Este texto é do Pe Léo, fundador da Comunidade Bethânia e aqui partilhamos este texto que veio outrora por meio de um e-mail  …

Exercitar o amor

O mundo inteiro gosta de falar de amor. Quase tudo que se faz no campo das artes está centrado no amor. Livros, novelas, filmes, músicas, pinturas, tudo gira em torno do amor e de suas histórias: como se inicia, se aproxima, cresce, une, complica, termina, ressurge e morre. Só que a maioria dos que falam sobre o amor compreende o amor como um sentimento ou uma emoção. Para exercitar o amor e preciso descobrir que o amor não é uma emoção.

O amor gesta emoções, mas não se limita aos sentimentos., sentir é parte do amor, é um dos elementos que compõem o amor, mas não é sua essência.

Amor é um compromisso, um ato da vontade, uma decisão. O verdadeiro amor está muito próximo da convicção do que da emoção. Porque é ato da vontade, o amor deve ser traduzido e expresso concretamente em fatos. Como saber que alguém me ama se nunca expressa esse amor? Por isso o amor exige gestos concretos: aproximação, abraços, afagos, beijos, ternura, ajuda mútua, proteção, cuidado e tantas outras atitudes. Ora, esses comportamentos ultrapassam, e muito, todo e qualquer sentimento.

Amar é muito mais do que sentir. É uma decisão da vontade que precisa ser exercitada e externada. Amar é comprometer-se com a felicidade do outro. O amor não tolera ensaios; logo, precisa ir muito além das emoções, que são instáveis por natureza. O amor baseado nas emoções é um amor completamente instável, inseguro, imaturo e temporário.

Quando o amor se baseia nas emoções, a pessoa ama ou deixa de amar conforme seus humores. Se hoje estou me sentindo bem ao lado do ser amado, estou amando; se não me sinto bem, deixo de amar. Seria cômico se não fosse trágico, e é mais real e freqüente do que se imagina.

Por mais excitante que seja sentir-se desejado por alguém especial, só esse desejo não é amor e nem assegura que isso poderá se transformar em amor. O verdadeiro amor está fundamentado em um compromisso que vai muito além dos sentimentos.

Para melhor entendermos o amor como compromisso, basta analisar o relacionamento de pais e filhos. O amor dos pais pelos filhos não se revela tanto pelos sentimentos, mas pelas atitudes concretas. Pode ser que o pai não tenha vontade de trabalhar, mas, por causa dos filhos, que ama, ele precisa trabalhar. O verdadeiro amor gera vínculos e compromissos. Pode ser que uma mão tenha uma profunda necessidade de dormir bem durante uma noite, mas passa acordada ao lado do filho doente, não por causa de uma emoção, mas pelo compromisso.

"(...) como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou (...) Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. (Jo 13,1.34-35).

Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. (...) O que vos mando é que vos ameis uns aos outros (Jo 15,12-13.17)".


O amor não é uma opção, é um exercício conscientemente decidido e executado. Exercitar o amor é tomar a decisão de expressá-lo através do carinho quente e de gestos concretos.

O maior pecado que cometemos contra o amor é a indiferença, que provoca a negligência. O amor nunca morre por morte natural. A indiferença é um veneno que intoxica o amor ou deixa-o morrer. A negligência é a eutanásia do amor.

A amargura nascida da negligência acaba produzindo um câncer na alma. Como um verdadeiro câncer, a amargura se multiplica e invade o coração, ferindo-o e infectando-º as conseqüências de um coração ferido são bem conhecidas: timidez, agressividade, sentimento de culpa, complexos, medos, traumas, instabilidade emocional, vícios, dureza de coração, desejos de vingança, indelicadeza, especialmente com aqueles que nos  são mais próximos. A pessoa contaminada por esse câncer tem muita dificuldade de dar e de receber carinho, tornando-se fria e insensível, além de indelicada.

Tudo isso desemboca num isolamento afetivo. O medo de tornar a ser desprezado faz com que nos fechemos ao amor. O triste é que quando a pessoa se fecha, evitando sofrer de novo, com isso também elimina a possibilidade de ser amada novamente.

O VERDADEIRO AMOR NÃO É PARA PESSOA FRACA DE CORAÇÃO. QUEM TEM CORAÇÃO FERIDO E MACHUCADO NÃO AMA. GENTE FRACA NÃO AMA. O AMOR NÃO ENTRA NO CORAÇÃO DOS FRACOS...