Com a queda do império Romano em 476, os bárbaros hérulos se estabelecem em Roma e se tornam os senhores da situação tendo seu chefe, Odoacro, se tornado rei da Itália e reconhecido pelo Imperador Zenão, do Oriente. Os hérulos, porém não permaneceram muito tempo como senhores de Roma e de toda a Itália porque um outro povo bárbaro investiu contra eles alguns anos depois com o mesmo intento de conquistar Roma e conseqüentemente a Itália. Esse povo bárbaro era os Ostrogodos.

Enquanto o Imperador Romano caía e os Hérulos se estabeleciam na Itália, os Ostrogodos fundaram seu reino às margens do Rio Danúbio. Seu rei, Teodorico, era um homem audaz e ambicioso que passara sua juventude na corte de Constantinopla e era um administrador da cultura romana. Era cristão mas aderira ao arianismo que já fora condenado pela Igreja. Mesmo assim demonstrava respeitar a fé dos católicos e o papa.

Depois de organizar um exército poderoso com cerca de cinqüenta mil guerreiros, Teodorico decidiu descer em direção à Itália e conquistá-la no ano de 488. Assim avançou ele e seu exército de guerreiros seguido por suas famílias em direção à península itálica. Ante esse avanço dos Ostrogodos, os hérulos juntamente com seu rei Odoacro (aquele que destronara Rômulo Augústulo, o último imperador romano) se refugiaram em Ravena, onde resistiram durante três anos aos Ostrogodos. Em  491 Odoacro finalmente se rende e Teodorico, depois de  matá-lo se auto proclama rei de toda Itália. Funda, assim, o reino ostrogodos na Itália onde antes existira o Império Romano. A Igreja teme o pior com a chegada de Teodorico. O próprio imperador do Oriente, Anastácio, que sucedera a Zenão em 491, não se move contra Teodorico receando, também o pior para os cristãos.

O Papa Félix II se mostra importante diante do novo conquistador. Contudo, Teodorico, um ariano convicto, demonstra respeito pelo pontífice e deixa em paz a Igreja. Transcorre-se um tempo de paz para a Igreja, ainda que momentâneo, sob o rei ostrogodo, Teodorico.

Nesse curto período de paz a Igreja vê algumas conversões importantes ocorrerem entre os bárbaros como a de Clóvis rei dos francos em 496, e de Sigismundo, rei dos borgúndios. Cada um desses soberanos mandavam presentes para a Igreja de Roma: Sigismundo envia objetos de ouro. Clóvis mandou uma coroa de puríssimo ouro enquanto o imperador de Bizâncio (como agora era chamado o antigo Império Romano do Oriente) Justino, enviou vasos de ouro e prata além de vários objetos preciosos, embora este já fosse cristão. O tesouro de São Pedro em Roma se enriquece desta maneira com suas primeiras obras. Contudo, para o Papa e toda a Igreja, a conversão desses reis e seu apoio era mais precioso dos tesouros que eles mandavam porque suas conversões significavam paz para os cristãos e o fim de perseguições que antes haviam em seus reinos.

Um novo tempo difícil para a Igreja estava para chegar. Em 524 o Imperador Justino, de Bizâncio, publicou um edito pelo qual ordenava o fechamento de todos os templos arianos de Constantinopla. Também decretava a exclusão dos arianos de todas as funções civis e militares do império. Na Itália, a notícia da publicação deste edito provoca a fúria do rei Teodorico, um ariano convicto. Em contrapartida começa ameaçar a todos aqueles que tocarem nos arianos. Diz: "matarei dez cristãos católicos para cada ariano que o imperador Justino ousar maltratar". Não se contendo apenas com a ameaça, Teodorico resolve passar logo à ação e manda seus soldados destruírem o oratório de Santo Estêvão em Verona. Foi então que o grande filósofo cristão, Severino Boécio, tenta intervir em favor da Igreja junto a Teodorico: "Senhor, não te macules com atrozes delitos"... Em vão Boécio tenta fazer o soberano voltar à razão. Teodorico reage violentamente ao filósofo e manda prendê-lo. Severino Boécio é condenado à morte por se levantar em defesa da Igreja.

No ano seguinte, 525, Teodorico convoca o papa pedindo que este se apresente à sua corte. Apesar dos apelos dos bispos para que não vá, o Papa João I se reúne com Teodorico na esperança de obter dele um tratamento condigno para os católicos. Infelizmente o papa se dá conta de que não deve esperar muito se Teodorico pois este, ensandecido, fala duramente ao papa e lhe pede que parta para Constantinopla a fim de convencer o imperador Justino a que respeite os arianos. No final faz uma dura advertência ao pontífice: "Cuidado! se não obtiveres êxito em sua missão destruirei tuas igrejas e passarei os católicos à fio de espada".

O Papa João I, esperando acalmar Teodorico, se faz ao mar em direção à Constantinopla acompanhado de cinco bispos e quatro senadores das melhores famílias de Roma, em outubro de 525. Chega à capital de Bizâncio antes da festa de natal, em 22 dezembro. O natal daquele ano em Constantinopla será celbrado por ele. Em suas mãos está o destino da Igreja ameaçada pelo rei ostrogodo.

Em Constantinopla o Imperador Justino recebe o papa com as maiores honras caindo-lhe de joelhos e pedindo a bênção. Depois ele tira a coroa da cabeça e a entrega ao pontífice pedindo-lhe que o coroe. Toda a corte ali reunida se ajoelha naquele momento. O mesmo acontece fora do palácio imperial com a população de cerca de quinze mil pessoas que empunhava bandeiras e velas para saudar o chefe da Igreja. O papa então pede que o Imperador Justino contemporize com os arianos a fim de proteger os católicos da ira de Teodorico. Depois de receber a promessa de Justino, o Papa João I permanece com ele e celebra o natal daquele ano na corte de Constantinopla.

Depois do natal  o papa regressa a Roma para se avistar com o irado Teodorico. Este não se dá por satisfeito com a missão de João I e tão logo o papa entra em Ravena, onde ficava a corte do rei ostrogodo, Teodorico manda prendê-lo e lança-o no cárcere onde o papa acabará morrendo de fome. Da mesma forma os cincos bispos que haviam acompanhado o papa a Constantinopla são presos e jogados no cárcere para morrerem de fome, como o papa João I. Este pontífice seria mais tarde canonizado como santo da Igreja e elevado à honra dos altares.

Teodorico enlouquece de vez e pouco depois, atormentado por visões do papa falecido e do filósofo Boécio em toda parte, morre repentinamente em 30 de agosto de 526. Seu desaparecimento trouxe de volta a paz para toda a Igreja que tanto sofrera sob seu domínio.