A Igreja, comunidade dos santos que peregrinam neste mundo, se alegra e se une nesta semana a Igreja Particular da Campanha, ao nosso querido irmão no episcopado e amigo pessoal, Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho, ofm, para a solenidade de beatificação da Serva de Deus, Nhá Chica, na cidade de Baependi, MG.

No meu ofício de Bispo de Luz, atendendo ao pedido de Dom Aloísio Roque Oppermann, então Bispo da Campanha, assinei ao pedido, chancelado por todos os bispos do Regional Leste 2 da CNBB, para a abertura do processo de canonização dos dois santos filhos da Diocese da Campanha: a leiga Nhá Chica e o sacerdote, Padre Vitor, de Três Pontas. E, me lembro bem, que todos nós bispos ficamos muito felizes com estes dois processos. O de Nhá Chica, por ser ela mulher, negra, leiga que se santificou pelo cotidiano, pela escuta atenta da Palavra de Deus que lhe era lida pelos outros, já que ela não era alfabetizada. Entretanto, Nhá Chica, privada da educação rudimentar, era rica na graça e na santidade do estado em que abraçou. Viveu uma vida para a oração e para os pobres. A sua alegria era ornar o templo santo de Deus, quer seja a Igreja Episcopal de Nossa Senhora da Conceição, no morro de mesmo nome, por ela mesma mandado erigir ou ajudar ao seu pároco, amigo e confidente, Monsenhor Marcos a embelezar a barroca Igreja Matriz da Paróquia de Santa Maria, dedicada, também, à Virgem Maria, razão maior da vida de Nhá Chica. Esta mulher: simples, fiel batizada, era rica da intimidade de Deus e esta intimidade de Deus irradiava nela a santidade dos homens e das mulheres, que pelo batismo, no casamento, na vida de solteiro, de viúvos se santificam configurando a sua vida à vida de Cristo, pelos conceitos evangélicos da caridade e da santidade.

Nhá Chica deixou para a Diocese da Campanha a responsabilidade de sua obra: ao seu pároco, Monsenhor Marcos, coube satisfazer as suas últimas vontades: a Igreja Episcopal da Conceição, deixada pela própria Nhá Chica, em seu testamento para a Paróquia de Santa Maria, é o eloqüente lugar do encontro do peregrino com Deus, pela inspiração da Virgem da Imaculada Conceição.

A caminhada histórica e eclesiástica para o bonito dia de 04 de maio foi cheia de alegrias. Mas as contrariedades e intempéries que, infelizmente, por pessoas desprovidas do sentido de Deus, fizeram recair sobre Dom Diamantino, e seus distintos colaboradores, com incompreensões de sortes humanas e outros interesses menores, nos levam a crer que Nhá Chica é para os fiéis, para os leigos, porque ela nunca foi freira, ao contrário, ela sempre foi uma leiga consagrada, é de servirmos a Cristo em íntima comunhão com a Igreja. Nhá Chica era obediente ao Monsenhor Marcos, seu pároco e confidente. Nhá Chica nos ensina em sua santidade orante a sermos fiéis a Deus e obedientes à Igreja na pessoa do Bispo Diocesano. Esta é a grande lição, da mulher forte, de Baependi que hoje veneramos como exemplo do seguimento cristão.

Nhá Chica, rogai por nós!

+ Eurico dos Santos Veloso

Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG)