Teu amigo é tua necessidade saciada.
É o campo em que semeias com amor,
e do qual recolhes agradecido.
Ele é tua mesa e tua morada,
porque, quando faminto,
tu te refugias nele,
e nele buscas a paz.
Se teu amigo te confia o que te preocupa,
não deixa de fazer o mesmo com ele.
Quando ele se calar,
teu coração continuará a ouvi-lo,
porque, na amizade,
os pensamentos, dos desejos, as esperanças
nascem silenciosamente
e são partilhados com alegria.
Se é inevitável separar-te do amigo,
não sofras por isso,
uma vez que a ausência dele
te faz descobrir o que nele é mais amável.
E que esta amizade
vise apenas abrir um ao outro o próprio coração.
Partilha as alegrias,
sorrindo com a afabilidade do amigo,
porque é no orvalho das pequeninas coisas
que o coração descobre o amanhecer
E é o que lhe basta.
Jamais se acaba de construir o edifício da amizade.
Ela é como uma casa que cai em pedaços se, cada manhã,
Não se recomeça a construí-la.
Toda vez que o sol desponta,
é mister amar o amigo
com um amor novo,
olhá-lo com uma atenção nova,
perdoá-lo com nova compreensão.
Para continuar sintonizado com ele
é preciso transformar-se
e escancarar as janelas da alma,
a fim de que o vento sopre, para bem longe,
as coisas rotineiras.