DIDAQUÉ

Aquele que é santo, aproxime-se. Aquele que não é, arrependa-se (10,6).

No dia do Senhor, reuni-vos para partir o pão e celebrar a Eucaristia. Mas antes confessai os vossos pecados, a fim de que o vosso sacrifício seja puro. Quem tiver qualquer litígio com seu companheiro, não se una a vos antes de ser reconciliado, a fim de não profanar o vosso sacrifício (14,1-2).

Deveis corrigir uns aos outros não com sentimentos de cólera, mas de paz, assim como se vê no Evangelho. E com quem tiver feito uma grosseria contra seu irmão, ninguém deve falar. Ele também não ouça nada, até que não tenha arrependido-se (15,3-4).

 

CLEMENTE ROMANO

 

Em sua carta dirigida aos Coríntios, no capítulo 2,3-6 faz seu primeiro referimento à necessidade de pedir perdão dos pecados, no caso de ter feito algum involuntariamente.

Em 7,2-5, apresenta um convite à penitência, já que o Senhor concedeu este a todas às gerações de fazer penitência por aqueles que querem converter-se à Ele.

8,5, todos podem ter parte na penitência, pois é desejo de Nosso Senhor Onipotente.

48,1, é um convite a abandonar o mal, e se apoiar em Jesus, com lágrimas, e súplicas para que Ele se mostre manso e reconcilie-se conosco.

50,5, a concórdia e a caridade alcançam o perdão dos pecados.

51,1-3, faz referência aos cismáticos que se afastaram, é melhor que o homem confesse seus próprios pecados do  que endurecer o coração.

52,1, tudo o que o Senhor nos pede é que confessemos as nossas   culpas.

56,1-2, a importância da interseção para aqueles que estão mergulhados no pecado para que se convertam e aceitem a correção fraterna.

57,1, vós que fostes a causa do início da discórdia, submetei-vos aos presbíteros, e deixai-vos educar pela penitência, dobrando os joelhos do vosso coração.

59,4, oração dos cristãos para aqueles que caíram para que voltem.

 

SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA

 

Encontramos nas cartas de Santo Inácio, fortes indícios que convidam ao perdão, à penitência para volta ter a vida de cristãos.

Aos Efésios, 7,1-2, falsos pregadores anunciam Cristo com palavras, mas que com os exemplos são uma lástima. São piores que selvagens, cães raivosos que mordem às escondidas; não há quem professe a fé e possa pecar. Não há quem possua caridade e possa odiar, exige-se uma coerência de vida (14,2).

Aos Filadélfios, 8,1, Deus não habita em meio às desuniões. Mas os que se convertem, Deus perdoa, desde que seu arrependimento os conduza à unidade com Deus.

Aos Esmirnenses, 4,1, estejam atentos aos falsos pregados, deveis rezá-los pôr eles para que se convertam; afastai-vos de todas as divisões pois elas são o princípio de todo mal (6,2), estamos ainda em tempo oportuno, convertam-se ao Senhor (9,1).

PASTOR DE HERMAS (150)

A propósito de penitência, testemunha pela primeira vez a repetibilidade do sacramento. Se o cristão depois do batismo, peca, tem-se a possibilidade de reconciliar-se, mas uma só vez. Testemunha a prática em rigor na Igreja pós-apostólica. Assim como o batismo era administrado uma só vez, assim era para o "segundo batismo".

Hermas testemunha a remissão de todos os pecados. Não existem pecados tão grandes e graves que não podem ser reconciliados. A penitência sucessiva deveria testemunhar a seriedade da conversão.

O papel da Igreja parece não ser claro em Hermes. Naquilo que se refere ao sacramento da reconciliação dá a entender que a remissão visível com a Igreja é somente sinal de um perdão que se obtém diretamente de Deus.

 

CIPRIANO

Vive durante o período de perseguição de Décio (249-251), no que resultou no abandono da fé de muitos cristãos. No final da perseguição colocou-se o problema dos "lápsis", isto é, aqueles que abandonaram a fé por medo de serem mortos. Cipriano trabalha para a reconciliação deles. Para a reconciliação é necessário completar a penitência. No "De Lápsi" abre uma exceção para os doentes, os quais podem receber a reconciliação mesmo que não tenham completado o caminho da penitência. A reconciliação possui um forte caráter sacramental, cuja eficácia é ligada à realização deste ato por parte de um legítimo ministro na Igreja e segundo as normas estabelecidas pela comunidade eclesial. O termo "exiomologesis" compreende todo o processo de reconciliação e não mais somente a confissão dos pecados.

Já no tempo de Cipriano, um certo número de cristãos, começam a pedir a reconciliação não somente para as culpas graves, mas pelo desejo de praticá-las.

TERTULIANO

Obra característica desse autor é o "De paenitentia". Durante o período católico, repete o conceito de penitência não reiterável em analogia com o batismo. A penitência eclesial era exigida para os pecados graves; em vez para as culpas leves era suficiente a oração e ascese. É bom lembrar que a distinção entre pecados graves e leves, não corresponde ao que nós temos hoje, mortal e venial. Em todo caso, ele afirma que todos os pecados podem ser perdoados.

É necessário a confissão das culpas exprimindo exteriormente. Não seria suficiente somente a interior. Para a satisfação, que ofendemos, é exigido não somente o arrependimento mas também uma atitude de vida que se traduz em jejum súplicas de intercessão aos irmãos.

A confissão era secreta, mas tinha um reflexo público e social, pertencendo à ordem dos penitentes. Depois de um período de penitência a reconciliação acontecia com a Igreja que Tertuliano identifica com Cristo. Os sacerdotes, segundo Tertuliano, possuem uma função especial no perdão. Isso mostra o poder de perdoar conferido à Igreja já nos primeiros tempos.

Já no período montanista (213), com a obra "De pudicitia" Tertuliano propõe uma lista de pecados que se podem perdoar e outros não, como a idolatria, a bestemia, homicídio, adultério, fornicação e roubo.