Por Mons. Rhawy

 

Jairo, chefe da sinagoga, pediu a Jesus que fosse ver sua filha. Ela estava morrendo. Indo, pelo caminho vieram dizer: "Tua filha acaba de morrer. Não incomodes mais o Mestre". Jesus disse a Jairo: "Não temas. Crê e ela será salva". Jairo seguiu-o com fé. Chegou lá Cristo viu pessoas chorando e tocando músicas fúnebres. Mandou parar com isso. Disse: "A menina não morreu. Está dormindo." Zombaram dele: sabiam que ela tinha morrido mesmo. Jesus entra no quarto, segura a mão da morta e diz: "Jovem, levanta-te". Ela voltou à vida. Jesus mandou que lhe dessem de comer.

Há várias maneiras de os jovens morrerem estando em sua família. Morre-se principalmente por falta de amor e carinho. A primeira e mais forte experiência de amor e desamor tem-se em sua própria família. Ser amado, querido é vida. Os olhos, os ouvidos, todos os sentidos de uma criança e jovem em sua família são ávidos de amor. As falhas neste campo sempre trazem problemas mais cedo ou mais tarde. Ninguém pode dispensar o amor. Quando o egoísmo nos filhos é também forte, vai esfriando o amor neles e nos pais. Todo o tipo de cobrança que é feita no relacionamento familiar quebra toda a espontaneidade do amor.

Que o Senhor possa dizer-nos muitas vezes: "Levanta-te do egoísmo". Vem ao encontro do amor, da vida. Não há coisa que nos fira tanto quanto morrer estando ainda vivo. Como pode isto acontecer? Quando por muitos motivos não queremos mesmo viver. Não temos ânimo para nada. Não encontramos mais sentido no que fazemos. Ou os outros não valorizam o que apresentamos. Quando nosso contato com os outros é frio, distante, desligado.

Até o incrível pode acontecer: há pessoas que se sentem bem com nosso estado desesperador. Insensíveis, passam ao largo como o sacerdote e o levita da parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25s). fazemos de conta que não vimos nada.

O potencial de reserva tão promissor que há no jovem deve reerguê-lo desta prostração e servir de estímulo aos outros. "Pode-se perder uma batalha e não se perder a guerra", diziam os antigos. Podemos também nós aproveitar isto hoje.

Uma senhora contou-me. Foi durante a guerra de 1939. No campo de concentração nazista, jogavam-se no montão dos cadáveres os corpos dos que iam morrendo. Uma mãe foi jogada lá abraçada com seu bebê. Um soldado alemão passando por ali ouviu o gemido da criança. Chegou perto e viu que mãe e filha estavam ainda vivas. Teve pena. Pegou as duas. Escondeu-as. Cuidou delas e as salvou.

Quem me contou este fato foi o "bebê" que sobreviveu com sua mãe. De onde menos esperamos chega uma resposta. A própria natureza tem condições de acomodação, adaptação diante de situações adversas. O homem tem mais capacidade e possibilidades para descobrir sempre novos caminhos.