1. QUEM É JESUS?

Essa pergunta é fundamental. Dela dependem todas as outras é aquela que nos caracteriza mais e nos dá maior identidade. De fato, como se pode ser discípulo de alguém que não se conhece ou do qual temos idéias confusas? Nosso intuito não é fazer um tratado nem um ensaio, mas é o de apresentar Jesus a partir daquilo que significa para nós, dentro das nossas situações e dos nossos problemas concretos. É assim que se dá a nossa profissão de fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Os quatro Evangelhos traçam de forma muito parecida a imagem de Jesus. Com isso torna-se difícil distinguir as peculiaridades apresentadas por Mateus. Ninguém poderá compreender essas peculiaridades se não aprofundar, após longo estudo científico e cuidadosa leitura intuitiva, a composição desse Evangelho e a significação minuciosas de seus vocábulos. Nós, porém, não adotamos métodos científicos, mesmo se os empregamos algumas vezes. Damos um olhar todo especial ao Evangelho segundo Mateus, por ser ele um Evangelho, por excelência, eclesiástico e catequético, pois a forma atual que temos deste Evangelho parece ter sido concebida para fortalecer na fé os cristãos de origem judaica, os quais, depois da destruição do templo de Jerusalém estavam sendo pressionados para integrar o novo judaísmo que estava se reorganizando, sem o templo.

Jesus, na ótica de Mateus, é o cume de chegada e o ponto de partida, o término da época da Tora  o início das Boas Novas da Salvação, a realização das visões, dos profetas e o substituto exemplar dos personagens, dos Reis-Messias do Todo-Poderoso. Antes de Jesus, o mundo era a existência primeira e fundamental, o homem era uma coisa entre as demais, á proporção de seu valor. Deus, no entanto, era um poder absoluto oculto além do mundo, nos céus, nas alturas, dominando a terra pela força.

Com Jesus, cada um voltou ao seu próprio lugar: Deus tornou a ser a verdade e o amor, a verdade absoluta e o amor absoluto, tão distante quanto os céus e tão próximo quanto o amor paterno. Objetos e coisas, mesmo sagrados como o Templo e a Tora, voltaram ao serviço do homem. O homem tornou-se um ser se fazendo, majestoso como Deus, quando se veste com a caridade e se cinge com a verdade: e, pelo contrário, vi como Satã se acatar o ódio e entregar-se á ganância. O mundo concentrou-se na sociedade humana, perdido em trevas quando se priva da luz de Cristo.

Jesus Mestre é o “escriba no Reino de Deus”. O Jesus de Mateano é antes de tudo o Mestre, paradigma de cristão, instruído no Reino de Deus, que deve tirar dos seus guardados coisas novas e antigas, para instruir o novo Povo de Deus e ganhar discípulos entre todas  as nações.  O Evangelho de Mateus começa com umas palavras que são clássicas na literatura israelitas: “genealogia de Jesus o Cristo. Por elas situa-se a figura de Jesus no contexto de uma história; não veio de repente, não está isolada; é herdeiro de Abraão e de Davi, é efeito do Espírito Divino. A genealogia de Jesus é complicada. Aparentemente abrange só a série dos patriarcas situados desde Abraão até José. Mas no final há algo que ultrapassa o nível humano: “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo. A explicação desta aparente irregularidade encontra-se na perícope seguinte:

A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, comprometida em casamento com José, antes que coabitassem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em segredo. Enquanto assim decidia, eis que o Anjo do Senhor manifestou-se a ele em sonho, dizendo: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados”. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido “Deus está conosco”. José, ao despertar do sonho, agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher. Mas não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho. E ele o chamou com o nome de Jesus..

Na verdade, as primeiras palavras de Jesus, quando de seu aparecimento, traziam a promessa certa e inabalável do estabelecimento do Reino: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus. O povo ouvia seus ensinamentos rígidos e severos, de alguém que falava “como quem tem autoridade”, e aceitava-os sossegado porque vinculados à maior das promessas, a de criar logo na terra o Reino dos Céus. Todavia, o Mestre Jesus deixou a terra e o Reino não foi criado. Por que então, os apóstolos ainda ensinam os ensinamentos dele? Por que o povo continuou a escutá-los?

A resposta encontra-se nos quatro primeiros capítulos de Mateus, onde apresentam o passado do Mestre. Contam fatos históricos, dando-lhes explicações extraordinárias, que o leitor não teria levado a sério se não mostrassem ser Jesus o Mestre, o Messias esperado. Apesar de esses fatos e interpretações estarem entrelaçados, formando uma unidade, veremos àqueles que se ligam, mais em especial, ao tema do presente trabalho.

Uma jovem, Maria, estava casada com um homem chamado José, da descendência de Davi. Ela deu à luz um menino, Jesus, nascido em Belém, no tempo do rei Herodes, o Grande. Jesus era conhecido pelo nome de “filho de Maria, e Maria era conhecida pelo nome de “mãe de Jesus”. Estes e outros fatos que se seguem não teriam a sorte de passar à História da Humanidade se não tivesse havido a ressurreição de Jesus, que também os ressuscitou da tumba do esquecimento, abrindo os olhos dos Apóstolos às suas estranhas significações. Portanto, Jesus é fruto do Espírito de Deus que age em Maria, a Virgem, mas isso só tem um valor ainda maior com a sua ressurreição e o envio deste mesmo Espírito Santo sobre os apóstolos e sobre toda a Igreja.

A genealogia completa abrange, assim, as duas partes do capítulo primeiro: sendo o filho e herdeiro de Israel partes do capítulo primeiro: sendo o filho e herdeiro de Israel (Abraão, Davi) Jesus traduz para o mundo o decisivo mistério de Deus grande. Basta citar esta dupla origem para entender Jesus, chamado o Cristo? Mateus achou que não. Por isso explica o nascimento e a missão desse Jesus, o Cristo. Em unidade literalmente conexas, o capítulo segundo pretende manifestar-nos a figura de Jesus; sendo o “nâzir” de Deus, o Rebento de velhas promessas salvadoras, Jesus suscita pranto e divisão as passar pelo mundo; é o “Filho” a quem Deus fala, mas os membros do seu povo não quiseram recebe-lo, ao passo que vem de longe os gentios ao seu encontro. O aparecimento de Jesus foi posto assim à luz do seu destino. Sendo introdução do evangelho, estes capítulos oferecem ao mesmo tempo uma espécie de resumo de toda a sua mensagem. Mas não só isso. O próprio capítulo terceiro, unido já de um modo menos forte ao anterior, continua fazendo parte deste prólogo. O tema é semelhante e nos oferece o que poderíamos chamar a genealogia messiânica de Jesus; a sua obra se apoia na esperança de Israel que se expressou em João Batista; também se fundamenta nas palavras e presença do Deus que o consagra no batismo. Mas mesmo agora ainda não se consegue ver de forma plenamente clara o Cristo. Se o antigo testamento e João que é ápice e cumprimento da sua obra, se o próprio Deus o avaliza por que suscita oposição com a sua presença? A resposta vem compreendida, de uma forma magistral, nas tentações. O poder maligno da terra e muitos homens (judeus) procuravam um messias diferente. Por isso mesmo, a vida de Jesus se defrontará com eles. O prólogo de Mateus não podia deixar de indicá-lo. De vez em quando, finalmente, ouvimos o Evangelista-narrador abandonar os símbolos e as interpretações para nos apresentar uma descrição realista de Jesus:

Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda e qualquer doença ou enfermidade do povo. A sua fama espalhou-se por toda Síria, de modo que lhe traziam todos os que eram acometidos por doenças diversas e atormentados por enfermidades, bem como endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curava. Seguiam-no multidões numerosas vindas da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia e da região além do Jordão..

Eis as obras de Jesus no início de sua vida evangélica: o percurso através de toda Galiléia, o doutrinamento do povo nas sinagogas e ao ar livre anunciando a proximidade do Reino, a cura das doenças mentais e corporais, a fama que ultrapassa os confins da região, a aglomeração do povo ao seu redor para se fazerem discípulos seus.

1.1. JESUS DE NAZARÉ É O CRISTO, O MESSIAS.

Quando Yahweh, o Rei inigualável dos judeus, dignou-se permitir que seu povo fosse governado por um rei, o Juiz e Profeta Samuel tomou um pequeno “frasco de óleo e derramou-o na cabeça de Saul; beijou-o e disse: o Senhor te confere esta unção para que sejas o chefe de sua herança. Saul, primeiro rei, porém, tendo-se desviado dos caminhos do Senhor, Samuel, com pequeno frasco, ungiu Davi, e Davi foi o segundo Messias do Senhor. A Davi sucederam no trono seu filho Salomão, o terceiro Messias do Senhor e seus descendentes, formando uma dinastia até a emigração babilônica em 587 a.C.. A partir daí a nação ficou sem um Rei-Messias.

Mateus iniciou o seu Evangelho após uma longa espera de um Reino Messias. Com esta genealogia mostrando a origem de Jesus Cristo =Messias, Mateus afirma primeiramente que a nação judaica encontrou seu Messias na Pessoa de Jesus, descendente de Davi e da posteridade de Abraão; declara que o Novo Messias destaca-se daqueles Rei-messias do Senhor, seus ancestrais, por terem eles uma posteridade enquanto Jesus só tem uma genealogia, sendo ele, por conseguinte, o último dos Messias e a sua Perfeição.

Vejamos o que nos diz sobre o caráter doutrinal mateano que quer instruir a sua comunidade sobre os diversos aspectos do Reino dos Céus, segundo Rafael Aguirre Monasterio:

Cada discurso contém a sua própria unidade literária e temática; apresentam diversos aspectos do Reino dos Céus e há uma progressão entre eles. Sinteticamente apresento as características de cada discurso. Embora, a partir da perspectiva pedagógica, nada se pode suprimir do trabalho de cada um sobre os textos para descobrir a sua construção literária, sua unidade temática e de onde procedem os materiais.

a) Mt 5, 1-7,29; O Sermão da Montanha: Jesus proclama o Reino dos Céus e as suas exigências.

Neste capítulo há uma comparação deste discurso com o paralelo de Lc 6, 20-49 para descobrir como o primeiro Evangelho compõe e utiliza as fontes. Do ponto de vista sicrônico, o plano do Sermão da Montanha é o seguinte:

- Introdução (4, 23-5,2).

I. Exórdio; as bem-aventuranças do Reino dos Céus (5,3-12) e a missão dos discípulos (5, 13-16).

II. A justiça do Reino dos Céus (5, 17-7, 12).

A. A Lei cumprida pela justiça mais perfeita de Jesus (5, 17-48).

B. A justiça feita em segredo (6, 1-18).

C. O compromisso total exigido pela justiça do Reino (6, 19-7, 12).

III. Final:  colocar em prática a palavra (7, 13-27).

Na Introdução se afirma que Jesus se dirige aos discípulos, como telão de fundo uma grande multidão e nu contexto de especial solenidade (5, 1). Jesus proclama as exigências vitais do Reino dos Céus. Esta palavra, tão característica do vocabulário de Mateus, se repete nos momentos chaves, “justiça” (5, 6.10.20; 6, 1.33): trata-se da perfeição moral que corresponde ao discípulo de Jesus. As bem-aventuranças que encabeçam o discurso e que são originariamente a proclamação da alegria da chegada do Reino, têm sido reiterpretadas por Mateus em chave moral. Preocupam a perseguição (5,11-12), a manutenção da radicalidade cristã quando o fervor decai (5, 21-48; 6, 19-7, 12), a missão (5, 13-160, a coerência prática (7, 13-27) e as relações com o judaísmo (6, 1-18; 5, 17-48).

b) Mt 9,35 - 10, 42: O discurso missionário: A extensão do Reino dos Céus.

O discurso é dirigido aos discípulos e na introdução (9, 35-38) dá-se a razão da missão: a misericórdia de Jesus pelo povo e o prêmio escatológico “a messe é grande e poucos os operários”). Também, este discurso é composto de materiais de diversas procedências. Distinguem-se três partes: 1.) 10, 1-5 a, o envio e a lista dos doze (Mc 3,13-29); 2.) 10, 5b-16. Instruções referentes à missão no tempo de Jesus (Mc 6, 8-11 e Lc 10, 3-7); 3.) 10, 10, 17-42, instruções que refletem a situação da missão pós-pascal (paralelos principais: Lc 12, 2-9; Mc 13, 9-13).

O Reino dos Céus proclamado no Sermão da Montanha deve ser extendido e apesar da perseguição, contando com a assistência do Pai. É muito clara a atualização eclesial destas palavras de Jesus. É um discurso particularmente bem inserido na trama narrativa. A missão dos discípulos é descrita com as características da missão de Jesus nos capítulos 4 a 9, por sua vez preparam-se as reações nos capítulos 11-12. Depois, desenvolveremos estas observações.

c) Mt 13, 3b-52; O discurso em parábolas: A natureza do Reino dos Céus.

O discurso consta de sete parábolas e é bem estruturado.

- Introdução (13, 1-2). Multidão

- A multidão. Parábola do semeador (13, 3-9)

* Três parábolas de crescimento:

joio (13, 24-30);

mostarda (13, 31-32);

fermento (13, 33).

- Aos discípulos.

* Duas explicações; razão das parábolas (13, 34-35);

Explicação da parábola do joio (13, 36-43).

* Três parábolas:

tesouro (13, 44);

pérola (13, 47-52).

Rede (13, 47-52).

- Conclusão (13, 51-52). Discípulos.

Em relação ao capítulo 4 de Marcos, Mateus omite uma parábola (4, 26-29), mas acrescenta cinco (Mt 13, 24-30.33.44.45-46.47-50). Há uma dupla pregação; a multidão em parábolas (13, 1-33), aos discípulos são instruídos com maior profundidade (13, 36-52). O que está em evidência é a natureza do Reino dos Céus. É isso o que explica as distintas reações que Jesus e os discípulos encontram em sua pregação.

d) Mt 18, 3-34: O discurso eclesiológico: A comunidade que aceita o Reino dos Céus.

Também, está composto com materiais de diversa procedência (18, 1-5 = Mc 9, 33-37; 18, 6-9 = Mc 9, 42-50; 18, 10-14 = Lc 15, 3-7; 18, 15-35, breve contato com Lc 17, 3-4). O enlace das tradições tão variadas se realiza través de “palavras de engate”: “criança” (2, 3.4.5) ponto de ligação com “pequenos” (6.10.14).tudo isto, foi reelaborado e colocado ao serviço de um discurso unitário, dirigido aos discípulos (18, 1-2). Está em jogo como deve viver a comunidade que aceita o Reino dos Céus. Concretamente o que preocupa são as divisões internas na comunidade, o pecado e a situação dos irmãos fracos. A Igreja local (Ekklesia duas vezes no v. 17). Apresenta um procedimento para solucionar os conflitos (18, 15-20), porém, tem como paradigma último da atuação a misericórdia infinita de Deus; o comportamento cristão deve procurar identificar-se com a misericórdia do Pai (18, 21-35; Cf. 5, 48).

e) Mt 23, 1 - 25, 46: O discurso escatológico: Preparados para a vinda do Reino dos Céus.

É um discurso longo com duas partes nitidamente diferenciadas: o capítulo 23 faz uma retrospectiva, e é a ruptura com o judaísmo; os capítulos 24 e o 25 protejam para o futuro, espera a vinda definitiva do Reino. Contudo, trata-se de um só discurso: Mateus eclimina Mc 12, 41-44 (Lc 21, 1-4), que teria de ir imediatamente antes do capítulo 24, para não romper a unidade discursiva; uma troca do tema e do lugar semelhante ao de 24, 1 se encontra também em 13, 36 e 18, 21.

Como sempre, Mateus compõe usando diversas fontes (23, 1-36 == Mc 12, 37b-40 e Lc 11, 37-52; 24, 1-36 = Mc 13, 1-31; 24, 37-41 = Lc 17, 26-35; 24, 43-51 = Lc 12, 29-46; 25, 14-30 = Lc 19, 11-27). destaca o trabalho redacional para terminar com seis parábolas que, desta perspectiva diferente, se referem às atitudes exigidas diante da vinda definitiva e em plenitude do Reino dos Céus.

Os discursos realçam a magnífica construção literária e a progressão teológica de Mt. Os dois discursos mais longos são o primeiro (cap. 5-6-7) e o quinto (cap. 23-24-25). As parábolas de Jesus sempre estão atualizadas eclesialmente, mas os discursos, o segundo (10) e o quarto (18) mostram um interesse eclesial mais explícito. Destaca-se a importância do terceiro discurso (13), o central, quem sabe, o melhor construído, e que fala diretamente e em linguagem poética do Reino dos Céus”.

A vinda de um messias era a grande esperança do povo nos tempos de Jesus. Mas havia concepções diferentes a esse respeito. Os escribas e fariseus, por exemplo, esperavam um messias parecido com um escriba que viesse para explicar todas as leis. por isso não souberam enxergar em Jesus de Nazaré o Messias prometido. Até hoje, os judeus, também os daqui da nossa região, esperam pela vinda do Messias. Negam qualquer traço do messias em Jesus. Reafirmamos o que já se professa em nossas comunidade: Jesus de Nazaré é o Messias, o Cristo! É realmente a nossa profissão de fé, a mesma profissão de fé do apóstolo Pedro. Em nossas comunidades; sempre lembramos esse momento importante da vida de Pedro e dos outros apóstolos. É sobre essa fé em Jesus, o Cristo, o Messias, o enviado do Pai, que se baseia a vida e a caminhada das nossas comunidades. Só o povo pobre, os pequenos, reconheceram em Jesus o Messias. Os escribas e os sumos sacerdotes nunca quiseram reconhecer em Jesus o Messias. Ao contrário, fizeram disso o motivo de condenação de Jesus.

Jesus não foi um Messias-escriba, como os doutores da lei imaginaram e queriam. Não foi também um Messias-triunfalista político nacionalista, como grupo dos zelotas esperava. Jesus é o Messias que liberta os pobres e cura os doentes, assumidos as dores do povo. Jesus é o messias-servo-sofredor, do qual tanto falou o profeta Isaías. Jesus é o messias pobre que veio não só para os judeus. Ele veio para trazer a todos os povos e a libertação a todos os pobres da terra.

Mateus 5, 1-2 e o livro do Êxodo 24, 1-2 possuem uma semelhança incrível. O Êxodo apresenta o Livro da Aliança, as Palavras de Deus, já Mateus apresenta os Ensinamentos do Reino, Palavras de Jesus. Moisés sobe à montanha com um grupo escolhido, que fica à distância, enquanto ao povo não se permite subir. No Evangelho, vendo multidões, Jesus sobe sozinho e depois os discípulos o seguem a um lugar não determinado onde o encontram sentado; quanto às multidões, não sabemos onde ficaram. Teria sido na montanha, uma vez que, quando Jesus desceu “seguiam-no multidões numerosas” (8, 1)? Ou não teriam e, nesse caso, o “seguiam-no” teria apenas um sentido metafórico? O evangelista evitou indicar o local para manter a identificação entre as multidões e o povo hebreu a quem se proibia subir à montanha. Esse ponto obscuro ficará esclarecido em Lucas.

Demonstrado que o Evangelista narrador imita o Livro do Êxodo é preciso ainda dizer que ele apenas comparando uma montanha com outra, os discípulos de Jesus com os anciãos de Israel, multidão com multidão, Jesus com Moisés. Está também comparados os ensinamentos de Jesus com os de Deus, consubstanciado no Livro da Aliança. Na verdade, o Evangelista não se contenha com fazer uma comparação: aos antigos ensinamentos, ele claramente prefere os novos, porque tinha passado o tempo dos símbolos, substituído que fora pelo tempo de cumprimento. Assim como em Jesus se cumpriram as profecias, assim também o Livro da Aliança cumpriu-se nos ensinamentos de Jesus Na montanha. Como ele mesmo o disse: “Não vim ab-rogar a lei, mas cumpri-la. Os ensinamentos de Jesus são a Nova Aliança, que devem ser guardadas pelos fiéis como os judeus guardaram a Antiga Aliança agora anulada.

Os judeus insistem que a obra de Jesus de Nazaré não tem nada a ver com as promessas antigas. Contudo, afirmamos com plena consciência e com grande alegria, que Jesus é a realização plena e total de todas as promessas antigas. Portanto, Jesus é o Messias, não mais precisamos esperar outro, pois Ele o é. É a realização plena de todos os nossos anseios e das nossas aspirações mais autênticas e mais profundas. Portanto, Jesus é o Messias esperando, que Mateus o prova repetindo as expressões “houve isto para que se cumprisse o que dissera o Senhor por meio do Profeta ....” Assim, comprova o Evangelista Mateus, cumpriu a Sagrada Escritura e a Sagrada Escritura foi cumprida por Jesus.

1.1.1. MESSIAS QUE PROCLAMA O REINO DE DEUS

Jesus é o Evangelho para Marcos. Jesus é o Ungido pelo Espírito e, por isso, o capacita para combater a Satanás e proclamar eficazmente o Reino de Deus. No contexto do batismo, marcos apresenta a unção messiânica de Jesus na linha do Servo de Yahweh: recebe o Espírito e Deus o proclama Filho – Servo - Profeta. A sua primeira atuação, em seguida, impelido pelo espírito, será enfrentar-se com Satanás, vencê-lo e, sendo o mais Forte Despojá-lo. O seu ministério vai consistir precisamente nesta ação de despojamento, cumprimento do evangelho prometido por Deus, resumido no sumário que segue: completou-se o tempo da espera, chegou o tempo da salvação oferecido por Deus, já começa a irrupção do reino. Diante desta nova situação histórico-salvífica, os homens hão de responder com a conversão e a fé. O resto do capítulo é dedicado a apresentar os sinais que explicam o alcance do reino que começa. É significativo que a primeira ação-sinal de Jesus seja a escolha do discipulado, com isto se apresenta o novo povo que implica a chegada do Reino, que é essencialmente comunitário. Por isso, a partir deste momento, Jesus aparecerá sempre em companhia de seus discípulos. A continuação, na sinagoga de Cafarnaum, ensina com autoridade, não se diz o que, mas, à luz do contexto aparece claramente que o Reino, atitude própria de quem confia estar numa posição especial dentro dele; junto a isto, liberta a um endemoninhado, manifestando o seu poder sobre Satanás. A continuação, a cura de um enfermo, significa que o Reino implica destruição da enfermidade. Um sumário geral generaliza e resume em exorcismo e curas, os sinais do Reino e, em seguida, um sumário-anúncio apresenta Jesus realizando em todas as sinagogas da Galiléia o que havia realizado em Cafarnaum. Termina o capítulo com a cura de um leproso, enfermidade considerada igual a uma morte. Com tudo isto, o Reino é uma força que tende a criar o novo povo de Deus, a destruição de Satanás, a dor e a morte.

Qual é a natureza do Reino?    O Reino de Deus é uma fórmula abstrata. Como todas as hebraicas, é preciso interpretá-la de forma concreta, de acordo com o caráter desta língua. Por isso, “Reino de Deus” é o mesmo que “Deus reina”. Os contemporâneos de Jesus imaginavam a futura ação salvadora de Deus em função de sua onipotência. À luz desta premissa, era concebida como irrupção irresistível do poder divino neste mundo para destruir a Satanás e aos ímpios e para criar um mundo novo para os justos. Jesus , em contrapartida, parte de outra premissa, que troca radicalmente o sentido de Reino: o Deus que começa a reinar é o Pai e a  irrupção de seu poder está ao serviço de sua revelação como Pai. E como pai é uma realidade correlativa - somente pode ser chamado de pai quem tem um filho -, a sua ação consiste em criar uma multidão de filhos, que livremente aceitam esta nova relação salvadora com ele. Pois bem, afirmando que todos os homens são pecadores, a ação divina há de voltar-se em primeiro lugar ao perdão dos pecados e a transformar o coração dos homens, para poder fazê-los filhos e, inseparavelmente, irmãos, membros solidários do novo povo de Deus. Isto explica a atuação de Jesus, incompreensível para os seus contemporâneos. Proclama o início do Reino de Deus, e em lugar de fazer o fogo divino sobre os pecadores, se dirige a eles, oferecendo-lhes o perdão de Deus, come com eles, e os chama ao seu seguimento. Este dinamismo salvador além de ser radical, é total e tende à transformação e salvação de toda a pessoa, libertando-a da ignorância, opressão, dor, morte e de Satanás, última causa de todos os males. Como sinais desta realidade, Jesus liberta os endemoninhados, cura enfermos e revivifica os mortos.

O Reino é uma realidade já presente e futura, duas fases dinamicamente relacionadas entre si, dentro de uma mesma História da Salvação. Começa neste mundo, convertido pela irrupção do Reino de Deus em Kairós, é o tempo da salvação, mas o transcende e se consuma no mundo de Deus. O Antigo Testamento foi o tempo da promessa do Evangelho; com Jesus iniciou-se o cumprimento, mas agora somente é o começo, na pobreza e na debilidade; contudo, nesta pobreza está encerrada a grandeza do futuro, que não falhará, porque Deus é o protagonista. No presente se manifesta no perdão, que possibilita a transformação do coração, e na vida filial e fraternal, que deve ser acompanhada dos sinais do mundo novo (“expulsar demônios”, curar, ressuscitar); no futuro, que s consumará com a parusia de Jesus, será o “banquete com vinho novo” (Mc 14,25), a “salvação” (Mc 10,26), “vida eterna” (Mc 10, 17.30), “herança” (Mc 10,17), enquanto que, por um aspecto, é essencialmente dom, e por outro implica cooperação para recebê-lo. Entre o presente e o futuro situa-se a Eucaristia, sinal do Reino presente e garantia do reino futuro.

Os agentes do Reino são Deus e Jesus. Ao homem somente se pede recebê-lo. Deus é o protagonista. A mesma fórmula Reino de Deus indica claramente quem é o sujeito que vai realizar esta ação. Deus o promete, o revela, o realiza e dispõe dele.     Jesus se distingue do Reino, mas às vezes se identifica dinamicamente com ele. Por uma parte, a sua ação está totalmente ao serviço do Reino, atuando como o arauto que o proclama com palavras e sinais e, por outra, é o enviado que o realiza em sua pessoa; por isso é autobailéia (Orígenes), personificação do Reino, que assim já não é uma teoria, nem um projeto, mas, uma pessoa: recebê-lo é receber o Reino. Marcos sublinha este caráter cristológico e apresenta Jesus compartilhando a “glória” ou o poder salvador do pai, chega a esta realidade pela sua morte e ressurreição. Embora, sejam conceitos diferentes, evangelho e Reino de Deus, contudo, em Marcos têm muitos aspectos comuns a Jesus.

E a ética do Reino? Quanto ao homem, pede-se uma elaboração que consiste essencialmente em deixar-se “dominar” e transformar-se por Deus. Como “herança”, o Reino exige colaboração. Esta consiste basicamente na conversão e na fé, reconhecer a própria pobreza radical e entregar-se a Jesus e à sua obra. Por isso, o discipulado explícito é uma forma histórico-concreta de acolher o Reino. E, como este é filiação e fraternidade vivida em discipulado, Jesus convida ao seu seguimento, assumindo as implicações morais da filiação e da fraternidade, que expõe depois de cada um dos anúncios da morte e ressurreição. Viver estes valores é a forma concreta de segui-lo até a morte e a ressurreição e, por outra parte, condiciona o mesmo conhecimento da pessoa de Jesus. Consiste em realizar tudo aquilo que favorece à filiação-fraternidade, como: tornar-se “criança” (Mc 10, 15), compartilhar os bens (Mc 10, 18.21), o serviço (Mc 10, 43s) e, pelo contrário, evitar o escândalo do crente fraco (Mc 9, 47), o coração duro que deforma o matrimônio (Mc 10,2-12) e o afã de possuir (Mc 10, 17-27) e de dominar (Mc 9, 23-36; 10, 41-45).

A proclamação do Reino consiste em palavras e sinais, a dupla faceta da revelação, Jesus realizou uma série de sinais que tinham como finalidade explicar a sua obra, começando e garantindo o seu pleno cumprimento no futuro. Entre eles encontram-se os conhecidos como “milagres e outros, como o perdão dos pecados e as vocações que, embora não sejam consideradas tecnicamente como milagres, igualmente revelam o Reino. Em Marcos tem muita importância, ocupando um lugar de destaque na revelação do reino, do qual manifestam as suas diversas facetas e o seu dinamismo salvador.

Os exorcismos mostram que Jesus, o Messias possuidor do Espírito, é o Mais Forte (Mc 3, 27) que vence a Satanás e os seus demônios, última causa teológica de todos os males. Isto significa que, com a presença do Reino, já não existe nenhum mal que possa ser considerado definitivamente inevitável. Todo o mal será destruído, já não há motivo para o fatalismo. Jesus começou esta luta, na qual devem cooperar todos os seus, até alcançar a vitória final, que será realizada na sua parusia. De acordo com a mentalidade dos contemporâneos de Jesus, os espíritos impuros estavam na origem das enfermidades e desgraças. É uma concepção que reflete uma visão religiosa do mal, que vê a desordem do mundo a partir da revelação, ângulo diferente das causas imediatas experimentais. Em Gn 3 e Sab 2, 24, Satanás é a causa teológica de todo o mal físico e moral, que não corresponde ao plano original de Deus. E quando a presença do mal se torna muito evidente, como no caso de um pecador empedernido ou de uma crise nervosa que produz manifestações aparatosas, o judeu vê nisto uma presença especial de Satanás ou de um demônio. Jesus ao atuar neste contexto sócio-religioso, curando o enfermo, mostra a sua superioridade sobre Satanás. As curas são sinais que mostram o dinamismo final do Reino procurando a destruição da enfermidade e da dor. Igualmente a revivificação de um morto é sinal da ressurreição. Os chamados milagres sobre a natureza, revelam Jesus como o senhor da criação e o alcance cósmico do dinamismo do Reino, que criará “novos céus e nova terra”. A cura do paralítico mostra que o dinamismo do Reino tende à salvação de toda a pessoa. A multiplicação dos pães revela Jesus como Bom Pastor, que congrega e alimenta o novo povo, que nasce pela presença do Reino. Junto aos “milagres”, há outros sinais não menos importantes: o perdão dos pecados mostra que o reino já presente é libertação radical e transformação do coração do homem. As vocações mostram que o reino é uma nova fraternidade em torno de Jesus, e por outra parte as pretensões messiânicas deste; a vocação dos doze (Mc 3, 13-19) mostra estas mesmas pretensões de Jesus, que é o enviado para criar o novo Israel em torno de si.

Assim as obras de Jesus têm caráter escatológico e cristológico, revelando o Reino de Deus e o mistério de sua pessoa. Marcos sublinha uma atitude de admiração por parte do povo com a finalidade de convidar o leitor a admirar-se e colocar as grandes perguntas; que é isto? Quem é este? Esta admiração é um passo prévio à fé.

1.1.2. VISÃO LUCANA DO REINO

Para bem apresentarmos este ponto invocaremos o estudioso Antonio Rodriguez Carmona:

A salvação radical e universal

Há uma estreita relação entre estes diversos aspectos. Por uma parte, Lucas sublinha a importância do perdão dos pecados,, afesis ton harmartion, até o ponto que, com freqüência, resume com isso toda a obra de Jesus (Lc 1, 77; 3,3; 4, 18; 24,47; At 2, 38;5,31; 10, 43; 13, 38; 26, 18). Trata-se da salvação radical, que liberta o homem do coração e pedra e lhe dá um coração novo, aspecto ao qual jamais chegam as salvações pagãs. Por outra parte, esta libertação radical implica um dinamismo libertador, que conduz a libertação a todo tipo de escravidão (cf. Lc 4, 16-22), onde Jesus se apresenta oferecendo uma libertação (afesis, duas vezes), cumprindo assim a promessa do ano jubiliar, que implica a abolição de toda a escravidão. Por isso, a oferta deste perdão está associada à libertação das demais escravidão e Lucas une de uma forma íntima os aspectos materiais e espirituais da salvação; assim, em At 4, 9.12, o verbo salvar é aplicado tanto na cura do paralítico como na salvação escatológica em geral, e em Lc 5, 20 a cura do paralítico confirma o poder que Jesus tem para perdoar os pecados (cf. Lc 13, 16). Jesus autentica desta forma a sua missão, apresentando-se como iniciador e criador do Ano da Graça de Yahweh, dando já o perdão dos pecados, libertando de Satanás, sinal da presença do Reino (Lc 11, 20), evangelizando aos pobres e realizando outros sinais que anunciam a futura libertação da dor e da morte (Lc 7, 18-23; 21, 28), igualmente, a Igreja há de autenticar a sua missão, compartilhando os bens e realizando a promessa do Ano Jubiliar, que anunciava uma comunidade na qual não haveria pobres (cf. At 2, 42-47; 4, 32-36).

O Reino de Deus. Lucas-Atos emprega 42 vezes o Reino de Deus, mas aparentemente este conceito não ocupa o lugar central como em Marcos e Mateus. Assim, por exemplo, marcos e Mateus resumem desde o primeiro momento o ministério de Jesus na proclamação do reino (Mc 1, 14s; Mt 4, 17.23), contudo, Lucas o faz na obra profético-salvadora de Jesus (4, 16ss) e não menciona o reino até o sumário de 4, 43. Embora a realidade significada pelo Reino de Deus seja central, Lucas a traduz por outras categorias teológicas, como salvação, amor; misericórdia. Com estas, ajuda a compreender as implicações atuais do reino já presentes por em Jesus. Jesus  proclamou o início do Reino, isto é, o início do Ano da graça com as suas implicações de amor e misericórdia, e a Igreja, testemunha de que o Reino está vinculado a Jesus ressuscitado (At 1, 3), proclama o Reino e a Jesus ressuscitado (At 8, 22; 14, 22; 19. 8; 20, 25; 28, 23.31) com todas as suas implicações, resumidas na oração e no partilhar (At 2, 42-47; 4, 32-35).

Estes diversos aspectos da salvação realizam-se ao longo das etapas do caminho num processo histórico-escatológico. Começa em nossa história concreta, na qual já irrompe através dos profetas (Lc 3, 1-3), Jesus e a Igreja, mas se consuma transcendendo a história humana, na parusia de Jesus (Lc 21, 28), que manifestará a plena libertação.

1.2. JESUS É O MISSIONÁRIO QUE ANUNCIA E REALIZA O REINO DE DEUS

O anúncio e o testemunho do Reino de Deus é a missão das nossas comunidades. Isso implica em nossa adesão profunda e numa luta constante para realizar as exigências do Reino entre nós e no meio do povo.

Pelo depoimento dos que conviveram com Jesus, é impressionante constatar como o anúncio do Reino foi a grande paixão de Jesus. Jesus foi o grande missionário do Reino. Através de ações concretas, como a cura dos doentes, a expulsão de demônios, a partilha dos bens, Jesus revela o sentido do Reino. A sua própria pessoa e a sua prática eram o reino em andamento. Quem quisesse saber algo sobre o Reino, era só olhar para a vida e a prática de Jesus. Ele revelava e realizava as obras do Reino. Não foi fácil anunciar o Reino. Provocou muitos conflitos, violência, oposição por parte de pessoas e de forças contrárias. Jesus, o missionário do Reino, é o símbolo e a luz para o nosso próprio trabalho missionário. É tão importante o anúncio do Reino com suas exigências e conseqüências, que recolhemos várias parábolas de Jesus que falam sobre esse assunto. Essas parábolas revelam o que Jesus entendia por Reino e como anunciava. Jesus não se pertencia. Ele pertencia à causa do Reino. Esse era o sentido da sua vida. Convidava os discípulos a abraçar a causa do Reino como a coisa mais importante. Não se pode separar o seguimento a Jesus da luta pelo Reino. Publicamente, Jesus pregava a conversão ao Reino. Era a proposta radical que dirigia a todos. Nem sempre conseguia efeito positivo. Abraçar as exigências do Reino significa romper com os outros, os reinos da morte. As parábolas devem ser meditadas para que tenhamos sempre a esperança, a firmeza, a coragem e muita paciência, afinal, é a Sagrada Escritura  sendo aplicada na minha história própria, para que eu possa entender melhor os acontecimentos, os conflitos, os desafios. Seguir o Reino é viver sem se pertencer à exemplo de Jesus.

Vejamos como descreve Michael Schmaus sobre a expressão “Reino de Deus”:

A expressão “Reino de Deus” não significa em primeiro lugar uma realidade política ou geográfica, designa antes a ação histórica-salvífica de Deus ... A proclamação do Reino de Deus feita por Jesus, tanto sob o aspecto de seu enquadramento histórico quanto de sua novidade radical, só pode ser entendida sobre o fundo da doutrina e das esperanças vétero-testamentárias e vétero-judaicas a respeito do reinado divino. No Antigo Testamento, o conjunto do que Israel esperava do futuro ficou resumido no conceito de Reino de Deus. Talvez a aliança do Sinai fossse entendida já como uma aliança real ...

O reinado divino que se estende sobre toda a criação mediante as ações salvíficas de Deus foi se concentrando cada vez mais no povo constituído e formado pela vocação de Abraão, de Moisés e de Davi. Deus é de modo especial rei de Israel de seu povo, do povo divino. O povo de Israel consagra-lhe no culto cantos reais ...Ele se curva ao reinado de Deus.  O Espírito de Deus será a força vital desse futuro reinado. O Antigo Testamento é a história do reinado de Deus.

O reinado de Deus irromperá como juízo sobre toda a vanglória humana. Só serão subtraídos a seu terror os que se converterem a Deus mediante a penitência e a renovação interior ... Seu realizador já está no meio do povo, porém, é desconhecido.

Jesus assumiu as esperanças e ilusões postas no Reino de Deus, mas lhes imprimiu uma forma radicalmente diversa. Despojou-se de todo aspecto político-nacional, conferindo-lhes perspectivas universal ... Cristo construiu o reinado de Deus buscando e salvando o que estava perdido.

O reino de Deus é uma dádiva divina. Em certo sentido, Jesus morreu segundo a vontade do Pai. O fundamento de que só a morte e a ressurreição foram o meio para a total instituição do reinado de Deus mediante Jesus Cristo, está em que pela entrega total de Jesus – como representante de toda a humanidade – à vontade do Pai foi em princípio superada a rebelião contra Deus no começo e dentro da história humana.

A forma suprema do reinado divino, que nos chega pela mediação de Cristo, será, pois, o autêntico encontro salvífico com Deus Pai por Jesus Cristo no Espírito Santo. Com sua esperança do reino de Deus, o cristão supera as mais radicais projeções para o futuro..

1.3. JESUS, O NAZARENO E JOÃO, O BATISTA.

O início da atividade pública de Jesus, seu desenvolvimento e conclusão trágica encontram uma analogia precisa nas vicissitudes do profeta do deserto, apresentado pela tradição evangélica como precursor do Messias. Em contraposição a esse dado evangélico, parece impressionante o silêncio total de Paulo e da sua tradição quanto à figura e atividade de João Batista. Silêncio comparável ao que os mesmos escritos paulinos guardam sobre a atividade histórica de Jesus. Sem o testemunho evangélico, João batista e sua mensagem teriam sumidos da face da terra, seja aos grupos da época, seja aos movimentos que povoam o universo religioso judaico e nos inícios da era cristã.

Logicamente passaram-se alguns anos. Jesus é agora um homem e vem para se batizar no Jordão. Mas o tempo aqui não tem importância. O menino era expressão e centro do mistério de Cristo e da igreja. Agora também no Jordão e nas palavras do batista, concentram-se os aspectos que esse mistério apresenta. A passagem dos anos não interessa. Tudo pode começar com as vagas palavras: “Naqueles dias....

Naqueles dias surge João Batista. Sua voz se localiza vagamente, no deserto de Judá, lugar de preparação profética. Aquele deserto que é caminho de volta para a pátria no II Isaías, converte-se em sinal do Senhor, prólogo messiânico. Poderíamos afirmar que, deste modo a genealogia de Jesus fica ampliada: não surgiu apenas de Abraão e de Davi, daquele espírito de Deus que infunde alento em nossa terra. Jesus provém ao mesmo tempo, do deserto da profecia que prepara o caminho do senhor sobre a terra. Procede, igualmente, deste anuncio de João que, no deserto, dispõe o povo pregando penitência e proclamando o reino.

João foi sem dúvida um mensageiro do reino que se aproxima. Suas palavras pareciam, entretanto, de preferência negativas: “É preciso arrepender-se e selar com o batismo a verdade que se implorou”. Segundo a tradição, Jesus veio batizar-se com João. A Igreja viu em João e na sua mensagem um precursor do Cristo. Mateus o precisa: João proclama aquelas mesmas palavras de Jesus e da sua Igreja: “arrependei-vos, pois se aproxima o reino dos céus. Mas em João o reino é apenas anúncio. A verdadeira realidade se expressa com o Cristo que supera o judaísmo isolado e nos conduz ao juízo escatológico. Jesus batizou com João, embora fosse na verdade poderoso. Deste modo cumpre a justiça e faz sua  a busca do homem e a esperança de Jesus que se concretize no Batista. Assim culmina todo o Antigo Testamento.

A plenitude de Deus irrompe e o seu mistério se revela. Saía Jesus da água, depois de batizado quando de repente  se abriram os céus e viu o Espírito de Deus descer como pomba, vindo sobre ele; e então uma voz, vinda dos céus, disse:

Este é meu filho querido, em que me comprazo.

Contamos outra vez com elementos conhecidos. O espírito de Deus sobre Jesus; Deus que aceita e o mostra como seu. Jesus não é apenas “Deus entre nós é também filho querido. A plenitude de Deus inclui, como um momento seu, o seu, o ser humano, de Jesus, o Cristo. Jesus só se entende à maneira da expressão do Pai, efeito da força do Espírito. As suas obras e palavras serão revelação desse Deus que o chamou seu “filho”, serão uma função do Espírito Santo que vem dirigi-lo.. Com isso entende-se a polêmica de João com os representantes de Israel, os Fariseus e os Saduceus. Alguns judeus escutam João e se batizam; desta forma se preparam para o reino, para o novo batismo no espírito de Cristo; Judeu autêntico é aquele que caminha com João para o novo. Há outros, porém - que se fecham; vêm por curiosidade e não fazem sua exigência de conversão.

Judaísmo de mentira é o que diz que “já basta ter o seu”; ser filho de Abraão é suficiente. João, ao contrário, sabe que não basta continuar sendo judeu. Requer-se penitência. Deus pode suscitar filhos de Abraão dentre as pedras. A filiação de Abraão, a herança do dom de sua promessa, é decisiva. No entanto, essa filiação não se obtém pela linha da carne, mas só com a fé naquele que vem (o Cristo). Também aqui se voltou ao sinal dos magos, ao fundamento permanente de Mateus: Israel permanece de fora; os gentios chegaram.

Mas, para onde nos dirige, de fato, o Cristo? Não há dúvida: dirige-nos para o reino. No caminho se exige penitência e boas obras. E depois? No final encontra-se o juízo desse reino: o machado já está erguido; está chegando a grande do destino. Pois bem, o decisivo é saber que o juízo já é função desse Jesus, do Cristo: ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo. Tem em suas mãos a pá e vai limpar a sua eira; vai recolher o seu trigo no celeiro; quanto à palha, vai lança-la numa figueira que não acaba.

A penitência que João proclamou se abre em Jesus o Cristo, à nova realidade do Espírito de Deus, no qual tudo se pode transformar. Como Espírito, é verdade; mas, ao mesmo tempo, é fogo e morte. Exige uma mudança decisiva, o fim do mundo antigo. Esse Espírito conduz nossa vida para o que é novo e ao mesmo tempo acusa a decadência, o fracasso que consiste em não aceitar a salvação de Cristo e em ficarmos sós. A salvação se nos apresenta, deste modo, como juízo. Mas isso não é decisivo. O que é grande e decisivo é que Jesus, um homem, tenha agora o poder de Deus; salva e condena. Em outras palavras, a plenitude de Deus; salva e condena. Em outras palavras, a plenitude de Deus é, a partir de agora, a plenitude humana de Jesus, o Cristo.

Sendo homem verdadeiro, Jesus é, também, a realidade de Deus para nós. Por isso o reino dos céus não é outra coisa senão o juízo e salvação daquele que vem, o Cristo. Nosso destino é ser trigo de Jesus em seu celeiro (o reino) ou fracassar, ao converter-nos em palha que se queima sem cessar no vazio da morte. O tema de Cristo com “juiz universal”, como origem do mundo renovado, vem a ser em são Mateus um centro orientador de todo o evangelho; anuncia-se aqui no prólogo, volta a repetir-se sempre de novo e aparece, lá no fim, com arremate no grande juízo.

Jesus “foi concebido do Espírito Santo”. Com esta constatação abre-se uma das perspectivas mais profundas da pessoa de Jesus. Tudo é absoluta iniciativa de Deus; a humanidade é sobremaneira agradecida. Devemos voltar a este início para aprendermos a íntima ordem da nossa vida: Deus é origem de tudo o que é bom, de tudo o que é santo, pois Deus é a Bondade, a Santidade. A vocação do Salvador não se reduz a um despertar da consciência, das potencialidades latentes de sua humanidade. Este Salvador não é a simples “encarnação” dos anseios pela libertação da humanidade. Jesus é totalmente de Deus. Sendo igual a nós, ele é aquele que procede de Deus e é Deus. Por isso, em Jesus, a grande originalidade consiste em que Deus não é mais confundido nem com uma criatura, nem com algum fato, mas será verdadeiramente Deus. E como tal, será amado e adorado.    A absoluta abertura para Deus, e a total relativização de tudo o que é humano, se nos manifesta no sermão da montanha e tem aqui sua raiz: “O que nele foi concebido, veio do Espírito Santo”.

O segundo aspecto, não menos extraordinário, oculta-se no próprio nome de “Jesus” (Deus é Salvador). O nome de Jesus parece ser requente entre os judeus. Mas, no contexto do evangelho de Mateus, o nome se reveste de toda a sua divina significação. Yahweh é salvação. Nesta existência humana, neste homem mortal de Nazaré está realmente o Deus imortal. Jesus não é “portador” humano de uma mensagem divina. Deus, em Jesus, revelar-se-á imediatamente, pois, nos caminhos sem esperança, nas lutas de desespero da humanidade, doravante estará presente o próprio Deus. Visto que homem jamais alcançaria realizar sua antiga aspiração de se tornar imortal, de se aproximar dos “deuses”; Deus realizou, em Jesus, o inacreditável: Deus se tornou mortal, se aproximou-se de nós. Todavia, abre-se uma outra perspectiva: “Tu lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. Assim o evangelho de Mateus distancia-se claramente de uma esperança secular dos judeus. Estes estavam habituados a esperar por um messias político. Eles julgavam que a própria Bíblia justificasse sua escatologia davídica, segundo a qual o salvador deveria ser um restaurador político. Nesta visão interpretavam-se os textos de 2Sm. 7, 12ss: “Suscitarei depois de ti a tua posteridade; aquele que sair de tuas entranhas; o firmarei para sempre o trono do seu reino...

O salmo atribuía a Salomão (extra bíblico, mas entre os judeus de uso litúrgico) 17, 21ss confirma eloqüentemente tal expectativa de uma restauração política: “que (o filho de Davi) aniquile os poderosos ímpios e purifique Jerusalém dos pagãos, que pisaram indigna e miseravelmente esta cidade... para que ele o destroce com vara de ferro... Então ele reinará um povo santo”...

Claramente, diz Mateus, aquele que vem do Espírito Santo não será, primeira a diretamente, o libertador político, mas “salvará o seu povo de seus pecados”.

Aqui está um dos grandes paradoxos do Novo Testamento. Jesus é o Deus Santo, e assim, Salvador no meio dos homens. Todavia Ele será o Deus que Salva, não pela humilhação dos outros, mas por sua própria humilhação e destruição. Assumiu a existência de homem mortal para poder perecer em lugar do homem pecador. Em São Paulo, ainda ouviremos a afirmação de espanto: “aquele que não havia conhecido pecado, deus o fez pecado por nós, para que nós nele no tornássemos justiça de Deus. A iniciativa de Deus estará encarnação divina no humano. Mas a mesma iniciativa estará na absorção total do humano para Deus, na morte afrontosa de Jesus, na cruz. E finalmente a mesma iniciativa de  Deus se completará na eterna glória que deus terá nesta humanidade ressuscitada e eternizada: “Deus o fez Senhor e Cristo.

Portanto, Jesus é criatura. É um ser, de per si, indigente. Precisa receber um nome, porque a criatura é fadada à insignificância do eterno anonimato. O nome (“nomen est omen”) quer significar na criatura algo que ultrapasse o simples ato do nascimento que tem em si a necessidade da morte. Em Jesus, o próprio Deus eterno é esta nova e última verdade. O homem será imortal, porque Deus se tornou mortal. Nascendo duma mulher. Deus se reveste desta nossa existência pecadora, para que o homem se revista da santidade de Deus. Jesus, verdadeiramente criatura, é Deus vestido de nossa mortalidade.

1.3.1. JOÃO BATISTA, SEGUNDO O TESTEMUNHO DE FLÁVIO JOSEFO

Flávio Josefo, diferentemente do demais líderes e reformadores, ao reconstituir a história do povo hebreu, reserva um tratamento especial para João, cognominado “O Batista”. Ao aludir-se as desventuras sucedidas a Herodes Antipas, devido o seu matrimônio com Herodíades, ex-mulher de um seu meio-irmão, conhecido como Herodes, o historiador judeu traça um rápido perfil de João e da sua atividade antes de ser preso e condenado no castelo-fortaleza de Maqueronte por ordem do tetrarca. Segundo Flávio, alguns judeus atribuíram ao castigo divino por tamanho delito o aniquilamento do exército de Herodes na guerra contra Aretas, rei dos nabateus, cuja filha repuriara para desposar a própria sobrinha, Herodíades.

Rinaldo Fabris escreve:

O retrato que Flávio Josefo apresenta de João e da sua atividade batismal pode relacionar-se com uma experiência pessoal que o escritor fez na idade de 16 anos, quando quis pôr-se em seguimento de uma certo Bannus,que vivia no deserto usando como roupa uma veste de folhagem e, como alimento, aquilo que a terra produzia espontaneamente, fazendo freqüentes abluções com o objetivo de purificação com água fria, dia e noite(Vida II, 11).

Isto acontecia pelos meados dos anos 50 d.C., uns vinte anos depois da atividade de João Batista. A figura do eremita que, durante três anos, foi mestre de Flávio Josefo, destaca-se sobre o fundo dos movimentos de renovação e reforma religiosa, cujos membros praticavam o banho ritual de purificação. Apelando para as prescrições levíticas do At, os adeptos desses movimentos ou associações se comprometiam a viver num regime de observâncias religiosas para ter acesso à salvação.

Mas conceitos diferentes do processo salvífico caracterizavam o movimento de orientação farisaica e o batismal. O primeiro, de origem leiga, queria estender ao “Israel verdadeiro” o estatuto de pureza dos sacerdotes, mediante a observância estrita das leis religiosas e prescrições referentes à pureza ritual. Os banhos em água pura que os fariseus praticavam exprimiam o empenho de um grupo à parte e diferente do “povo da terra”, pecador e ritualmente impuro. O movimento batismal, do qual João seria um representante de primeira categoria, propunha o rito de imersão na água viva como sinal de conversão e para obter o perdão dos pecados na expectativa do juízo escatológico iminente. Ele  se distinguia também do movimento separatista essênio, atestado pelos escritos de Qumrân, enquanto propunha o banho de imersão para obter o perdão dos pecados - batismo - como único e irrepetível, a todos os que se decidiam à conversão. O rito e o compromisso não davam origem a um movimento separatista e elitista como o dos fariseus ou dos qumranitas, mas abriram caminho a um processo de reforma no interior de todo o povo de Israel.


O texto grego é datado, geralmente, pouco de 70 d.C., escrito em favor de comunidades Judeu-cristãs, as únicas interessadas em referências ao AT tão freqüentes neste Evangelho.

Aproximadamente no 70 d.C.

O hagiógrafo entra em debate com o judaísmo oficial e ortodoxo da época; esforça-se por provar ser a Igreja fundada por Cristo, o novo e genuíno Israel, sendo Jesus, o Messias. Daí os apelos constantes ao AT, a fim de demonstrar como as promessas nele contidas se cumpriram em Jesus e na Igreja. O Evangelho é uma apologia para robustecer as comunidades judeu-cristãs na convicções de pertencerem ao verdadeiro Israel e de já possuírem em seu meio o Messias glorificado. É igualmente um panfleto de propaganda que convida os judeus a aderirem à Boa Nova anunciada pelo Messias que devem reconhecer em Jesus de Nazaré.

Cf. Mt 13, 52.

Cf. Mt 20, 28.

Cf. Mt 1,1.

Id.

Cf. Mt 1, 18: “A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, comprometida em casamento com José, antes que coabitassem, achou-se grávida pelo Espírito Santo”.

Cf. Mt 1, 2-16.

Mt 1, 16.

Mt 1, 18-25.

Mt 4, 17.

Cf. Mt 2.

Cf. Jz 13, 5.7; ou em neçer , rebento, Is 11, 1; ou de preferência em naçur, guardar, Is 42, 6; 49, 8, de onde naçur = o resto.

Cf. Mt 2, 23.

Cf. Mt 2, 16s.

Cf. Mt 2, 15.

Cf. Mt 2, 1s

É salutar termos em mente que Jesus, na ótica mateana, é o cume de chegada e o ponto de partida, o termo da época da Tora e o início das Boas Novas da Salvação, a realização das visões dos profetas e o substituto exemplar dos personagens, dos Reis-Messias do Todo-Poderoso.

Cf. Mt 3, 1s

Cf. Mt 3, 13-17.

Cf. Mt 4, 1-11.

Mt 4, 23-25.

1Sm 10, 1.

Cf. Mt 1, 1.

MONASTEIRO, R. A. et CARMONA, A. R. Evangelho Sinóticos e Atos dos Apóstolos. Vol. 6. São Paulo, Ave Maria, 1994, pp. 198-201.

A Lei e os profetas” de 5, 17 e 7, 12 formam uma conclusão que delimita o corpo central deste discurso. A função de 7, 12 neste lugar foi algo cuidadosamente intencional posto pelo redator mateano, já que a colocação deste versículo aqui é o resultado da única modificação que Lucas realiza na sua ordem.

Cf. Mt, 16, 16-20.

Cf. Mt 11, 2-6; 27, 17.

Cf. Mt 26, 63-68.

Cf. Mt 24, 3-5.23-26.

Cf. Mt 8, 16-17; 12, 15-21.

Cf. Is 42, 1-4; 53, 4.

Cf. Mt 2,2; 8, 10-12; 28, 19-20.

Cf. Mt 4, 23-25.

Cf. Lc 6, 12-17. A VIDA DO REINO Lc 17,20-18,8: I. Presença do reino do Reino de Deus 17.20-21

II. Vinda final do Filho do homem 17,22-37

a. Antes o dia do Filho do homem 17, 22-25 17,22-23 = Mt 24,26-27.

b. A vinda inesperada 17, 26-30.

c. Exortação à vigilância 17,31-33; 17,31 = Mt 24,17-18; Mc 13,31-33; 17, 33 = Mt 16,25; 10, 39; Mc 8,35; Lc 9,24; Jo 12,25.

d. Fundamento  da exortação 17,34-37; 17,35 =Mt 24,41; 17,37 = Mt 24,28

III. Rezar enquanto se espera 18,1-8.

Mt 5, 17.

Cf. 2Cor 3, 14.

Cf. Mc 1,9-11.

Cf. Mc 1,12-13.

Cf. Mc 3,27.

Cf. Mc 1,14s.

Cf. Mc 1, 16-20.

Cf. Mc 1,21-28.

Cf. Mc 1,29-31.

Cf. Mc 1,32-34.

Cf. Mc 1,39.

Cf. Mc 1,40-45.

Cf. Mc 2, 1-12. 13-17.

Cf. Mc 1, 14.

Cf. Mc 8, 38; 9, 43.45.47; 10,15.23.25.30; 14,25.

Cf. Mc 4,30-32; 10,14s.

Cf. Mc 1, 14.

Cf. Mc 4,30-32.

Cf. Mc 4, 26-29.

Cf. Mc 14,2-25.

Cf. Mc 1, 14.

Cf. Mc 4,11.

Cf. Mc 4, 26-29.

Cf. Mc 10,40.

Cf. Mc 9,1.

Cf. Mc 1, 15.

Cf. Mc 8, 38; 10, 37; 13, 26.

Cf. Mc 14, 62.

Cf. Mc 1, 15.

Cf. Mc 1, 16-20.

Exorcismos, curas etc.

Cf. Mc 1, 23-27; 3, 23-27;5, 1-20.

Cf. Mc 1, 29-31, 40-45; 3, 1-5; 5, 25-34; 7, 4-30.31-37; 8, 22-26; 10, 46-52.

Cf. Mc 5, 21-34.35-43; Cf. 1, 40-45.

Cf. Mc 4, 35-41; Cf. 6, 45-52.

Cf. Mc 2,1-12.

Cf. Mc 6, 30-44; 8, 1-9.

Cf. Mc 2, 1-12. 13-17.

Cf. Mc 1, 16-20; 2, 13-14.

Cf. Mc 1, 22.27s; 2, 12; 4,41; 5, 20.42; 6, 2.51: 7, 37; 11, 18; 12, 37;15, 4,44; Cf. 6, 6a.

MONASTEIRO, R. A. et CARMONA, A. R. Evangelho Sinóticos e Atos dos Apóstolos. Vol. 6. São Paulo, Ave Maria, 1994, pp. 326-327.

Lucas segue o uso da LXX, que traduziu por afesis o vocábulo hebraico relacionado com as remissões próprias do ano sabático e jubilar, perdão das dívidas, liberdade aos escravos, recuperação de terras...

Cf. J. dupont, L’Union entre les premiers chrétiens dans les Actes des Apôstres em NRT 91 (1969) 897-915; R. B. Sloan, the favorable Yerar of the Lord. A Study of Jubilary theology in thegospel of Luke (forth Worth 1977); A Sisti, Tl tema del giubileo nell opera di Luca em “Euntes Docete”37 (1984) 3-30.

Cf. George, A. Etudes sur I’oeuvre de Luc, pp.257-306; H. Conzelmann, El centro del tiempo, pp.165-174.

Na linguagem judaica “Reino dos céus” e não “Reino de Deus”: nesta expressão manifesta-se claramente a expectativa dos judeus por um reino semelhante ao de Davi, cujo rei seria o Messias esperado. Jesus mesmo falando a linguagem de seus contemporâneos, Ele os ultrapassa.

Cf. Mt 4, 17;6, 33; 13, 44-46.

Cf. Mt 4, 23.

Cf. Mt 14, 34-36.

Cf. Mt 8, 16; 14, 21.

Cf. Mt 20, 1-16; 5, 20; 19, 20-23; 4, 23-25.

Cf. Mt 5, 10-11; 13, 18-23.

Cf. Mt 13, 1-50; 18, 23-35; 20, 1-16; 22, 1-14; 25, 1-13.

Cf. Mt 13, 33-46.

Cf. Mt 6, 33.

Cf. Mt 19, 23.

Cf. Ex 33, 1-5; Nm 24, 8; Dt 8, 14.

Cf. Ex 19, 4-8; 24, 4-8.

Cf. Is 11, 1-6; 32, 15; 44, 3s; Esd 31, 7s; Zc 4, 6; At 2, 5; Jl 3, 1).

Cf. Jo 1, 26s.

Cf. Mc 1, 14s.

Cf. Lc 19, 10.

Cf. 1Cor 1, 5.20-28.

SCHMAUS, M. Cristologia: Jesus Cristo, in A fé da Igreja III, pp. 19-26.

Mt 3,1.

Id.

Cf. Mt 3, 2.

Mt 3, 2; Cf. 4, 17 e 10, 7.

Cf. Mt 3, 7-10.

Cf. Mt 3, 10-12.

Cf. Mt 3,11-14.

Cf. Mt 3, 15.

Mt 3, 16-17.

Cf. Mt 1, 18-25.

Mt 1, 23.

Cf. Mt 3, 17.

Cf. FEUILLET, A.  Le Baptéme de Jésus, in REB 71 (1964), pp.  321-352.

Cf. Mt 3, 6.

Cf. Mt 3, 11.

Cf. Mt 3, 7-8.

Cf. Mt 3, 9.

Id.

Cf. Mt 3, 2.

Cf. Mt 3, 6.8.

Cf. Mt 3, 10.

Cf. Mt 3, 11-12.

Cf. Mt 25, 31-46.

Mt 1, 21.

Cf. Hb 10, 5.

2Cor. 5, 21

At 2, 36.

SCOBIE, H. John the Baptist. Londres, 1964; WINK, W. John the Baptist in the gospel tradition. Cambridge, Socnts Mon Ser 7, 1968.

FABRIS, R. Jesus de Nazaré: História e interpretação. São Paulo, Loyola, 1988, pp. 93-94.