Desde o seu início a Igreja tinha o costume de utilizar imagens no culto. Os primeiros cristãos as usavam no culto, nos cemitérios e nas catacumbas. As primeiras imagens eram inspiradas nos textos bíblicos como cordeiro, o bom Pastor, pomba, o peixe, âncora, Daniel, Moisés, e representavam também a Virgem Maria os santos apóstolos e mártires. Todos sabiam que no livro do êxodo (20, 4) a proibição de se fazer imagens era contigente por causa do perigo de idolatria que havia ameaçando Israel. Contudo o próprio Deus mandara fazer dois querubins e colocá-los uma de cada lado da arca (confere Êxodo 25, 17-20) depois que esse perigo havia cessado.

Por isso desde o início da arquitetura sacra as igrejas eram enriquecidas com imagens tanto a título de ornamentação como a título de instrução para os que não podiam ler. No século IV surgiu uma voz contrária a essas imagens. Mas no Concílio regional de Elvira (306) o papa São Gregório Magno escreveu uma carta ao bispo Severo, de Marselha, que determinara destruir as imagens por causa do perigo de falso culto. Nesta carta o papa dizia: "Não se quebre as imagens. Elas não foram colocadas nas igrejas para serem adoradas, mas apenas para instruir as mentes dos mais simples". A partir então o uso das imagens foi se ampliando na Igreja, especialmente no Oriente onde os monges e os fiéis muito as apreciavam. Todavia, no século VIII acendeu-se uma controvérsia sobre as mesmas que acabou durando mais de um século, salvo uma breve pausa. Essa controvérsia deu ocasião a uma violência de toda espécie.

Toda essa confusão começou quando o imperador de Bizâncio (o Império do Oriente) decidiu seguir o exemplo dos muçulmanos depois que o Califa Yezid mandou destruir todas as imagens de seu reino. Maomé não proibira o uso de imagens mas seus sucessores o fizeram. Dessa forma, essa proibição do califa provocou entre os cristãos um movimento iconoclasta, que se espalhou e chegou até ao imperador Leão III, o Isáurico. Este, querendo a unidade política e religiosa no Oriente decidiu subordinar ao seu poder a Igreja e em particular os monges que ele considerava sempre ciosos da liberdade. Por isso Leão III, no ano de 726, investiu contra o uso das imagens não apenas por palavras mas por atitudes violentas.

No começo, Leão Isáurico, procurou o apoio do Patriarca Germano, de Constantinopla, mas este lhe resistiu. Em seguida escreveu ao Papa Gregório II pedindo apoio contra o uso das imagens e ameaçou depô-lo caso este defendesse o uso das imagens O Papa Gregório II escreveu duas cartas ao exaltado imperador. Condenando-lhe a conduta e dizendo que a questão das imagens era um assunto pertencente à Igreja e não era de sua competência. A situação ficou tensa entre a Igreja e o Imperador Leão III, de Constantinopla. Em seguida o papa escapou de um atentado preparado pelos funcionários do Imperador. A população da Itália e da Grécia se revoltaram contra Leão Isáurico e levantaram-se em armas contra Constantinopla. Contudo foram derrotados pelo exército do imperador.

No ano de 730, o Imperador Leão Isáurico depôs o Patriarca Germano de Constantinopla e conseguiu, de forma irregular,  a eleição de Anastácio para o patriarcado. Anastácio era um iconoclastas. Este logo publicou um edito contra as santas imagens. Clérigos, monges, monjas e fiéis que reagiram foram decapitados e mutilados nessa perseguição.

Em 731, o papa seguinte, Gregório III convocou um sínodo em Roma onde a Igreja reagiu punindo com a excomunhão quem atentasse contra as imagens dos santos e da Virgem Maria. Essa decisão provocou a fúria de Leão Isáurico que, exasperado enviou uma frota em direção à Itália a fim de ocupar Roma militarmente e prender o papa. Mas a soberba e o ódio do imperador Leão III Isáurico de nada lhe valeram pois ele sofreu a mais dura das derrotas: uma violenta tempestade destroça seus navios de guerra no Mar Adriático em 732, afundando-os e com eles a esperança do imperador de Bizâncio de dominar a Igreja.

O filho de Leão Isáurico, Constantino V, subiu ao trono de Bizâncio em 741 disposto a reacender a questão iconoclastas. Para isso convocou um concílio irregular em 754, em Constantinopla, para tratar da questão e aprovar um tratado de índole iconoclasta, de sua autoria. Para esse Concílio não foram os representantes do papa e nem os patriarcas orientais. Declarou o culto e o uso das imagens como obras de Satã e portanto nova idolatria. Como o Concílio não era legítimo foi excomungado em 769 pelo Papa Estêvão III. Como conseqüência, a reação do Imperador Constantino V foi enérgica e a perseguição aos católicos foi bárbara: em todas as igrejas as imagens foram removidas ou substituídas por motivos profanos como árvores ou pássaros, os monges eram quase os únicos a pôr resistência e por isso muitos mosteiros foram destruídos ou transformados em quartéis e arsenais, etc... fez-se de tudo para tornar a vida monástica odiosa aos cristãos: foi proibido o uso do hábito monástico, os iconoclastas procuravam seduzir os monges para prevaricações com mulheres, muitos deles foram torturados, ficaram cegos, tiveram as barbas queimadas, os cabelos arrancados, etc... A situação ficou comparável à dos piores dias do paganismo.

Finalmente, depois de tanta perseguição, o Imperador Constantino V morreu em 775 recomendando-se à proteção da Mãe de Deus da qual fora adversário e tanto perseguira. Seu filho Leão IV o sucedeu e mostrou-se mais tolerante que seu pai. Contudo não revogou os decretos iconoclastas de Constantino V. Depois de um breve reinado, Leão IV morre em 780 sucedendo-lhe a Imperatriz Irene, sua esposa, como regente de seu filho Constantino VI.

A Imperatriz Irene era mulher piedosa, amiga das imagens e dos monges, embora muito ambiciosa. Permitiu a restauração das imagens e a conselho dos Patriarcas Paulo e Tarásio de Constantinopla, e também de acordo com o Papa Adriano, convocou um Concílio Ecumênico que se reuniu em Nicéia em 787 com a presença de dois legados papais. Este foi o sétimo Concílio Ecumênico e o segundo em Nicéia. Nesse concílio foram rejeitadas as proposições do falso concílio de 754 convocado na época de Constantino V, em Constantinopla. Ficou decidido que a intercessão dos santos e o título "A Mãe de Deus" estavam reabilitados. Ficou decidido também que, pela Sagrada Tradição, às imagens de Cristo, da Virgem Maria, dos anjos e dos santos convém uma veneração honorífica com lamparinas, incenso, inclinações, etc. ... Trata-se de uma veneração que recaías sobre a pessoa ali representada. Ressaltava, no entanto, que a adoração verdadeira competia somente a Deus.

A última sessão desse concílio foi realizada não em Nicéia, mas em Constantinopla, na presença da Imperatriz Irene e de seu filho menor, Constantino VI, que assinaram a definição conciliar pondo um fim na questão iconoclastas. Acabava-se assim um período de disputas e perseguição à Igreja e a devoção dos fiéis através do uso das imagens estava assegurada. O Iconoclasmo voltaria à tona no século seguinte sob o Imperador Leão V  apenas por algum tempo.