O dízimo é sinal de gratidão, devolução generosa, partilha consciente e contribuição responsável.

Podemos afirmar que o dízimo é Sinal de Gratidão quando fazemos dele uma expressão de reconhecimento ao Deus que dá a vida e a mantém. Quando oferecido de coração agradecido, torna-se oração de ação de graça.

O dízimo é Devolução quando fazemos dele uma das expressões de nosso louvor ao Deus que é, em tudo, bondade e misericórdia. Oferecido com generosidade, torna-se devolução a Deus do que a Deus pertence.

É Partilha quando fazemos dele uma expressão de nossa comunhão com Deus e com a comunidade. O dízimo, quando oferecido com consciência, torna-se partilha que gera fraternidade.

Podemos também afirmar que o dízimo é Contribuição quando fazemos dele uma expressão espontânea e responsável de nossa participação na vida de uma comunidade de fé. Quando oferecido com fé, torna-se instrumento de construção da comunidade e, conseqüentemente, meio privilegiado de evangelização.

Dízimo sem fé não é dizimo: é pagamento. E a Igreja não é um supermercado de graças onde os cristãos negociam com Deus. Deus não vende nada: Ele oferece tudo gratuitamente. Dízimo e fé são inseparáveis. Quem "paga" o dízimo age como se deus pudesse ser comprado; quem devolve o dízimo oferece a Deus um pouco do tudo que a Deus pertence.

O DÍZIMO E A COMUNIDADE

Deus recebe o dízimo através da comunidade. Tudo pertence a Ele. Ele é o dono; nós, os usuários. Ele não precisa de nada para Ele, mas precisa para a Sua comunidade (Igreja). Todo dízimo oferecido à comunidade é dízimo oferecido a Deus. Quando afirmamos que Deus recebe o dízimo através da Sua comunidade estamos nos referindo à Igreja e, mais especificamente, À comunidade paroquial (matriz e capelas) e à comunidade diocesana (diocese).

O dízimo, repassado pelas paróquias à diocese, permite que ela organize e faça acontecer ação pastoral em nível diocesano. Da formação dos futuros presbíteros, passando pela capacitação dos cristãos leigos e leigas, até a manutenção dos órgãos burocráticos, o dízimo possibilita que a diocese evangelize tanto organizando e administrando como formando e capacitando os cristãos. Permite que a comunidade paroquial exista, se mantenha e cumpra com aquela que é a sua tarefa prioritária: a evangelização. Sem o dízimo, a estrutura que possibilita a ação evangelizadora fica comprometida, quando não seriamente danifica ou até mesmo impossibilitada de alcançar o seu objetivo.

O responsável pela comunidade paroquial é o Bispo, que delega parte de seu poder (= autoridade = serviço) ao pároco. Eles - Bispos e presbíteros - são os responsáveis e não os donos da comunidade. O dono é Jesus. A comunidade, porém, é formada por todos os batizados eu estão em sua circunscrição (territorial ou pessoal). Ou seja, todos os membros (= batizados) de uma comunidade paroquial são responsáveis por ela, cabendo a cada um as funções às quais foi chamado por Deus e confirmado pela Igreja.

Todos os batizados são responsáveis pela sustentação e manutenção da comunidade à qual pertencem. Da pastoral da acolhida à pastoral do dízimo, tudo é responsabilidade de todos. Cada um deve fazer a sua parte de acordo com a vocação e os dons que recebeu de Deus. Ou seja, cada um deve fazer a sua parte sem perder de vista o todo, que é responsabilidade de toda a comunidade.

Todos são responsáveis pela sustentação da comunidade, e não apenas o pároco e os vigários-paroquiais, ou a diretoria, ou ainda o conselho de assuntos econômicos. A comunidade é uma família, e os batizados os membros dessa família: por isso todos são responsáveis por ela, devendo cada um contribuir à medida de suas possibilidades.

Uma comunidade paroquial tem muitos gastos. Lembremos de alguns: as tarifas de água, luz e telefone; a manutenção da casa paroquial, do centro catequético, do salão comunitário, da igreja etc. Além dos gastos, existem os investimentos com pessoas, visando à formação e capacitação das mesmas: catequistas, líderes de grupos, membros de conselhos, ministros, agentes de pastoral etc. Toda comunidade paroquial, por menos que seja, deve ter receita suficiente para cobrir os gastos e fazer os investimentos necessários.

É o dízimo e das ofertas (feitas durante as missas e cultos) que a comunidade paroquial retira os recursos para fazer frente às despesas tidas como "ordinárias" (= de todos os dias). As despesas "extraordinárias" (como, por exemplo, uma construção ou a aquisição de um veículo) podem ser realizadas pela junção do dízimo e de promoções (sorteios, festas, campanhas, coletas especiais). De uma ou de outra forma, a responsabilidade pela sustentação da comunidade é de todos os batizados que a ele pertencem.

O dízimo deveria suprir todos os gastos ordinários de uma comunidade. Por isso é essencial que a diretoria (ou conselho) não trabalhe isolada dos outros membros da comunidade, mas esteja sempre em sintonia com ele, seja prestando contas, seja levando ao conhecimento deles as necessidades que tem a comunidade.

Quando o dízimo não é suficiente para sustentar as despesas ordinárias da comunidade, convém fazer a seguinte reflexão: toda comunidade, por mais pobre que seja, pode se sustentar com dignidade. Geralmente não são os recursos que faltam: o que falta é a conscientização que leva á generosidade. Daí a importância de:

1º. uma campanha de esclarecimento;

2º. uma equipe que seja, ao mesmo tempo, criativa e competente;

3º. um constante reavivamento da importância e do valor do dízimo e,

4º. uma prestação de contas que mostre com o dízimo está sendo bem administrado e é necessário para a vida e a sobrevivência da comunidade.

As capelas (comunidades que dependem da matriz) também elas devem tirar o seu sustento ordinário do dízimo. E por terem menos despesas, têm a obrigação de contribuir com a matriz, de quem dependem administrativa e religiosamente.

As ofertas (= coleta feita nas missas e cultos) complementam a receita ordinária da comunidade. O dízimo é compromisso estável; a oferta é doação espontânea, sem compromisso, fruto da generosidade e da disponibilidade econômica momentânea do ofertante.

Eu, batizado e portanto membro de uma comunidade, sou responsável pela sustentação financeira da minha comunidade, mas não só eu: todos os batizados o são. Se cada um dos membros fizer a sua parte, a comunidade atingirá aquela que é a sua meta prioritária: a evangelização de todos...

É fácil "lavas as mãos" ou "cruzar os braços" de deixar que os outros façam o que compete a eles e também o que compete a nós... São muitos os cristãos acomodados que vivem deitados em "berço esplêndido" vendo e, quase sempre, criticando o trabalho que os outros realizam. Não se deixe vencer pelo egoísmo nem pela preguiça: faça a sua parte, participando espiritual e financeiramente da vida da sua comunidade: ela é a sua segunda família.

O DÍZIMO, EXPRESSÃO DO AMOR

O dízimo é expressão e fruto de um coração que ama a Deus porque é grato para com Ele, que ama a Igreja porque reconhece nela o sacramento de Cristo, e que ama o próximo porque é solidário para com ele. Quem não ama não devolve o dízimo porque, não amando, não vê sentido em sair de si mesmo para partilhar. Quem ama, partilha, e partilha com generosidade e alegria.

O amor faz do dízimo uma profunda experiência de ação de graças. Nós, cristãos, não "pagamos" o dízimo porque não temos nada para comprar de Deus: Ela já nos dá tudo, gratuitamente. Mas porque amamos queremos partilhar, colocando em comum o que, de direito, pertence a todos porque pertence a Deus.

PAZ E BENÇÃO

DIÁCONO CLAUDINO