COMEÇAM AS PRESSÕES

Na primeira quinzena de janeiro do corrente, estive em Roma, durante 10 dias, motivado por nobres interesses da minha Congregação Religiosa (Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus). Durante esse interessante encontro, ouviram-se não poucas insinuações sobre a validez física do Santo Padre. Jamais se ouviram alusões sobre sua privilegiada capacidade intelectual, que continua intacta. Por isso, a bomba do aviso de sua renúncia ao Pontificado, é uma surpresa inédita, mas relativa. Naturalmente, alguns comentaristas logo quiseram ver outros motivos da renúncia, que não as alegadas pelo próprio Papa: a pedofilia dos Padres (uma página já virada); a evasão dos fiéis para a indiferença religiosa; más relações com os judeus (nunca estiveram tão boas); a falta de vocações sacerdotais; o poder imbatível da Cúria Romana...Aqui na Pindorama a TV Bandeirantes, no dia 11 de fevereiro, publicou comentários desairosos contra Bento XVI. Davam a impressão de terem sido preparados pelo Boff.

Mas o que me causou espécie é uma idéia que perpassa os comentários de "vaticanistas", de reportagens, de análises dos escritos papais. Trata-se do uso de uma arma mortífera, usada com sucesso desde o tempo dos iluministas. Motivo para grande vergonha, de reduzir ao silêncio, e de esconder-se na penumbra, é alguém receber a alcunha fatal de "conservador", "retrógrado", "tradicionalista". É um jeito de fazer calar a boca. Um verdadeiro bad name. É um modo de xingar. Os iluminados não querem um novo Papa Conservador, mas moderno, progressista, afinado com os reclamos do mundo. Penso que na eleição de um novo Papa os Cardeais poderiam usar vários critérios. Escolher alguém por motivos políticos; olhar se o candidato é fiel à fé em Cristo; se tem vínculos com o poder econômico; se afina com as convicções ideológicas da ONU; ou e se é discípulo de Jesus e fiel a Igreja. É evidente que olharão se é seguidor de Cristo. O impasse com os poderosos já está preparado. O que for eleito sucessor de São Pedro não estará afinado com a ideologia iluminista. Ele se sentirá chamado A "confirmar os irmãos na fé" ( Lc 22, 32).

Dom Aloísio Roque Oppermann scj - Arcebispo Emérito de Uberaba, MG.
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