1.       O QUE É O REINO DE DEUS?

 

"São sobretudo os sinóticos que gostam de apresentar a atuação salvífica de Deus no mundo sob a imagem de um domínio régio. O termo grego basileia, bem como o hebraico  malkut, significam em primeiro lugar a dignidade, o poder e sobretudo o governo ativo de um rei, e apenas em segundo lugar o seu território; esse último sentido temos, por exemplo, em Esd 1, 14.20; 2, 3; Jr 10, 7; Dn 1, 20; 9, 1; Mt 4, 8; 5, 20; 12, 25; Mc 6, 23; 10, 14s.23s. Nesse último texto, o termo não se refere ao território como domínio do rei. Uma expressão como "entrar no Reino" bem como a imagem equivalente "entrar na vida" não significa, portanto, outra coisa, senão participar dos bens messiânicos que Deus reservou para o novo mundo.."

 

Essa expressão se encontra mais de 120 vezes no Novo Testamento. Constituiu o conteúdo do quérigma de Jesus: Jesus pregou o Reino de Deus e introduziu em seus "sinais" - sua prática libertadora. Mas, afinal, o que é? É o regime de Deus, seu projeto, sua soberania sobre o mundo. É o mundo enquanto governado pelo Senhor: É a "política" de Deus, o "regime" do Senhor.     Vejamos os salmos régios 93-99. O Sl. 145 (144), aí nos vv. 10-13 se diz:

 

"Que  eles (vossos fiéis) apregoem a glória do vosso Reino e anunciem o vosso poder.

Para darem a conhecer aos homens a vossa força e a glória do vossa reino maravilhoso. O vosso Reino é um Reino eterno, e vosso império subsiste em todas as nações".

 

"Reino de Deus" tem um sentido ativo. Mais do que o espaço territorial, indica a força, a autoridade e energia poderosa de Deus é o que acontece quando Deus faz valer a sua vontade soberana, que é sempre vontade criadora, vivificadora e salvadora. Daí o paralelismo no Pai-nosso:

"venha nós o vosso Reino = seja feita a vossa vontade". Ora, a vontade de Deus é "vida e vida plena". Reino onde Justiça e paz se abraçarão! Concretamente, usando duas palavras atuais, cheias de evocação, Reino é: Revolução absoluta, radical e total. É a transformação de tudo no homem: por isso Cristo cura doentes, exorciza possessos e ressuscita mortos. Transformação na sociedade: por isso Cristo reconcilia com os homens, instaura relações de profunda fraternidade, reintegra na convivência humana os marginalizados, redime os perdidos, sacia a fome das multidões. Transformação do cosmo, da criação: por isso Cristo comanda os ventos e o mar enfurecidos; caminha sobre as águas; multiplica o pão e o vinho. Nesse sentido, veremos mais à frente, o reino é mais que conversão e revolução política ou social. É a transformação de toda a criação. É a mudança do estatuto ou condição atual do mundo: homens e coisas, terra e céu - como aparece claramente no Apocalipse. Libertação integral. É a palavra que na América Latina recupera o conteúdo do quérigma (mensagem) de Jesus de Nazaré. Nesse sentido, Reino é desalienação completa do homem frente a todas as forças anti-Reino (doenças, pecados, injustiças e morte), em função de mais vida, mais paz, mais graça e salvação. É portanto "libertação-de" e "libertação-para".

O reino de Deus representou um chamado feito por Jesus, no sentido de se lutar por uma vida melhor para os camponeses da Galiléia, e como ele se transformou num ideal não-histórico para pessoas desclassificadas das cidades da Ásia Menor e da Grécia. Noutras palavras, de que modo a idéia de reino de Deus era usada na Sagrada Escritura, tanto para o bem (salvação) quanto para o mal (opressão). Sem deixar de ter em mente as lutas históricas em que se acham engajados os cristãos na América latina, e sobre a necessidade de colocar nossa fé a serviço da redenção histórica de nossos povos da América Latina e Caribe.

Ao assumir o estudo da frase "reino de Deus", não estamos apenas olhando para uma entre muitas idéias bíblicas. Essa é uma idéia fundamental e primordial. O anúncio da iminência da chegada do reino de Deus constituía o conteúdo principal da pregação de Jesus. Tudo o que Jesus disse e fez pode ser sintetizado por sua convicção premente de que o Reino de Deus estava às portas. Muitos estudos tentaram dizer com exatidão o que ele queria dizer. Mas, geralmente, não se dado suficiente atenção ao fato de que o reino de Yahweh é a idéia básica do Antigo testamento, com isso, Jesus não estava pregando algo novo, porém anunciando uma esperança que já tinha longa história em Israel. Se é verdade que não podemos entender o reino de Deus abstraindo-o de suas encarnações históricas concretas, também é  verdade que não podemos compreender as esperanças do século I centralizadas em torno dele, se compreendermos, ao mesmo tempo, sua história particular em Israel.

 

 

2.1. O REINO DE DEUS, CENTRO DA MENSAGEM CRÍSTICA.

 

Um dado que não oferece dúvidas históricas: o centro da mensagem de Jesus foi o Reino de Deus. A Igreja não foi tema da pregação de Jesus. A teologia judaica, particularmente a apocalíptica, conhecia o tema do reinado de Deus, estendido como soberania. Era visto como poder com implicações sócio-políticas. Implicava a tradição da Guerra Santa de Deus.

Conforme já fora dito, no tempo de Jesus e devido à ausência de descendentes davídicos, a esperança do reino de Deus era expressa em termos escatológicos de fim do mundo. O sentido de Reino de Deus, no Novo Testamento, não se confunde coma teologia rabínica. J. Jeremias acentua a novidade do Novo Testamento e a originalidade das suas expressões. Tem uma maneira nova de falar do reino de Deus. Na literatura rabínica aparece a expressão "tomar sobre si o Reino de Deus" com o sentido de sujeição a Deus.

A perspectiva teológica do Novo Testamento acerca do reino de Deus, é uma novidade em relação ao Antigo testamento, à literatura apócrifica a Qumrân. A frase de Lucas: "Pois digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira até chegar o reino de Deus" não tem nenhuma correspondência em todo o Antigo Testamento nem na literatura do Judaísmo antigo. Apesar da novidade com que Jesus formula a questão, o tema do Reino de deus não é absolutamente novo. Aparece três vezes na literatura de Qumrãn. A apocalíptica judaica do século primeiro (a.C.) concebe o Reino de deus em termos escatológicos: fim do mundo e implantação do poder de Deus.

 

O compromisso e prática de Jesus em relação à vinda do Reino difere do compromisso e prática das diversos grupos existentes no Seu tempo. Surgem assim posições diferentes, como, por exemplo:

- Fariseus: pretendem edificar o reinado de Deus através do cumprimento minucioso dos preceitos da Lei mosaica;

- Essênios: pensam que o reinado de Deus depende de uma vida ascética e do cumprimento escrupuloso dos complicados ritos de purificação e separação dos homens;

- Zelotas: pretendem apressar o reinado de deus através da resistência sistemática aos poderes ocupantes. A sua estratégica era criar desordens e distúrbios sociais, a fim de enfraquecer o poder político e minar o sistema administrativo dos romanos;

- Sicários; dedicam-se à guerrilha. A sua tática consiste em manter judeus ao serviço dos romanos, a fim de atemorizar a desmobilizar os colaboracionistas. Pretendem fazer desaparecer o reinado romano para que chegue o reinado de Deus.

 

Flávio Josefo dá-nos conta desta situação dizendo que o povo judeu tinha como aspiração fundamental "libertar-se de toda a classe de dominação dos outros, a fim de ser apenas Deus a reinar sobre eles".

A ação de Jesus não se confunde com a de qualquer destes grupos. Apesar disto, os discípulos esperam que seja Ele a libertar o povo. Para Jesus, o reino de Deus não se identifica com qualquer teocracia nacional de âmbito político-religioso. Por isso se sente magoado quando dois dos Seus discípulos se atrevem a pedir honras mundanas no reino de Deus. O Reino de Deus também não corresponde aos desejos de um juízo vingativo sobre os pecadores e os desrespeitadores da Lei, como pretendiam os monges de Qumrân. É um acontecimento de salvação para publicanos e todos os demais pecadores. Por isso acompanha, e come com eles. O que mais escandaliza os cumpridores da Lei é que Jesus associa à Sua pessoa a vinda do Reino escatológico anunciado por João Batista e come com os pecadores e prostitutas. Comer com alguém, no mundo judaico, significa entrar em comunhão. Se Jesus Se identifica com a inauguração do Reino e come com esta gente, está a declará-los comensais do banquete escatológico de Deus. Esta maneira de atuar está totalmente em desarmonia com a atuação dos fariseus. Jamais um fariseu comeria em casa de um publicano ou de qualquer pecador. As companhias de Jesus eram pessoas malditas para o pensamento teológico oficial:

 

"Os fariseus replicaram: também vos deixastes seduzir? Porventura acreditou nele algum dos chefes ou algum dos fariseus? Quanto a essa gente que desconhece a Lei, é maldita".

 

O Reino de Deus aparece na pregação de Jesus como dom gratuito. O homem é convidado a tomar parte nele, à maneira dos convidados que participam numa boda. O fundamental é fazer penitência e acreditar nesta Boa Notícia.

 

 

 

 

 

2.1.1. JESUS INAUGURA O REINO DE DEUS

 

Têm sido muitas as posições das exegetas sobre a visão e o tempo de concretização do reino de Deus no Novo Testamento. Tratar-se-ia de uma realidade futura? Este futuro seria próximo ou longínquo? Seria uma realidade presente sem dimensões de futuro? Qual a perspectiva de Jesus? Por outras palavras, a que ponto estava perto para Jesus o reino que Ele anunciava? Estaria iminente?

Duas posições contrárias, mas igualmente reducionistas, foram tomadas sobre este ponto: Scheweitzer defendeu a tese do futuro imediato; Dodd defendeu a tese de que o reino de Deus era apresentado por Jesus como realidade que não se devia esperar, mas aceitá-lo como já presente. Estas teses parecem-me incompletas sobretudo pelo que omitem.

Talvez o acontecimento histórico do Batista de Jesus nos ajude a equacionar este problema. Podemos dizer que a figura de João Batista representa o pano de fundo sócio-religioso em que se enquadra a mensagem de Jesus. O Batista tinha consciência de que a sua missão estava relacionada com a proximidade da intervenção escatológica e do julgamento de Deus; daqui a urgência da penitência. É necessário preparar os caminhos do Senhor e endireitar as Suas veredas porque Ele está mesmo a chegar e a mensagem do Batista é muito possivelmente uma derivante da mensagem de Qumrân.

Os essênios, tal como João, convidavam à penitência e ao êxodo para o deserto, a fim de aí edificarem o povo escatológico de Deus. O texto bíblico no qual fundamentavam a sua mensagem é o mesmo em que João fundamenta a sua pregação:

 

"Uma voz grita: Preparai no deserto um caminho para o Senhor, aplainai na estepe uma estrada para o nosso Deus".

 

Apesar disto, a mensagem de João distingue-se da dos essênios no sentido de substituir os diversos ritos de purificação por um só batismo. Na perspectiva da apocalíptica judaica, a comunidade escatológica dos salvos seria uma geração do deserto, purificada por um banho de purificação. João Batista tomou consciência de ser enviado pelo Espírito com a missão de ser mensageiro que prepara a intervenção escatológica de Deus. Vai para o deserto onde prega e batiza, inspirado talvez pela profecia escatológica de Ezequiel:

 

"Derramarei sobre vós uma água pura, e sereis purificados. Purificar-vos-ei de todos as manchas e de todos os pecados".

 

O sentido do batismo de João deve ser situado dentro deste quadro escatológico: reunir pelo batismo os disponíveis para a penitência, a fim de formar o povo escatológico de Deus. O batismo de Jesus deve ser visto no prisma da construção do povo escatológico. As relações de Jesus com o Batista foram certamente mais freqüentes, mais longas e profundas do que os evangelhos fazem notar. As comunidades apostólicas tentaram impedir que Jesus surja como pessoa sujeita ao Batista. Os relatos relacionados com a figura de João apresentam sempre o Batista cuidadosamente sujeito ao projeto de Deus realizando em Cristo. Todavia, reconhecem que o seu batismo era de Deus. Apesar de o Novo Testamento apresentar João como o anunciador de Jesus, a crítica dos textos faz supor que formou uma escola com discípulos empenhados em pregar a chegada do julgamento escatológico. É no confronto com João, sobretudo na sua inserção no resto escatológico, que Jesus descobre o específico da sua missão. Jesus inaugura o Evangelho do reino. João pertence à Antiga Lei. É por isso que o menor do Reino é maior que ele. J. Jeremias vê no batismo de Jesus a Sua adesão ao povo escatológico de Deus.

O Novo Testamento contém diversas fontes que se referem à manifestação do espírito no momento do Batismo de Jesus. Embora os pormenores devam ser entendidos como plastificação do acontecimento, há neles uma verdade teológica. Em primeiro lugar, a proclamação de Jesus como filho. Na tradição bíblica, este era o título dado ao rei davídico no momento da sua entronização, é neste sentido que se orientam os Sinópticos.

O conteúdo teológico das tradições do batismo do senhor deve situar-se na linha profética de inspiração interior que leva a uma tomada de consciência da sua vocação e missão. Aqui Jesus apercebe-Se perfeitamente da sua missão, que não está na simples continuidade da missão do Batista, mas transcende-a totalmente. Jesus associa a Sua autoridade ao acontecimento do Seu batismo. Se os fariseus se recusam a reconhecer o valor do batismo de João, não podem compreender a autoridade de Jesus. Em relação ao batismo de João, os fariseus não querem comprometer-se. Jesus responde-lhes: "Também não vos digo com que autoridade faço estas coisas". Recusais-vos a reconhecer o batismo de João. Ele é o acontecimento que explícita a minha autoridade - teria Jesus dito aos fariseus. Jesus, no momento do Seu Batismo, toma consciência clara de que o tempo escatológico está a irromper. A ação futura que vai desenvolver é a confirmação da sua consciência messiânica que coincide com o começo do Reino: a Lei e os profetas subsistiram até João. A partir de então, é anunciado o reino de Deus e cada qual se esforça por entrar nele. Mateus acrescenta que João é o Elias que está para vir. O Sermão da Montanha e as Bem-aventuranças surgem precisamente como expressões da nova situação provocada pela irrupção do Reino. Jesus é o Moisés da nova ordem cujo centro é a irrupção forte de Deus.

 

 

2.1.2. EMBORA INAUGURADO, O REINO NÃO ESTÁ TERMINADO

 

A Igreja encontra a sua identidade na opção pelo Reino escatológico inaugurado em cristo e em marcha para a plenitude. É o Sacramento dos últimos tempos. Estamos na fase dos acabamentos:

 

"Ainda que em nós se destrua o homem exterior, o interior renova-se diariamente. Porque a nossa leve e momentânea tribulação prepara-nos, para além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória".

 

A dimensão escatológica da plenitude humana foi inaugurada em Cristo. Corresponde às aspirações mais profundas do coração humano que só Deus pode encher plenamente. O homem está talhado para a plenitude do reino inaugurado em Cristo. A abertura do coração para esta plenitude escatológica revela-se em cada homem como uma sede de amor que nada nem ninguém deste mundo é capaz de preencher plenamente:

 

"Sabemos que, quando for destruído esta tenda em que vivemos na terra, temos no Céu uma habitação eterna que não foi feita por mãos humanas. Por isso gememos nesta tenda, desejando ser revestidos da nossa habitação celeste".

 

O Reino já começou, está em marcha, mas ainda não chegou à sua plenitude. A Igreja faz parte do tempo da marcha em direção à plenitude. É a testemunha de que, com a ressurreição de cristo, começou de modo irreversível a ressurreição da humanidade. Começar, não significa acabar. Os primeiros cristãos pensavam que o julgamento escatológico estava a chegar ao seu termo. Alguns chegaram mesmo a julgar-se ressuscitados e, consequentemente, não mais sujeitos à morte. O Reino de Deus chegara à meta final. O autor da segunda Carta a Timóteo insurge-se contra esta doutrina.

 

"E as palavras dos que se entregam a tais conversas lavram como gangrena. Deste número são Himeneu e Fileto, que se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição já se deu, pervertendo a fé de alguns".

 

A escatologia já começou. Estes são os últimos tempos. Estamos na fase dos acabamentos. Á ressurreição inaugurada com Jesus está em marcha. Estamos em processo pascal de ressurreição, mas ainda não atingimos o estado da plenitude de ressuscitados. O Novo Testamento aponta constantemente para esta plenitude. Se assim não fora, não tinha razão a esperança:

 

"A nossa ciência é imperfeita e imperfeita é a nossa profecia. Mas quando vier o que é perfeito será abolido... Agora subsistem estas três: a fé, a esperança e a caridade. Mas a maior delas é a caridade... A caridade nunca acabará".

 

 

2.2. O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO X O REINO DE DEUS QUE "VEM".

 

Os profetas já tinham predito a vinda do Reino messiânico. Mas, à diferença deles; Jesus prega proximidade do Reino e sua presença entre  os homens e mulheres que vivem. Mais claramente: Cristo não prega apenas o Reino. Ele o faz chegar, com sua palavra e sua ação libertadora.

Note-se que tanto os "milagres" como as "parábolas" de Jesus apenas indicam o reino, "exprimem-no". Neles o Reino possui uma, realização tópica, uma encarnação histórica. Assim é inaugurado. Mas o reino possui uma plenitude maior: seu poder e sua glória, que permanecem escondidos e "por-vir". Portanto, existe nos "milagres" e nas "parábolas" de Jesus uma transfiguração: eles indicam mais do que aparece. Assim como uma "nuvem" a "chuva próxima" e um "broto" na árvore indica a proximidade da primavera. Mas a primavera é muito mais que isso. Assim, o Reino.

Nesse sentido, uma cura é "sacramento" do  Reino porque é uma realização concreta do Reino e ao mesmo tempo anúncio de sua plenitude, ou seja, de sua realização completa. Portanto, designa o "já"  do Reino e também seu "ainda não". Isso ocorre por causa do caráter "escatológico" do Reino.

 

Marcos (4, 11) relata a expressão de Jesus: "O mistério do Reino". "Mistério" aqui tem o sentido antigo de "uma realidade invisível presente em forma visível", ou seja, a visibilidade do invisível. É o ‘visível' - como o viu muito bem Otto Kasel e o comprovou na literatura antiga.

 

O Reino de Deus está próximo. Jesus não o diz com exatidão o "quando?" e o "quanto falta?", mas o diz de forma nova e original, de fato sua proclamação segura de que Deus se manifesta e atua como Senhor presente. Essa declaração ressoa não só no anúncio que os evangelistas Mateus e Marcos apresentam no início da atividade da Galiléia, mas também em algumas afirmações nas quais o próprio Jesus interpreta a sua atividade e função relativas ao reino de Deus. O movimento de Jesus viu, como principal obstáculo à realização do reino de Deus na Palestina, o templo e a estrutura classista que o templo apoiava. Nos termos de nossa análise, seu foco residia mais na organização social asiástica do que na contradição entre a sociedade palestina (asiástica) e a sociedade romana (escravagista). A última tornou-se para o movimento uma contradição secundária. Como a dominação classista dos sacerdotes residia principalmente numa ideologia profundamente enraizada, a estratégia do movimento de Jesus consistiu no ataque ideológico. Nos evangelhos evidenciam amplamente que Jesus foi executado por uma grande coalizão de grupos que, por diferentes motivos, se sentiam ameaçados pelo projeto histórico dele. Essa é a nossa hipótese. Quando observamos os evangelhos com o intuito de encanar um pouco tal hipótese, é preciso lembrar que o fato de o grupo de Jesus pregar a vinda do reino de Deus pouco servia para distingui-lo de vários outros grupos existentes na Palestina do século I.

Jesus é o protagonista do Reino, apesar de nunca fazer diretamente propaganda de si ou de sua atividade, estabelecendo assim, um vínculo único e indissolúvel entre sua pessoa e o reino de Deus, entre suas opções e propostas autorizadas e o fato de que Deus se manifesta e atua aqui e agora, de maneira que os homens se encontram presentemente diante de uma oportunidade única e irrepetível de salvação. Daí os convites de Jesus de conversão, de acolher o Reino já.

Jesus assim executa sua estratégia de forma simples e singela, como deve ser o próprio Reino, ou seja, Jesus chama ora pessoas simples, ora pessoas fortes, ora pessoas ásperas e duras que logo se encantam com a vida de Cristo, o seu exemplo, se encontram numa impotência existencial frente ao Mestre e Messias Jesus. Este grupo, às vezes, provocava a oposição dos representantes locais da religião estabelecida, "os fariseus e escribas" dos evangelhos. Contudo o mestre sempre preferia montanhas, matas virgens, beira-mar e isso provavelmente pela necessidade de segurança, em caso de perseguição e também para evitar uma provocação diante dos mestres locais de religião e este seria o primeiro estágio na estratégia.

O segundo estágio na estratégia do movimento de Jesus acha-se delineado nos evangelhos sinóticos pela partida da Galiléia para ir a Jerusalém. Há uma intensidade de propósito ao se mencionar repetidamente a direção do grupo para Jerusalém.

Na narração do evangelho, os movimentos de Jesus durante sua permanência em Jerusalém são muito sugestivos para a compreensão de sua estratégia. Durante o dia, ele ia abertamente ao templo e procurava contato com as multidões aí reunidas. Esse ensinamento foi dramatizado pelo ataque contra os comerciantes. Nessa ocasião, e em parte como resultado do seu ataque, a vida de Jesus corria perigo. Numa leitura teológica Jesus foi a Jerusalém para morrer. Por essa razão, não fica evidente nos evangelhos que sua estratégia tivesse  o intuito preciso de evitar a queda nas mãos de seus inimigos. Mas a narrativa é bastante clara. Os sacerdotes só necessitavam de um traidor para descobrir os lugares ocultos para onde Jesus ia depois que as multidões se dispersavam. Essa contradição dentro dos evangelhos possibilita-nos separar a narração do que repousa sobre ela e encobre a estratégia.

O Reino de Deus, com seu forte igualitarismo, teria que se defrontar com essa força opressora, mais cedo ou mais tarde. E eis aí a terceira estratégia do movimento que pode ser apenas conjecturado: deveria envolver alguns meios de consolidação do apoio popular que eles pretendiam obter por meio de seus confrontos com os funcionários do templo de Jerusalém. Enquanto isso, Jesus e seus seguidores estavam encarnando na sua vida comunitária os princípios do reino de Deus. Na vinda do reino de Deus que Jesus estava  anunciando, os pobres seriam exaltados e os ricos humilhados. Na história de um homem rico que pedia que vendesse os seus bens, desse aos pobres e entrasse no movimento como simples irmão dos outros. Ao refletir sobre a rejeição do convite, o texto coloca nos lábios de Jesus esta frase dura:

 

" "Como é difícil a quem tem riqueza entrar no reino de Deus!" (...) É mais fácil um camelo passar pelo fundo da agulha do que um rico entrar no reino de Deus".

 

Jesus também fala daqueles que têm família, devem romper os laços de família para unir-se ao movimento, vemos isso quando Jesus dramatiza o relato da atitude distante que Jesus assume em relação à sua mãe. O mesmo ponto é abordado de maneira mais geral em sentença, nas quais a disponibilidade para abandonar a posição de família é colocada como condição para a adesão como membro do movimento. A ênfase sobre a igualdade dentro do movimento está de acordo com nossa hipótese de que a afirmação de Jesus sobre o reino de Deus eqüivalia a uma negação da estrutura classista que requeria privilégios para os sacerdotes.

 

O reino de Deus que "Vem"

 

"Em verdade vos digo que não beberei mais fruto da vide até o dia em que beberei de novo no reino de Deus"

 

A espera do reino de Deus para o futuro, embora iminente, é documentada em muitas passagens, por exemplo Mc 9, 1: "Em verdade vos digo: há alguns aqui presentes que não morrerão sem ter visto o reino de Deus chegar com poder". A sentença da vinda do reino de Deus foi adaptada na tradição da primeira comunidade ao contexto da exortação destinada a suster a perseverança dos cristãos nas provações. Da mesma preocupação parenética deriva a sua elaboração redacional nos sinóticos. A perspectiva futura do reino de Deus também serve de fundo para a série de sentenças na qual se diz que alguém entrará ou será excluído do reino de Deus. Lembremos do diálogo do jovem rico: "que devo fazer para ter a vida eterna?". Entrar no reino de Deus é o mesmo que ter a vida eterna. Essa realidade jaz num futuro que não é iminente, embora guarde estreita relação com a decisão a tomar agora, diante da proposta de Jesus. Os logia evangélicos sobre o reino de Deus futuro, equiparado à vista eterna ou à salvação definitiva, são os que mostram estreito parentesco com a catequese cristã conservada nos escritos apostólicos.

 

Nos diz Rinaldo Fabris, em sua Obra Jesus de Nazaré:

 

"Como conciliar no anúncio e no projeto histórico de Jesus essas diversas perspectivas do reino de Deus: presente, iminente e futuro? Uma solução sugestiva e que granjeou certo fascínio nas apresentações biográficas tradicionais é a de quem imagina um progresso e evolução histórico-psicológica de Jesus e do seu programa histórico: do anúncio gozoso e cheio de esperanças do começo na Galiléia à crise central relacionada com a decepção das multidões e a hostilidade dos chefes, até à tragédia final que culminou com a condenação à morte de cruz na judéia, em Jerusalém. Segundo essa reconstução hipotética, Jesus teria dado voz à sua experiência inicial, na proclamação de que o reino de Deus está presente; frente à resistência e hostilidade que faziam pressagiar a crise e tragédia final, ele teria pensado na vinda futura e iminente do reino de Deus com poder depois da sua morte. Esse quadro corresponde à necessidade de coerência lógica e psicológica dos biógrafos, mais do que à real documentação evangélica atinente ao anúncio do reino de Deus. Os evangelhos atuais não permitem traçar um esquema aceitável da evolução histórica do projeto de Jesus, mesmo sendo verdade que ele tem seu ponto de partida no anúncio do reino de Deus e se conclui tragicamente com a morte infamante e dolorosa na cruz. Existe decerto uma conexão entre o anúncio programático de Jesus, que se traduz na fórmula "o reino de Deus" e a sua morte violeta final. Mas a relação é muito mais profunda e real do que a que se pode supor numa reconstrução biográfica psicológica, que não encontra suporte consistente nas fontes evangélicas. No reino de Deus, se exprime e condensa a esperança de Jesus, mesmo frente à ameaça e perspectiva de morte.".

 

2.2.1. CARACTERÍSTICA E DIMENSÕES DO REINO.

 

"É Reino de Deus". É uma realidade divina, que tem a dimensão de Deus e de seu mistério. Compreende esse mundo mas vai além. É imanente mas também transcendente. Mais do que uma coisa, Reino é uma energia libertadora de Deus atuando no mundo e libertando-o para sempre, isto é, salvando-o. Por isso, o Reino se "acolhe", se "recebe" pela fé e pela conversão. Note-se que o Novo Testamento não usa uma linguagem ativa ou construtiva para falar do Reino, como se faz na Igreja da América Latina: "construir" o Reino, "instaurar" o Reino, "implantar" o Reino etc. contudo, essa linguagem pode se justificar porque, embora dom de Deus, o Reino exige do homem "violência", esforço. Dom da graça e decisão da liberdade não se opõem mas s compõem. Na América Latina se enfatiza oportunamente o segundo aspecto, mas sem negar o primeiro. De todos modos, sendo de Deus, o Reino mostra sua eminência, sua grandeza. Por isso é o que há de mais decisivo e definitivo para o homem. O Reino de Deus é uma realidade absoluta e incondicional. É expressão de salvação, como realização da vocação e do destino humanos.

"É Reino presente". No Novo Testamento se fala muito da "iminência" do Reino, de sua "proximidade" e "presença". Tudo isso há de ser traduzido em termos qualificativos e não puramente cronológicos. O Reino está "sempre em situação de iminência" ele  é sempre oferecido. Está sempre "as portas". Está sempre "próximo". Portanto, está permanentemente vindo e irrompendo.

Torna-se presente (sacramentalmente, "em mistério") na decisão do homem. Sem isso, o Reino nunca chega ao homem. Com a abertura da pessoa o Reino tornar-se presente. É o "já" do Reino, tão enfatizado por Lucas, João e Paulo ("escatologia realizada"). É o sentido dos freqüentes "hoje" do Novo Testamento: "hoje é o dia da salvação". "Hoje se realizou a palavra que acabais de ouvir"(Lc. 4, 21). "Se é pelo dedo de Deus que expulso os demônios, é que o Reino de Deus acaba (hoje) de vos tocar" (Lc. 11, 20). "O Reino de Deus (já) está entre vós" (Lc 17, 21). "Hoje a salvação entrou nesta casa" (Lc. 19, 9). "Hoje estarás comigo no paraíso" (Lc. 23, 14).

Na origem da declaração de felicidade para os pobres, "porque deles é o reino de Deus", deve-se reconhecer o anúncio inaugural de Jesus, que resume no símbolo do reino de Deus a esperança que percorre toda a história bíblica, desde o êxodo até os profetas do exílio. Deus se revela senhor porque tira da sua condição de escravidão ‘os pobres", os oprimidos do Egito e liberta os prisioneiros do exílio. A volta dos exilados, graças à intervenção eficaz e gratuita de Deus, pode ser anunciada à cidade de Jerusalém como "boa nova" de paz, salvação e felicidade. Numa palavra, o mensageiro da libertação diz: "Reina o teu Deus".

Ao anúncio inaugural das bem-aventuranças, fazem eco as outras palavras e Jesus, em que ele específica a identidade do "pobres". Assim como o critério do anúncio de felicidade aos pobres é de caráter religioso, "porque deles é o reino de Deus",  da mesma forma as categorias dos pobres são assinaladas numa perspectiva religiosa: pobres são, não só os humildes "nobres de espírito", os miseráveis, privados dos bens essenciais para a vida, famintos, aflitos ou perseguidos mas também todos os desamparados que Deus quer tomar a seu cuidado. Na categoria "pobres", incluem-se as crianças , os pecadores e os pagãos. Jesus anuncia que o reino de Deus se lhes destina, por nenhum outro motivo que não a necessidade que têm dele; e Deus, conforme suas promessas, acerca-se deles como senhor poderoso e rei justo.

O reino de Deus não é só manifestação da graça beneficente de Deus, mas também triunfo da misericórdia salvadora. De fato, da categoria dos "pobres" também fazem parte os "pecadores". Ao círculo destes são relegados todos os que, por qualquer irregularidade ético-religiosa, estão privados dos direitos e privilégios garantidos aos membros de uma sociedade teocrática, qual a israelita. Representantes típicos do grupo de "pecadores" são os "publicanos",  que, no ambiente palestino, não são os grandes coletores de impostos do império, e os seus dependentes, mas os pequenos agentes locais, suspeitos de desonestidade e desqualificados por seu contato com ambientes impuros. Numa sentença referida em contexto polêmico pelo primeiro evangelho Jesus declara aos chefes judeus de Jerusalém: "Em verdade vos digo: os publicanos e as prostitutas tomarão vosso lugar no reino de Deus". Esta declaração "escandalosa" de Jesus combina com a sua opção de pôr-se à mesa com os "pecadores e publicanos", a ponto de dar ensejo aos murmúrios difamatórios que corriam a seu respeito: "Eis um comilão e um beberrão, amigo dos publicanos e dos pecadores". Ele se justifica apelando para o estilo de Deus que, como um médico, sai à procura dos que estão doentes e, como um pastor, vai em busca da ovelha perdida. O anuncio do reino Deus para os "pobres" revela uma nova imagem de Deus e faz intuir quais sejam os traços fisionômicos do homem feliz e realizado. Deus é quem, por livre e soberana iniciativa, se torna próximo dos pobres para a sua libertação e salvação; faz-se próximo e acolhe os pequenos para lhes conferir dignidade e liberdade; perdoa os pecadores e restabelece os marginalizados na comunhão salvífica.

Nessa conexão histórica, o reino de Deus exprime não só o plano operativo de Jesus, mas também cataliza a sua esperança frente à ameaça de morte. Uma esperança que fica aberta ao futuro do reino de deus assim como se prende ao anúncio da sua manifestação histórica atual em favor dos pobres. Mas o anúncio da atualidade do reino de Deus não esgota todas as suas potencialidades, pois ele se estende sem limites para o futuro. O reino de Deus não é para Jesus uma realidade já cumprida ou a ser totalmente esperada. Pelo contrário, é uma realidade dinâmica como a ação de Deus, que se revela na história para a salvação dos homens, como promessa e cumprimento. Nessa perspectiva, coloca-se o seu projeto que anuncia o reino de Deus presente e o seu cumprimento futuro. Frente à morte violenta, a proclamação do reino de Deus para os pobres torna-se esperança de ressurreição, como vitória definitiva sobre a morte e plena participação na vida divina.

A América Latina se enfatiza essa dimensão do Reino, porque nosso Kairós (época) oexige contra todo intimismo privatizante da fé (alma) e contra o futurismo escatologizante (céu). É ênfase e não exclusivismo. É privilegiar e não excluir. É Reino escatológico. Isso significa que tem uma dimensão de plenitude, de futuro, de meta-história. Ele é pois histórico, mas também trans-histórico. Ele envolve, sim, a história, mas também a ultrapassa. Essa dimensão coincide com a chamada "segunda vinda de Cristo", a parusia.

"Quando da regeneração (Palingenesia) de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar sobre o seu trono de glória...". É importante perceber a relação entre a dimensão intra-histórica do Reino e a meta-histórica. A dimensão meta-histórica não é apenas pós-histórica. Ela já está presente, agindo dentro da história. Assim, a eternidade aqui não é apenas o que vem depois do tempo, mas é também a presença do absoluto dentro do histórico. É "internidade" (C. Pégug). Desse modo, o fim já está incoativamente presente desde agora, esperando seu desdobramento pleno e definitivo na parusia. Assim se entende porque "a  fé é o início da salvação" como disse o Concílio de Trento; por que quem crê (já) tem a vida eterna; por que "passamos da morte para vida, pois que amamos nossos irmãos". Por isso, a fé e o amor já são o futuro presente no presente histórico. Mas não há dúvida, permanece sempre aberta a dimensão de plenitude, que a Gaudium et Spes descreve belamente no n. 39 e, de modo insuperável, os dois últimos capítulos do Apocalipse (21 e 22).

É claro, que estas dimensões não se encontram justapostas, mais parcialmente superpostas e umas envolvidas nas outras. Vejamos:  Dimensão social; Refere-se ao oprimido; Libertação da injustiça, para a liberdade;  Por uma sociedade nova;  Dimensão pessoal; Refere-se ao pecador; Libertação do pecado, para graça; Vem pela conversão; Em vista do homem novo; Dimensão escatológica; Refere-se ao morto; Libertação da morte, para a glória (vida eterna); Pela ressurreição; Do mundo novo;   Podemos, dizer então, que o pecado pessoal está ligado às injustiças sociais ("pecado social") e estas, por sua vez, induzem ao pecado pessoal. O próprio Cristo Ressuscitado. Ele é a "auto-basiléia" Ele é o grande sinal, o "sinal de Jonas". A Igreja sempre entendeu que se Cristo tinha ressuscitado, então o fim do mundo já tinha começado. Diz belamente o Vat. II na Lumem Gentium, n. 48:

 

"a era final do mundo já chegou até nós e a renovação do mundo foi irrevogavelmente decretada e de um certo modo real já é antecipada aqui na terra".

 

Por fim, que o Reino é muito maior que a Igreja e o mundo. Suas fronteiras vão além do nosso mundo e de nossa história, pois compreende os que já partiram e caminha para sua consumação na glória. Ele é transcendente e escatológico.


Cf. Mt 5, 20; 7, 21; 18, 3; 19, 23s etc.

Cf. Mt 18, 8;19, 17.

Reino de Deus in BORN, Van Den. Dicionário Enciclopédico da Bíblia. Petrópolis, Vozes, 1985, col. 1289.

Primeira notícia boa.

93-99 na numeração hebraica ou 92- 98 na Latina.

 

Cf. Jo 10, 10b.

O termo justiça designa, em Mateus, uma conduta em conformidade com as exigências das quais o "sermão" nos revela toda a extensão, que é infinita: sua única norma é ser "perfeito como o Pai Celeste". A entrada do Reino de Deus depende desta justiça. Não se pode, pois, procurar realmente a felicidade do Reino a não ser procurando esta justiça.

Cf. Puebla, n. 482.

Cf. Sl 2.

Cf. JEREMIAS, J. teologia do Novo Testamento, São Paulo, Paulistas, 1980, pp. 54-58.

Ibid., p. 55

Cf. Mt. 11,12; Mc.1, 15 Mt. 10,7; Lc 10, 1; Mc. 9, 47;  10, 15; 10 23; Mt. 5,20; 18,3,5; At. 14,22; Mt. 6,10; Mc.9, 1; Lc. 11,2; Lc. 17,20.

Cf. JEREMIAS, J. op. cit., p. 56

Lc 22, 18.

Ibid., nota da página 56.

Ibid., p.55.

KÜNG, Hans A Igreja, Vol. I, Morais, Lisboa, 1969, p.75.

Cf. MATIAS, Calmeira. Jesus Cristo nos Caminhos do Homem. Setúbal, Ed. Do Autor, 1980, pp. 124-125.

Antigüidades judaicas, 17,11,2.

Cf. Lc 24, 21.

Mc 14,17-21.

KÜNG, Hans. op cit., p.76.

Cf. Mc 2,16; Mt 11,19; Lc 15,1.

Jo 7, 47-49.

Cf. Mc 2, 18ss.

Cf. Mc 1, 15.

 

Cf. JEREMIAS, J. op, cit., p.82.

Cf. Mt 3, 10.

Cf. Mt 3-8.

Cf. Mt 1, 3.

Is 40, 3.

Cf. JEREMIAS, J. op, cit., p.73.

Ibid., p. 74.

Ez 36, 25.

Cf. JEREMIAS, J. op, cit., p.75.

Ibid., pp. 79-80.

Cf. Mc 11,30; Mt. 21,25; Lc. 20,4.

Cf. Mt 11, 11; Lc 7, 28.

Cf. JEREMIAS, J. op, cit., p.82.

Ibid., p. 85.

Cf. Sl 2.

Cf. Mc. 1, 9ss; Mt 3, 16ss; Lc 3, 21ss

Cf. Mc 11, 30.

Cf. JEREMIAS, J. op, cit., p. 91

Cf. Lc 16, 16.

Cf. Mt 11, 14.

Cf. Mc 9, 1.

2Cor 4, 16-17.

2Cor 5, 1-2.

2Tm 2, 17-18.

 

Cf. 1Cor 13, 9-10. 13.8

Cf. Lc 12, 54.

Cf. Lc. 21, 29-30.

 

Tempo de turbulência e a pregação profética de um reino de justiça e paz ardia na imaginação dos judeus. Essênios, fariseus e zelotes, todos esperavam a eclosão iminente do Reino. Somente os saduceus, com seu interesse pelo ritual do templpo, mostravam-se frios diante de tais expectativas. Apesar de haver diferentes tipos de conteúdo da vinda do reino.

Cf. Mc 2, 1-12; 3, 1-6.

Cf. Lc 13, 22; 17, 11; 18, 31; 19, 11.28.41.

Jerusalém: centro simbólico do sistema classista asiático que predominava na Palestina. O segundo estágio no desafio do movimento a esse sistema é enfrentá-lo no seu ponto mais poderoso.

Cf. Mc 14, 1-2.

Cf. Mt 23, 8-12.

Cf. Lc 6, 20-26.

Cf. Mc 10, 17-22.

Mc 10, 23-25.

Cf. Mc 3, 31-35.

Cf. Mc 10, 28-31; Lc 14, 25-27.

Mc 14,24.

Cf. Lc 9, 27; Mt 16, 26-27; 10, 23.

Cf. Mc 10, 23.25ss.

FABRIS, R. Jesus de Nazaré: história e interpretação. São Paulo, Loyola, 1988, pp. 111-112.

Cf. Mc. 10, 13-15.

Cf. Lc 16, 16.

Cf. Lc 13, 24.

Como o fazem as correntes "escatologistas" - as de "Cristo vem aí".

Cf. Ap. 3, 20.

Cf. Mc 1, 15.

2Cor 6, 2.

 

Is 52,7.

Mt 21, 31; Cf. Lc 18, 9-14.

 

Mt 11, 19; Cf. Lc 7, 34.

Cf. Mt 9, 12; Lc 15, 4-7.

Mt 19, 28; 16, 27 e 25, 31; 1Cor 15, 24: "Então virá o fim, quando ele - o Cristo - remeter o Reino a Deus, o Pai". Mt 13,24ss e 47-51: parábola do trigo e do joio, e a da rede.

Cf. Jo 3, 36; 5, 24.

1Jo 3, 14.

Mt 16, 4.

Cf. 1Cor 10, 11.