Na festa de Natal há uma só linguagem: a linguagem do Amor. É a linguagem do amor infinito de um Deus, que se chama Jesus Cristo. Um Deus em forma humana, que entra em nossa história de Salvação. Um Deus-Irmão que quer gerar fraternidade, para que todos sejam irmãos e irmãs, vencendo o desequilíbrio do pecado e da morte. A Festa do Natal é mensagem viva de amor, de fraternidade, de paz, de alegria e de salvação. Celebrar o Natal é celebrar a Vida. Se todo o nascimento é vida e alegria, muito mais o Natal daquele que veio "trazer vida e vida em abundância" (Jo 10,10b).

Procure valorizar o sentido cristão do Natal, vivendo na intimidade do Cristo. Muito lhe ajudará a participação na Novena de Natal, momento forte de oração e compromisso com o Evangelho. Que você encontre juntamente com sua família força e alegria de viver a fé em Cristo Jesus, o Deus Salvador e Libertador, nascido em Belém, para ser nosso Irmão e um Deus perto da nossa vida e da nossa história. Cristo veio libertar de todas as prisões, que diminuem a dignidade humana. Que o Natal não se limite a festejar e valorizar pequenas coisas materiais.

No tempo do Natal, pensamos em Jesus, não apenas nos aspectos divinos, mas também humanos. O Natal nos recorda nascimento. As narrativas da infância nos Evangelhos estão repletas de simplicidade. Bem diversas das mitologias pagãs que faziam provir seus heróis de cenas grandiosas e fatos deslumbrantes. No Evangelho se expressa, em toda a veracidade, a condição quenótica de Jesus (cf. Fl 2,7): pobre, humilde desconhecido. Mateus narra o nascimento com esta cena sóbria: "Deu à luz um filho" (1,25) e Lucas trás a mesma frase e acrescenta: "envolveu-o em faixas e reclinou-o numa manjedoura" (2,7). Um nascimento igual aos outros do comum do povo.

Jesus Cristo nasce numa pequena cidade. Nem sequer na própria casa. Até o ano do seu nascimento é-nos desconhecido: provavelmente entre 6 a 7 antes da nossa era. Muito menos pode-se assinalar o mês e o dia (pelo menos nós temos certidão de nascimento que nos dá esses detalhes!). A efeméride de 25 de dezembro foi introduzida para celebrar Jesus como a verdadeira Luz dos povos e Sol de justiça em contraposição às ruidosas pompas do culto pagão do sol invicto. Se tudo isso nos maravilha é também significativo que, desde o início, a Igreja não se preocupou de saber a data exata do nascimento de Jesus, porque as primeiras comunidades cristãs, mais que o nascimento, celebravam o mistério da morte e ressurreição de Cristo, prova insofismável de sua divindade.

Para ambos os evangelistas, tudo se orienta para Cristo: Isabel e Zacarias, João Batista, os pastores e os magos, os anjos, Simeão e Ana etc. Há uma espécie de heliocentrismo cristão: Cristo é o centro e tudo para Ele converge. Os evangelistas não narram uma história, mas uma doutrina em forma de história. Cada fato tem sua função soteriológica: Jesus Cristo é o Salvador.

Os evangelhos da infância são também o panegírico da cotidianidade. Com esta palavra queremos dizer que Jesus levou uma vida simples, comum, do dia a dia. Não realizou prodígios na infância, nem milagres na juventude. Não influenciou os destinos sócio-políticos de sua cidade. Foi um indivíduo de classe comum, tanto que ao aprecer em público o povo o identifica como "filho do carpinteiro"(Mt 13,55), "o filho de Maria"(Mc 6,3) e seus patrícios se admiram por não saberem explicar a origem de tamanha sabedoria (cf. Mt 13,54). Passa cerca de 30 anos na humildade silenciosa da casa de Nazaré. Pouco sabemos, e quase nada, dizem os evangelistas. Que fazia? A grandeza das coisas simples. Era a simplicidade e a cotidianidade de Jesus na história dos homens. A simplicidade do Homem-Deus. Um Deus de ternura em forma de criança que uma criança precisa para ter vida saudável.