Capítulo VI: AS HERESIAS ATÉ O SÉCULO V:

Vejamos agora as principais heresias que a Igreja enfrentou até meados do século V, seus autores, o que elas ensinavam e como foram combatidas.

No princípio surgiram aquelas heresias que já vimos antes como o ebionismo, o gnosticismo, o simonismo, cerinto, o Marcionismo, etc....... vejamos agora, a partir do século II, as principais heresias que atormentaram o Cristianismo:

1) Montanismo: seu autor, Montano, era um Frígio que, juntamente com duas mulheres, Maximila e Priscila, pregavam a exaltação do profetismo e da virgindade. Ele mesmo dizia ter recebido o dom da profecia. Sua doutrina foi condenada pelo Papa Eleutério (175-189).

2) Docetismo: Simão Magno era seu autor e afirmava que as narrativas evangélicas eram ficção e que Cristo tinha apenas aparência de um homem. O docetismo foi combatido ainda nos tempos de São João apóstolo.

3) Monarquismo: Essa heresias se desdobrou em duas com Noeto de Esmirna: o Modalismo ou Patripacianismo, que afirmava que Deus é um só que assume a modalidade do filho e morre na cruz, como uma representação. Foi condenada pelo Papa Zeferino (192-217) que numa declaração oficial afirmou a Divindade de Cristo e a unidade de essência na diversidade de pessoas: Pai e Filho.

A outra versão do monarquismo era o Dinamismo ou Adopcianismo defendidos por Teódoto de Bizâncio e Paulo de Samosata que afirmavam que Deus é um só e que o Filho é a  virtude do Pai. Diziam que Jesus foi revestido de poder divino no Batismo e que foi um homem adotado por Deus como filho com intensidade especial. Teódoto foi excomungado pelo Papa São Vítor no ano 190, enquanto Paulo de Samosata foi excomungado  num Concílio Regional em Antioquia em 268.

4) Arianismo: Surgiu com o Bispo Ário desenvolvendo-se no Egito, Ásia Menor, Palestina e teve também focos no ocidente. Foi uma das mais terríveis heresias! Afirmava que Cristo, o Filho, é criatura do pai e em virtude disto poderia ser chamado de Filho de Deus porém ele não possuía a mesma natureza de Deus, ou seja: negava a natureza divina de Jesus. Essa heresia, bem com o bispo Ario foi condenada no Concílio de Nicéia, em 325, no qual compareceram 300 bispos, entre eles dois representantes do Papa Silvestre I . Nesse concílio sobressai-se a figura de Santo Atanásio, um dos grandes padres da igreja que já estudamos. Os  Padres conciliares redigiram então o símbolo de Nicéia: "Deus de Deus, luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado e não criado, consubstancial ao pai; por ele foram criadas todas as coisas".

5) Macedonismo: criado por Macedônio, bispo seguidor do Arianismo em Constantinopla. Quem julgava ser o Filho criatura do Pai, tinha o Espírito Santo como criatura do filho, apenas como um Espírito servidor. O bispo Macedônio e  seus seguidores foi condenado no Concílio de Constantinopla I ( 381) onde se retoma o 3º artigo do credo "Cremos no Espírito Santo", Senhor que dá vida, e que procede do Pai e do Filho, é adorado e glorificado juntamente com o Pai e o Filho, Ele que falou pelos profetas.

O Bispo Macedônio, mesmo antes do Concílio de 381, já tinha sido deposto em 360, da sede de Constantinopla.

6) Apolinarismo: Deu-se com o bispo Apolinário, na Síria, Ásia Menor e Laodicéia. Afirmava que em Cristo faltava a alma humana. Logo ele não teria vontade humana, foram condenadas num sínodo em Alexandria (Egito) em 362, pelo Papa São Dâmaso em 377 e 382 e pelo Concílio de Constantinopla I em 381.

7) Nestorianismo: Surgiu com o bispo Nestório de Constantinopla que afirmava que em Cristo haviam duas pessoas e duas naturezas juntas, sendo uma divina e outra humana unidas entre si por um laço afetivo ou moral. Com isso Maria, segundo Nestório, era mãe apenas de Jesus enquanto homem e não como Deus. Foi convocado o Concílio Ecumênico de Éfeso em 431 no qual foi proclamado que Jesus é verdadeiro homem e Deus e que Maria gerou segundo a carne do verbo Divino Maria é proclamada solenemente neste concílio é como a Mãe de Deus.

8) Monofisismo: Surgiu com Eutiques, arquimandrita de Constantinopla a se espalhou pela Síria, Mesopotâmia e Abissínia, na África. Essa heresia era totalmente oposta ao nestorianismo que afirmava haver em Jesus duas pessoas e duas naturezas. Esta heresia afirmava que havia em Jesus uma só natureza e uma só pessoa: a Divina. Não havia a pessoa e a natureza humana que foram absorvidas pela pessoa e natureza divina do verbo. Assim em Jesus só havia a vontade divina. Eutiques foi condenado como herege pelo sínodo de Constantinopla em 448 e pelo Concílio de Calcedônia (451) onde ficou determinado que em Jesus há uma pessoa com duas natureza distintas:: a humana e a divina. Essas duas naturezas, não confusas, não divididas, não separadas, pois a união das naturezas não suprimiu as diferenças, mas antes, cada uma das naturezas conservou as suas propriedades e se uniu com outrora numa única Pessoa e numa única Hipostásias.

Até o Monofisismo vimos como a Igreja, até meados do século V, teve de lutar para salvaguardar a fé apostólica. Nesses embates pela defesa da fé e do cristianismo brilharam a figura dos santos padres, de vários papas e dos grandes sínodos e concílios. Entre os Concílio desse tempo podemos destacar:

Nicéia - 325 - que combateu a heresia de Ário (o arianismo).

Constantinopla I - em 381 - que combateu o Macedonismo.

Éfeso - em 431 - que combateu o Nestorianismo e proclamou Maria como Mãe de Deus.

Calcedônia - em 451 - que condenou o Monofisismo.