1. Quando o Senhor Jesus surgiu pregando o Reino de Deus, quais os diversos significados do termo "Messias" nas Escrituras e quais os conceitos emitidos sobre o Messias entre os Sacerdotes, Doutores da Lei e até mesmo, entre o Povo judaico?

Os diversos significados do termo "Messias" nas Escrituras, quando o Senhor Jesus surgiu pregando o Reino de Deus são: Rei, Profeta, Sacerdote, Servo de Javé e Pastor.

Os conceitos emitidos sobre Messias entre os Sacerdotes, Doutores da Lei e até mesmo entre o Povo judaico são: o descrito pelos Profetas dos Livros Sagrados (conceito verdadeiro); o de Rei político, fundador de um Reino terrestre pleno de Bens com a hegemonia dos judeus (conceito popular); o de manifestação retumbante (conceito rabínico); o baseado nos livros apócrifos apocalípticos, um Messias político, mas que só viria no vim do mundo, no qual todos estariam submetidos aos judeus (conceito escatológico).

 

2. Dentre os diversos títulos dados ao Messias, o Senhor Jesus preferiu o título "Filho do Homem". Responda:

a) Qual o motivo dessa preferência?

O motivo é que, dentre os diversos títulos dados ao Messias, o "Filho do Homem" é o mais apropriado para indicar sua missão sublime e humilde, falar da sua missão redentora e falar em sentido escatológico.

Jesus utilizou o título "Filho do Homem": para falar de Si, em sentido escatológico, cumprindo a Missão do Servo sofredor, ocultando-se para perdoar as ofensas, exercendo seus poderes, sendo glorificado e na volta ao céu pela cruz.

 

b) A que Profecia se prende esse título?

Esse título, "Filho do Homem", se prende à Profecia de Daniel, onde toma sentido messiânico; significa o Homem-Rei, Centro da Humanidade e da história, que consuma a história.

"Eu continuava contemplando, nas minhas visões noturnas, quando notei, vindo sobre as nuvens do céu, um como Filho do Homem. Ele adiantou-se até ao Ancião e foi introduzido à sua presença. A ele foi outorgado o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é império eterno que jamais passará, e seu reino jamais será destruído".

O Filho do Homem é um personagem simbólico. Mas a tradição judaica ulterior o identificará ao Messias davídico. Sabe-se que a vinda do Filho do Homem sobre as nuvens será várias vezes evocada por Jesus como expressão de sua própria esperança.

 

c) Em que acontecimento da Vida de Jesus realizou-se essa Profecia?

Essa profecia se realizou na Ascensão de Jesus, conforme podemos verificar em:

Mc 16, 19: "Ora, o Senhor Jesus, depois de ter falado, foi arrebatado ao céu e sentou-se à direita de Deus";

Lc 24, 51:  "E enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era elevado ao céu";

At 1, 9ss:   "Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. [...] Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o viste partir para o céu";

e outros.

 

3. Pedro, em seus primeiros discursos, fundamentado nas Escrituras e nos fatos dos últimos dias, solenemente proclamou Jesus, Senhor e Cristo (cf. At 2, 22-36; 3, 13-26).

Isso desagradou muitíssimo aos fariseus e ao sinédrio. Por quê?

Desagradou-os pelo fato de acharem ser esta proclamação contrária ao monoteísmo. A proclamação do Senhorio de Jesus, a afirmação de que Ele é Deus e não um profeta, como pensavam, os faziam pensar se tratar de politeísmo.

Eles não tinham o conhecimento, a revelação de Deus Uno e Trino: Uno na Natureza - Divina - e Trino nas Hipóstases - Pai, Filho e Espírito Santo.

 

4. Transcreva cinco pronunciamentos do Senhor Jesus em que seja subentendida a afirmação de ser Jesus, o Filho de Deus, igual ao Pai. Justifique a sua escolha.

Jo 5, 17-19: "Mas ele respondeu-lhes: ‘Meu Pai continua trabalhando até agora e eu também trabalho'. Por isso os judeus procuravam com mais empenho ainda tirar-lhe a vida, pois não só violava o sábado mas também afirmava que Deus era seu Pai, fazendo-se assim igual a Deus.

Jesus se revela juiz. Então Jesus tomou a palavra e lhes disse: ‘Na verdade eu vos digo: o Filho nada pode fazer por si mesmo. Ele só faz o que vê o Pai fazer. Tudo o que o Pai faz o Filho também faz' ".

Jo 8, 58: "Jesus respondeu: ‘Na verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, eu sou'".

Jo 15, 1-9: "Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Ele corta todo ramo que em mim não dá fruto, e poda todo aquele que dá fruto, para que produza mais.Vós já estais limpos por causa da palavra que vos tenho anunciado. Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira. Assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora como o ramo e secará; será ajuntado, jogado no fogo e queimado. Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será dado. Meu Pai será glorificado, se derdes muito fruto e vos tornardes meus discípulos.

Como o Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor ".

Jo 10, 27ss: "Minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna e elas nunca morrerão, e ninguém as arrancará de minha mão. Meu Pai que me deu as ovelhas é maior do que todos, e ninguém poderá retirá-las da mão do meu Pai."

Jo 5, 26: "Assim como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho ter a vida em si mesmo."

Escolhi estes pronunciamentos de Jesus, que se encontram no Evangelho de São João, por ser ele quem mais se preocupa em ressaltar a divindade de Jesus, haja vista que o objetivo da obra do evangelista é fazer que os crentes creiam que Jesus é Filho de Deus, uma vez que o evangelista que viu e creu, deseja confirmar a fé dos que "não viram e creram" (20, 29). Tais pronunciamentos mostram Jesus com o mesmo Conhecimento do Pai, eterno como o Pai, fonte e origem de toda a Vida Espiritual, como o Pai.

 

5. Recorrendo às definições dos diversos Concílios Ecumênicos que se pronunciaram sobre heresias cristológicas, faça uma síntese da Doutrina da Igreja sobre o Mistério da Encarnação do Verbo, citando o Concílio e a heresia condenada.

Jesus Cristo é verdadeiro Deus e Filho de Deus em sentido próprio, possuía a nossa mesma natureza humana e portanto era verdadeiro homem (de fé)

Heresias:

® Arianismo (ou subordinacionismo): afirma que o Logos é criatura de Deus não tendo alma, mas apenas um corpo no qual Ele agia como alma própria.

Em 318 foi condenada pelo Sínodo de Alexandria, presidido por Alexandre. Em 324 o Imperador Constantino intervém diplomaticamente, mas fracassa na missão de aproximação de Ário e Alexandre e convoca o Concílio Ecumênico de Nicéia (325) onde é condenado o Arianismo.

® Apolinarismo: O logos divino assumiu um corpo humano e uma alma animal, ocupando Ele mesmo o lugar da alma intelectiva que faltava. O Logos fazia às vezes da alma humana em Jesus.

Foi condenada no Sínodo particular de Alexandria, por Santo Atanásio (362), dito como  heresia no II Concílio de Constantinopla (381) e num Sínodo Romano (382) sob o Papa Damaso.

 

A natureza divina e a natureza humana em Cristo são unidas entre si hipostaticamente, isto é, na unidade da pessoa (de fé)

Heresias:

® Nestorianismo: o logos habitava na humanidade de Jesus como um homem se achava numa veste; haveria duas pessoas em Jesus, uma divina e uma humana, unidas entre si acidentalmente ou moralmente.

Condenada pelo III Concílio Ecumênico de Éfeso (431) com a aprovação dos doze anátemas de São Cirilo de Alexandria.

® Monofisismo ou Monofisitismo: luta contra o nestorianismo criando a teoria de que em Jesus há uma só natureza e uma só pessoa.

Condenada pelo IV Concílio de Caucedônia (451) e aprovada a formulação clássica da famosa epístola dogmática do Papa Leão I ao patriarca Flaviano de Constantinopla (449): "De fide. As duas naturezas de Cristo continuam a existir intactas depois da união sem transformação ou confusão".

 

Qualquer das duas naturezas em Cristo possui uma própria vontade e um próprio modo de operar (de fé)

® Monotelitismo: é uma ramificação do monofisismo dizendo que em Cristo existem duas naturezas, mas uma só vontade, a divina, e uma operação ou atividade. A natureza humana não é senão um instrumento privado de vontade nas mãos do Logos divino.

Foi refutado pela Igreja no Sínodo Lateranence (649). O Concílio Ecumênico de Constantinopla (680-681).

 

 

REFERÊNCIA BLIOGRÁFICA

 

BETTENCOURT, Estêvão Tavares. Curso de Cristologia por Correspondência. Rio de Janeiro, Escola "Mater Ecclesiæ", s/a.

BOULENGER. Doutrina Católica. 1ª parte, Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, s/a.

BARTMANN, Bernardo. Teologia Dogmática: A Redenção, a Graça, a Igreja. Vol II, São Paulo, Paulinas, 1962.

A BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo, Paulus, 19965.


Mt 16, 21-23; 20, 20-28; Lc 24, 21; At 1, 6-8.

Mt 4, 6; 16, 1; Lc 17, 20.

Mt 8, 20; 9, 6; 12,8.32; 20, 28.

Mt 12, 40; 17, 9.12.22; 20, 18; 26, 2.24.25.

Mt 16, 27.28; 19, 28; 24, 27-31.37.39.44; 26, 64.

Dn 7, 13s.

Mc 12, 36; Mt 25, 31; Lc 17, 22-30.