Estamos no "admirável mundo novo", com suas glórias e mazelas. Talvez todos tenhamos preferência em encará-lo de maneira otimista, fazendo de conta que não vemos as regiões obscuras, mas constantemente mantendo o foco em cima das vitórias da humanidade. Isso até pode ser bom para nossa saúde psíquica. É melhor ser um vitorioso do que um perdedor.Para nós cristãos nem sempre as notícias são muito boas, pois amargamos revezes diversos. Somos desafiados sempre a defender a necessidade de expressar em público as nossas convicções. Os princípios cristãos, em outras épocas, foram objeto de intensas lutas para serem conquistados. Assim, não foi de graça que obtivemos o direito de praticar o culto em público; construir igrejas; expor símbolos religiosos nas praças; ter ensino religioso nas escolas; estabelecer o domingo como dia santo de guarda;  consolidar o casamento monogâmico; defender as crianças contra o aborto...Isso não se solidificou (através de vários séculos) para fazer demonstração de poder. Foi para facilitar a vontade dos pusilânimes, a seguir os princípios cristãos. Foi para criar ambiente para a prática do bem.

Sem nos entregar a inúteis lamúrias, há grupos modernos que nos querem arrancar das mãos certas bandeiras vitoriosas. Assim, querem nos convencer de que o crucifixo em lugares públicos, é uma ofensa aos não cristãos. O ensino religioso, que pretende ensinar à juventude o caminho do bem, é classificado como contrário à laicidade do Estado. (Sim, ele deve ser laico, mas não precisa ser ateu). Sinto por parte dos defensores do desmonte total da influência cristã, uma contradição. Os mesmos que lutam contra os símbolos cristãos, e propugnam por uma vida pública, totalmente desvestida de sentimentos religiosos, são os que, na sua maioria, se ausentam das cidades, nos feriadões religiosos, e migram para os sítios, para as grandes viagens, e se autocontemplam com generosas churrascadas. Ninguém os vai encontrar jejuando na sexta-feira santa, ou acompanhando a procissão de Corpus Christi. Estão usufruindo de uma conquista alcançada pelos cristãos. Não serei eu quem os vai proibir de fazê-lo. Mas reivindico que ponham mais lógica no seu procedimento.

 

Dom Aloísio Roque Oppermann scj - Administrador Apostólico, Uberaba

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