Por Pe Rhawy

 

Esclarecendo:

Não é minha intenção dar explicações concretas, mas antes, colocar as fundamentais doutrinas sem particularidades.

Quando falamos de Espiritualidade sacerdotal segundo o Concílio, entendemos falar de um aprofundamento e de uma cobertura de aspectos novos da nossa espiritualidade. Mas não devemos pô-la em oposição com a espiritualidade precedente porque não existe nenhuma oposição, como bem veio dizer o próprio Bento XVI em muitos de seus discursos e até quando sancionou a Santa Missa no rito extraordinário.

Não devemos opô-la à espiritualidade cristã no seu gênero. Nós sacerdotes somos membros do Povo de Deus e então devemos praticar os mandamentos de Deus e tudo aquilo que é comum a todos os cristãos. Não estamos por isso dispensados do empenho espiritual próprio dos batizados, com o pretexto de ter uma espiritualidade própria.

Não devemos opor nossa espiritualidade sacerdotal à aquela dos religiosos. Aquilo que dissemos da espiritualidade sacerdotal, vale também para os sacerdotes religiosos e para todos os demais sacerdotes.

A espiritualidade sacerdotal apresenta aspectos e orientações que devemos penetrar na sua profundidade e riqueza, que são próprias da nossa realidade. Podemos considerá-la seja em Cristo sacerdote, ao qual devemos nos configurar, seja em referência a missão que temos recebido d’Ele.

A Santidade Sacerdotal como dom total a Cristo

A espiritualidade sacerdotal exige antes de mais nada, uma dedicação, um dom total de si a Cristo.

Tal dom não é somente um ato feito quando deixamos a família e entramos no seminário. Não, também, uma atitude que tivemos somente no dia do nosso diaconato ou no dia da nossa ordenação sacerdotal. Este dom total deve estar em nós cotidianamente.

E existe um momento particularmente importante no qual nós devemos renovar este dom-dinâmico a Cristo, isto é, a Santa Missa. Quando dizemos hoc est Corpus meum; hic est enim calix sanguinis mei, somos instrumentos de Cristo e estamos nele, único sacerdote, que renova o único sacrifício da sua oferta ao Pai. E, nós, podemos ser de verdade, autênticos ministros de Cristo se entramos naquele dom de si, que Cristo faz ao Pai.

De verdade, este momento é o mais importante, porque somos ministros e dependentes de Cristo e porque devemos nos configurar a Ele. Nisto encontramos a unidade da nossa vida sacerdotal; isto é o essencial à nossa vida de sacerdotes. O Concílio Vaticano II, do decreto PRESBYTERORUM ORDINIS - sobre o ministério e sua vida sacerdotal apresenta diversos aspectos da espiritualidade sacerdotal. Chamo atenção somente sobre alguns deles: a obediência, a pobreza e o celibato, que no texto são ampliados de maneira singular. Por isso a reflexão ajudar-nos-á ver a forma particular sacerdotal da nossa obediência, da nossa pobreza, do nosso celibato e a compreender bem o fundamento doutrinal destas exigências.