por Pe Rhawy Chagas, Bth

 

Da metade dos anos 60 e início dos 70 a Igreja do Brasil foi marcada profundamente pela novidade do Concílio Vaticano II. Estes anos todos foram de fato de evangelização e dos primeiros planos de pastoral – mistagogia, Evangelização, Sacramentos e de promoção humana. A Igreja conheceu assim a passagem rápida e tumultuada e, às vezes, contraditória, de um estado de cristandade definida a uma situação de acentuada separação entre fé e vida, fé e cultura.

A escolha da Evangelização representa assim uma primeira resposta pastoral da Igreja a secularização. Com insistência se repropõe um estilo de leitura da realidade social, que fica como que uma posição adquirida. Mas o ponto fundamental é o endereço sublinhado entre comunhão e missão.

O fim e o início dos idos de 80 são marcados, contudo, de maneira toda especial e particular do início do ensinamento de São João Paulo II, com a qual a Igreja se mediu na pastoral sobre reconciliação cristã e a comunidade dos homens. A ideia central expressada em rol-guia, uma eficácia reinante no caminho para o futuro. Os anos oitenta foram um decênio sob muitos aspectos de reestruturação até os impetuosas novidades de rebeldia. A mensagem fundamental, no entanto, proclamada por milhões de pessoas, foi esta certeza, que não existe nada de impossível na história dos homens. E esta palavra de esperança e de abertura para o futuro não pode hoje não chegar senão a partir da Igreja, pelo anúncio do Evangelho de Cristo que é salvação e libertação.

A escolha do tema pastoral para os anos 90 - “Nova Evangelização e testemunho da caridade”, se coloca sobre esta linha, sobre esta certeza que a verdade de Cristo age na história dos homens. É um dos grandes recursos da mensagem cristã, aquele de abrir os horizontes de caráter plenário, mas ao mesmo tempo de falar concretamente ao coração de cada homem. Este duplo registro pode ressaltar ainda mais nos anos 90 e tem seu cume no tríduo que prepara o Novo Milênio.


Passos…

Postos os conceitos, urge agora reformular a estratégia pastoral das nossas comunidades paroquiais e vem ao Brasil, o Papa Bento XVI e nos entrega a o Documento de Aparecida que dá nosso ânimo aos nossos corações e de modo especial a vida das nossas Paróquias. Porém, surge a pergunta: temos padres formados e aptos para estas paróquias e seus dinamismos de missionariedade contínua?

A missão precisa de pernas!

Qual a palavra que pode resumir todas as descobertas feitas para a Pastoral: a Igreja é comunhão missionária ou missão comunitária? Não somos Igreja para nos atormentar com pequenas coisas. Nascemos para bem coisa maior, sobretudo estamos convencidos que não tem sentido ser Igreja sem ser missionários.

Não há dúvida que o problema mais sério, na aplicação do Concílio Vaticano II, até agora, fica aquilo que deve dar corpo a missão da Igreja no mundo. Uma Igreja profundamente renovada, purificada, concentrada no essencial, que tem feito, que faz a suas prerrogativas estabelecidas pelo Vaticano II: eis a maneira da Igreja caminhar. Na realidade, o trabalho missionário constitui a sua tarefa vital!

Mas, que significa “missão”, em concreto? Não bastam os bons desejos, se depois se volta a constituir uma Igreja que estava muito bem em uma situação de cristandade consolidada. O pensamento dos outros, hoje, deve levá-la para fora de si, ao encontro dos outros que exigem a sua participação, e não apenas discutir sobre eles e os outros…

Temos, de fato, três objeções que levamos nestes anos e que puseram raízes dentro de cada um, a saber:

a)      Antes de tudo, que cada pessoa tem o direito liberdade de fé, pela qual se faz necessário toda cautela possível, para não expor-se a um “novo e diverso” neocolonialismo.

 b)      O lugar que a cultura cristã deve ser acompanhada pela maior prudência para despertar adversidades.

c)      O aproximar-se aos outros deve ter uma forma de diálogo respeitoso, que não deve apresentar-se como invasão, mas como quem bate a porta e espera.

Três objeções que se põem como que um freio a nossa Igreja, quando se trata evidentemente de impostar uma ação missionária, que não desmente o Vaticano II, mas que ao mesmo tempo seja uma resposta a nova situação cultural que se criou e que nos encontramos e vivemos! Situação onde parece vencedora uma espécie de materialismo imperceptível, mas obsessivo, pelo qual a fé nos adultos desaparece e nos jovens custa a criar raízes. Sobressai, assim, um ateísmo banhado de esquecimento, que parece movido por um único motivo de sepultar o passado, sepultar a fé dos crentes.

A experiência, destes anos, inexorável e dolorosa nos conduz a necessidade de reformular a estratégia pastoral das nossas Igrejas, uma vez que o diálogo e a proposta chegue até o testemunho de palavras e obras; chegue a provar de maneira convincente a importância desta questão de Deus em relação as questões vitais dos homens, pois àquela é também uma questão vital do homem viver nos nossos tempos que precisam muito da transcendência…