Dois dias depois do julgamento, ocorreu um acontecimento de enorme importância para todo o Ocidente cristão: na noite de natal de 800, o Papa Leão III coroa Carlos Magno na basílica de São Pedro, como Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Ao coroá-lo o papa diz: "A Carlos Magno, coroado pela vontade de Deus, o grande e pacífico imperador romano, vida e vitória". Essa cerimônia pareceu aos olhos de todos preparada e previamente combinada. Não foi por acaso. Sendo Carlos um homem que jamais permitiria que lhe impusessem um acontecimento de tamanha envergadura, tudo leva a crer que ele estava a par de tudo com antecedência.

Esse acontecimento naquela noite de natal de 800 fazia nascer o Sacro Império Romano Germânico. Trata-se de uma realidade imaginada e posta em prática visando unir toda Europa cristã através de um poder político obediente à Igreja. O novo império era formado pelo Papado, a Itália, a França e Alemanha. O novo título implicava para Carlos Magno um aumento de autoridade moral e política diante dos demais reis da Europa e uma dignidade religiosa que confirmava a sua função de proteger a Igreja e toda a cristandade.

Carlos exerceu um bom governo a partir de então. Muito se interessou pela formação do clero, incentivou o canto religioso e as solenes comemorações, exortava os bispos e sacerdotes ao cumprimento de seus deveres e exigia dos leigos que pelo menos soubessem rezar o Pai Nosso e o Credo.

Em síntese, Carlos Magno foi um herói cristão, que teve suas fraquezas, mas a quem a posteridade teve de reconhecer o mérito de haver tentado criar um Ocidente cristão e de ter protegido a Igreja.