Muitos católicos se perguntam sobre o destino do dízimo na comunidade. É tão óbvio o destino de nossos dízimos que não haveria necessidade de justificação. Mas é o momento de se esclarecer o seu destino.

Esse capítulo ajudará as pessoas a despertarem para o dízimo. Talvez lendo, sentindo o seu valor, elas despertem para a sua finalidade.

O mal é quando as pessoas que "colaboram" com o dízimo não participam da vida da comunidade. Nesse sentido o seu dízimo fica meio defasado, distante de seus objetivos, de sua finalidade.

Certa vez um bispo pregava entusiasmadamente por ocasião de uma ordenação sacerdotal. O bispo falava, naquela ocasião, que o povo, em geral, é desanimado, desmotivado para participar da liturgia. Ele fazia uma comparação com aqueles que vibram por ocasião de um jogo de futebol etc. O bispo queria chamar a atenção para que o povo fosse mais entusiasmado. Naquela ocasião a Igreja estava repleta de gente. O dia estava quente e o povo se abanava devido ao calor intenso no interior do templo. Os ventiladores da Igreja quase nem funcionavam. O ar estava aquecido pela presença das pessoas. As janelas da Igreja quase nem se abriam por causa da ferrugem, do tempo etc. Os bancos eram compridos e incômodos. Havia tanta coisa que não facilitava ao povo a participação da liturgia. A homilia não terminava; a celebração longa, comprida demais para a maioria daquele povo simples e que, muitas vezes, não entendia quase nada daquilo.

Depois da ordenação alguém questionou o bispo. "Sabe, Senhor Bispo" - disse um jovem -, "estive na Igreja Batista que fica ao lado da paróquia. Lá é gostoso demais. Lá não tem bancos, há uma cadeira para cada pessoa. Lá não há ventiladores, há ar condicionado. Lá o pastor fala durante uma hora e a gente não se cansa de ouvir. Todos ficam muito bem acomodados..."

Essa é a nossa realidade de Igreja Católica. Na maioria das vezes as nossas igrejas não oferecem um mínimo de conforto para as pessoas. Já ouvi dizer que na Igreja a gente tem que fazer sacrifício. Até dizem que a missa é um sacrifício. Se assim é, muitos se questionam por que ventilador, ar condicionado, conforto etc.? Não é para se fazer sacrifício? Com isso vamos levando a nossa fé meio de qualquer jeito, não é mesmo? Vamos - também - perdendo muita gente que prefere um certo conforto. De sacrifício basta a vida dura do povo!

Às vezes a Igreja tem doze ventiladores e quatro não funcionam. As lâmpadas na maioria estão queimadas ou funcionam em estado precário. O som? Aqui está o caos. O som interior de nossos templos é de baixíssima qualidade. Não houve uma preocupação com a tecnologia, com a acústica. Quando se constrói um templo normalmente a última coisa que se pensa é no som e na iluminação de nossas igrejas!

Assim poderíamos ir catalogando as deficiências de nossos templos.

Em geral tudo é feito pela metade. O motivo? O econômico! Ele repercute de forma exemplar.

O dízimo não é para o padre da Igreja. Quando muito, o padre administra o dízimo. O emprego do dízimo é para alimentar a liturgia, as pastorais sociais das comunidades, a tarefa missionária, as pastorais voltadas para as necessidades dos mais pobres etc.

O dízimo vem ao encontro das necessidades das comunidades que se colocam a serviço dos mais pobres e a começar pela própria estrutura interna da Igreja.

O resultado do dízimo e a sua aplicação é igual ao seu produto. É aquilo que proporcionamos às pessoas, aos "clientes" e aquilo que desenvolvemos como se fôssemos "fornecedores". Se descobrimos que não estamos satisfazendo os fiéis, então precisamos é descobrir as razões.

Muitas vezes, os argumentos não convencem. Muitas vezes, utilizamos argumentos ingênuos demais. O único argumento que deve convencer - realmente - é o bíblico. O povo quer ver e saber onde é aplicado o seu dízimo, o seu dinheiro. Na maioria das vezes, o povo não colabora por falta de informação, de conhecimento. Todos, certamente, gostariam de colaborar.

Muitas vezes o povo da comunidade tem necessidade de saber o quanto custa um microfone, uma lâmpada, a água que se gasta na Igreja, o quanto pagamos pela luz, energia no fim do mês. O povo - ainda - pensa que na Igreja tudo é de graça! Não percebem o quanto custa a assinatura de folhetos, de papéis para os cantos na missa. O quanto a comunidade investe na catequese, na formação de lideranças etc.

Essas despesas não atingem a consciência dos contribuintes. Eles não ficam atentos aos gastos da comunidade. Em geral as pessoas não se envolvem na comunidade. As questões referentes às despesas ficam restritas a algumas pessoas. Com isso a maioria se acomoda. Onde não existe comunhão e participação instala-se o caos, o descompromisso comunitário. A opção pelo dízimo, certamente, muda esse quadro.

Em muitas paróquias a iluminação é, por vezes, de péssima qualidade; o espaço interno é apertado e os fiéis ficam exprimidos durante as celebrações; em muitas igrejas há sujeiras por todos os lados (os vidros que quase nunca são limpos, as teias de aranha, poeira etc.); há equipes que não funcionam e que não sabem dar informações corretas etc.

Tudo isso afeta a imagem de uma organização eclesial. Os danos causados por falta de organização excederão em muito o custo de manter em ordem o ambiente para a celebração, para o culto e para a adoração.

Acredito que uma comunidade educada para o dízimo vai se preocupar com esses aspectos, embora, aparentemente, muitos possam pensar que isso não é tão importante assim. É importante sim! Muitos, inclusive, dizem que a Igreja reflete o rosto (a cara) da comunidade!

O dízimo é altamente educativo e faz os fiéis se voltarem para suas necessidades. Todos querem uma Igreja condizente com a dignidade própria do ser humano. Aqui não é questão de pobreza. Conheço comunidades muito pobres mas que não são desleixadas. Há ordem. Tudo é bem arrumado e muito digno. O pessoal foi, com o passar do tempo, se educando a fazer para a Igreja o melhor. Esse deve ser o caminho da comunidade cristã. Para Deus, sempre o melhor!

Paz e Benção

Diácono Claudino