No final do ano sempre vemos as promoções e queima de estoques, mas lamentavelmente vemos também queimas de valores e um deles é o domingo que se torna momento de compra e venda, a busca de mais lucro. O Teólogo e Padre Libânio já dizia nos idos de 1998: "O mais grave gira em torno do fato de que a sociedade moderna capitula, em mais um ponto, diante do império do econômico sobre o cultural e religioso. O domingo para o cristão tem o valor simbólico da comemoração da Ressurreição de Jesus. Mas também significa a possibilidade de a família, como um todo, poder gozar de um ócio, que, pelo menos, pode ser religioso. Mesmo sem essa dimensão estritamente religiosa, há um valor no repouso do conjunto das pessoas. Pois só assim se torna possível uma série de iniciativas colegiadas de lazer. Sacrificar essa dupla dimensão – religiosa e de lazer coletivo – simplesmente para que o lucro do comércio aumente, parece absolutamente desproporcional e implica uma escala de valores desumanizantes"
Mais uma vez se constata que o econômico vai se tonando lei fundamental, sem levar em conta a vida das pessoas que necessitam não apenas de descanso, mas de vivenciar valores familiares e cristãos.
A pessoa humana não é uma máquina, que vai girando constantemente e para num momento para substituição de peças: um trabalhador substitui o outro, e assim continua a marcha do mundo, que vai se tornando cada vez mais mecânico, como dizia Chaplin no seu clássico "Os tempos modernos".
Pense-se que hoje há poucos espaços para o encontro familiar, informal, dialogal. A vida dura de cada dia obriga, não raro, a se viver fora de casa. Não só o pai, mas também a mãe e os filhos. Vai se tirando aquilo que ainda constitui um elo de possível união e de busca de formas mais tranquilas de vida. Tudo isso nos leva à consideração que a pessoa humana é, cada vez mais, posta em segundo plano, e pouco considerada em seus anseios e em suas aspirações. O aguilhão da vida dura suprime relacionamentos mais humanos e de verdadeira comunicação de afetividade e bem-estar. Perde-se o encanto do humano e da vida em sua abundância!