rebanho na terra. Indicado pelo próprio Cristo, Pedro tornava-se assim o primeiro Papa.

Após sua Ascensão aos céus (Cf Atos 1, 9-11) os Apóstolos e discípulos retornam ao cenáculo de Jerusalém onde permanecem em oração, juntamente com a Virgem Maria, durante nove dias conforme o Senhor lhes tinha ordenado. Ao fim desses dias, quando chega o dia de Pentecostes, o Espírito Santo desce sobre os apóstolos e a Virgem Maria reunidos no Cenáculo de Jerusalém, sob formas de línguas de fogo. Pedro e os demais apóstolos saem do Cenáculo e iniciam a pregação proclamando  que se iniciava o reino de Deus. Aquele  discurso resultou na conversão de cerca de 3.000 Judeus. A festa de Pentecostes era conhecida como a "Festa da Colheita" e para ela vinham Judeus espalhados por todo o mundo da época. E quando os apóstolos estavam pregando cada qual ouvia em sua própria língua a mensagem da pregação. Ali nascia a Igreja de Cristo. A Igreja que durante três anos ele preparara e que agora surgia com a Vinda do espírito Santo sobre os apóstolos e Maria no cenáculo. A Boa Nova da salvação começava a ser anunciada a todos os povos com os apóstolos.

Em seus primeiros dias a Igreja começa a desabrochar entre os Judeus. No livro dos Atos dos Apóstolos vemos a Igreja era movida pelo Espírito Santo, de sorte que o número de fiéis aumentava a cada dia (At 2, 47). Todos levavam uma vida fraterna, com desapego de seus bens, como se fossem um só coração e uma só alma (At 4, 32).

No começo, todos freqüentavam o templo de Jerusalém, participando da oração dos Judeus e observando ainda os costumes israelitas; porém nas casas particulares eles "partiam o pão", ou seja, celebravam a Eucaristia conforme lhes mandara o Senhor na última ceia:  "Fazei isto para celebrar a minha memória" (Lc 22, 19)  Como podemos observar os primeiros convertidos mesclavam ainda o judaísmo com a nova fé. A medida que a Igreja crescia. E a celebração se organizava, eles iam abraçando-a e os velhos costumes do Judaísmo eram abandonados. Aos olhos de todos, parecia ser um ramo dissidente do Judaísmo oficial, o que lhes valeu perseguições da parte das autoridades Judaicas (Cf Atos 4, 1-31). As primeiras perseguições, no entanto serviram para reforçar a fé de todos na nova doutrina espalhada pelos apóstolos uma vez que o próprio Jesus prometera a cruz para quem o seguisse (Mt 10, 38). E quando as primeiras perseguições impostas pelos judeus começaram os fiéis e discípulos creram ainda mais, A Igreja começava a se solidificar na terra.

A primeira perseguições dos judeus visavam destruir a Igreja nascente. Os apóstolos, enviados de dois a dois, operavam milagres e muitos se convertiam. Pedro e João curam um homem na porta do templo de Jerusalém e por isso foram presos e levados ao tribunal acusados de falarem em nome de Jesus. Pouco depois Pedro e o apóstolo João foram novamente presos e depois soltos (At 5, 12-42)

Ainda em seus primeiros dias os apóstolos escolheram sete diáconos para ajudarem no serviço do templo. Um deles, Estêvão, torna-se o primeiro mártir ao morrer apedrejado fora da cidade de Jerusalém. Depois uma grande perseguição contra a comunidade de Jerusalém foi movida pelos judeus e eles se dispersaram pela Judéia e pela Samaria. Apenas os apóstolos permaneceram em Jerusalém.. Com isso a Igreja também se espalha pela Judéia, Galiléia e  Samaria. Mais tarde Saulo de Tarso, um judeu oficial do exército romano, se converte a caminho de Damasco, na Síria, quando ia combater os cristãos de lá. De  perseguidor da Igreja passa a apóstolo de Jesus após receber ordens divinas para ir juntar-se aos outros em Jerusalém. Acolhido com reservas pelos apóstolos a princípio,  Saulo passa a ser chamado Paulo. Ele e Pedro serão as duas colunas principais que sustentarão a Igreja em sua fase difícil. Pouco depois Pedro é novamente preso e é libertado por um anjo. O apóstolo Tiago, irmão de João é preso por Herodes Agripa I, neto do velho Herodes, o Grande, e em seguida executado. Pedro se abre aos não judeus (gentios) e o Evangelho é anunciado a estes. Pedro, funda a sé episcopal de Antioquia na Síria quando por lá esteve. Lá pela primeira vez os seguidores de Cristo foram chamados de cristãos. (At 11, 25)

No ano 49 realizou-se o Concílio Apostólico de Jerusalém. Muitos judeus convertidos achavam que os gentios convertidos deveriam seguir os costumes e os modos de viver dos judeus.. No entanto, São Pedro e os demais apóstolos neste Concílio de Jerusalém, dão aos novos convertidos a liberdade de viverem segundo os seus próprios costumes. ( Cf. Atos 15, 1-28)

Os apóstolos Pedro e Paulo se estabelecem em Roma, capital do Império Romano, de onde a difusão da fé é facilitada. Durante suas viagens apostólicas, São Paulo  escreve 14 epístolas (cartas) para as igrejas por onde passou e para algumas pessoas de destaque na Igreja como os bispos Timóteo e Tito. Suas 14 cartas foram: uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma  aos Filipenses, outra aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, uma a Tito e uma a Filêmon. O apóstolo Pedro escreve duas epístolas a toda a Igreja. Os apóstolos Tiago e Judas escreveram uma cada e São João Evangelista escreve três cartas à Igreja da Ásia Menor .

Sabemos que os apóstolos se espalharam depois levando o Evangelho a todos os lugares conforme a vontade e ordem de Jesus. Mas exatamente para onde foram não se pode afirmar. Contudo, segundo a tradição conta-se que o apóstolo Tomé levou o Evangelho a Índia. Marcos teria ido para o Egito onde pregou. André teria sido o que levou a Boa Nova para a região interior onde hoje é a Rússia. Simão e Judas Tadeu foram para a Pérsia onde foram martirizados. São João  Evangelista se estabeleceu em Éfeso que se tornou seu centro de evangelização tendo ele morrido por lá.

Da mesma forma que os judeus, o Império Romano começa sua perseguição à Igreja. No ano 64 o imperador Nero empreende a primeira perseguição aos cristãos tendo mandado matar um grande número deles. Os apóstolos Pedro e Paulo, presos em Roma, são executado no ano 67. Pedro é  crucificado de cabeça para baixo enquanto Paulo foi decapitado. Tudo a mando de Nero. Sabe-se que todos os apóstolos, à exceção de João Evangelista foram martirizados. João morre em idade bem avançada por volta do ano 102, em Éfeso, na Ásia Menor.

Os judeus dificultaram a ação do cristianismo até por volta do ano 70. Contudo, a partir do ano 66 uma revolta dos judeus contra a dominação romana começou em Israel e se estendeu pelos quatro anos seguintes sob forma de guerra de libertação de Israel do domínio romano. Essa guerra só terminou no ano 70 com a derrota dos judeus e a destruição de Jerusalém ordenada pelo então Imperador  Vespasiano. Seu filho Tito, que seria o imperador em seguida, comanda a destruição de Jerusalém. Os  judeus foram expulsos da palestina pelos romanos e o Sinédrio (Grande Conselho de Anciãos de Jerusalém, perante o qual Jesus fora julgado) foi forçado a encerrar suas atividades. Os judeus, derrotados, foram obrigados a se dispersarem pelo mundo, agora sem pátria. Jerusalém fica arrasada e agora sob controle total de Roma. (*)

O Apóstolo João Evangelista quando preso na ilha de Patmos escreve o livro do Apocalipse. Mais tarde ele morre bastante idoso em Éfeso, na Ásia Menor, por volta do ano 102. Nesta época a Igreja já estava com seu quarto Papa que era Clemente Romano. Com o desaparecimento de João, o discípulo amado de Jesus, cessa o período da Igreja chamado de "Igreja Apostólica".

 

(*) Os judeus depois da dispersão com a destruição de Jerusalém, ficariam espalhados pelo mundo por quase dois mil anos. Somente dois mil anos mais tarde, no século XX, os judeus teriam novamente sua pátria de volta e, tal qual um novo êxodo, convergiram, novamente para a sua Terra Prometida que era o Estado de Israel, criado pela O.N.U., em 14 de maio de 1948.