(Os fins do matrimônio IV)

 

"Com efeito, Deus, Senhor da Vida, confiou aos homens, para que estes desempenhasse de um modo digno dos homens, o nobre encargo de conservar a vida". GS, cap. 2.

 

Em cada época da história surgem desafios novos ao matrimônio. Em nossa época conturbada pela redefinição dos papeis sociais do homem e da mulher e mesmo sua relativização, é importantíssimo que tenhamos bem claros os fins do matrimônio. Desta forma teremos condição de identificar inúmeras contradições existentes na teoria e prática de certas correntes filosóficas e ideológicas.

Quem refletir bem reconhecerá que um ato de amor recíproco que prejudicou a disponibilidade para transmitir a vida, inserida por Deus criador, estará em contradição com o desígnio constitutivo do casamento e com a vontade do Autor da vida. Usar deste dom divino destruindo o seu significado e a sua finalidade, ainda que parcialmente, é estar em contradição com a natureza do homem, e também da mulher e ainda da sua relação íntima. Consequentemente é estar em contradição também com o plano de Deus e com a sua vontade.

Estas contradições estão presentes na chamada teoria individualista do matrimônio que tem suas raízes no liberalismo. Desta teoria deriva a ideia e a prática do amor livre. Sua disseminação no povo trouxe drásticas consequências que são conhecidas por todos; a equiparação da união legítima e ilegítima, a admissão de certas formas dissimuladas de prostituição, a implantação do divórcio, a legitimação da pratica  do aborto, o uso de métodos não naturais para o controle da natalidade e uma pratica sem fim de aberrações sexuais.

Certamente não é através destas práticas que o homem dignidicará a vida. Nada mais triste do que ver alguém se escravizar usando a bandeira da liberdade. O amor nunca foi tão dilacerado quanto no pretenso  amor livre. Aliás uma dupla impropriedade: não se trata, neste caso, nem de amor e nem de liberdade. Curiosa ironia, nunca se falou tanto de amor e liberdade, no entanto, não somos mais livre  nem amamos mais do que quando a dois mil anos um jovem morreu crucificado entre dois ladroes para valorizar a vida, dando-nos, através do seu Amor a autêntica Liberdade na Verdade.