por Pe Rhawy

A Pobreza Sacerdotal

É a primeira vez, creio, que o Concílio fala da pobreza para os Sacerdotes seculares. Já ouvimos na História da Igreja um apelo a esta verdadeira pobreza muitas vezes, mas dito aos padres em forma conciliar é a primeira.

Fazendo algumas pesquisas entre os documentos pontifícios, encontrei o primeiro texto sobre a pobreza para os sacerdotes seculares na Encíclica de Pio XII sobre o comunismo. Talvez, o comunismo foi um apelo a pobreza sacerdotal, para nós.

Em seguida, encontramos muitas outras passagens de Pio XII, São João XXIII, do Beato Paulo VI, de São João Paulo II e discursos de Bento XVI e de Francisco.

O concílio Vaticano II apresenta aos sacerdotes seculares a pobreza como geralmente é apresentada aos religiosos. Não trata diretamente da pobreza como meio de santificação, mas da pobreza à luz da Missão Sacerdotal (PO, n. 17). Em primeiro lugar, diz-se que devemos respeitar os bens do mundo. Não existe uma pobreza de desprezo. Também na constituição Gaudium et Spes, encontramos este ensinamento: devemos respeitar os bens do mundo, visto que procedem de Deus e são para o bem de toda a humanidade.

Mas, como todos os cristãos, somos convidados a não nos apegar a estes bens. Devemos por isso empenharmos em forma de pobreza que é comum a todos os membros do povo de Deus. E deste ponto de vista já existe muita coisa a fazer. Pois o Concílio chama novamente a atenção aos Sacerdotes sobre a obrigação – não se trata só de conselho, mas de ser e de se mostrar desinteressados. Mostrar o exemplo dos Apóstolos, especialmente de São Pedro, a respeito de Simão, o Mago.

Ponhamos atenção na seguinte expressão: não devemos somente parecer, mas sermos desinteressados. Deste ponto de vista deveríamos procurar conhecer as reações da nossa gente. Talvez, se trata de escândalo para os fracos, mas não esqueçamos que São Paulo diz que estes, que padecem escândalo, são aqueles pelos quais Cristo morreu.

Devemos conhecer e ver juntos o que talvez se impõe a nós, a fim de que, sejamos desinteressados e livres! O Concílio afirma também que um sacerdote não tem mais o direito de se enriquecer com aquilo que tem recebido através do seu ministério. Isto seria um pecado contra o sacerdócio. Mas, se diz ainda, que devemos evitar na nossa vida, de maneira geral, tudo aquilo que seria escândalo para os homens, especialmente para os pobres.

Pede, enfim, a todos de mudarem, se for necessário, a própria habitação, para que, todos, especialmente os pobres, possam se aproximar facilmente do sacerdote.

São todas as coisas que tem relação com a Missão do sacerdote e que impõem o dever de uma reflexão. A pobreza impõe-se, assim, a todos em nome do sacerdócio.

Enfim, lembra, o Concílio, que existe um chamado particular aos sacerdotes seculares que receberam a graça, para seguirem a Cristo na sua pobreza. Não se trata evidentemente de uma regra; de consequência não devemos julgar ou criticar os sacerdotes que não vivem segundo as exigências da pobreza evangélica. Mas se o Concílio indicou este chamado, devemos aceitar que alguns entre nós andem adiantados neste caminho da pobreza. Devemos respeitá-los e ajudá-los a responder a sua vocação. Assim, na liberdade e no respeito de cada um, existirá entre nós todos, uma profunda unidade. Eis, então, o ensinamento do Concílio Vaticano II em relação a pobreza.

Conheço a situação sociológica e tenho visto muitas vezes o desinteresse por aquilo que as pessoas pensam do sacerdote. Muitas vezes, quando os homens falam do sacerdote, que conhecem e amam fielmente, não dizem a reação ou reações habituais do seu ambiente.

Um sacerdote pode viver numerosos anos em uma Paróquia sem conhecer as reações do seu povo. Se quer conhecer, deve perguntar as pessoas o que pensam e o dizer tudo o que pensam. Lembro um fato de Torreões: quando convidei alguns homens a almoçar, um me disse: não vou, se for, serei obrigado a dizer o que penso, e isso não é respeitoso para o Padre. E depois foi forçado pelos outros para que dissesse tudo o que pensava. Disse coisas terríveis, mas daquele dia em diante todos juntos pediram uma reunião cada mês para tratar as questões mais urgentes naquela comunidade eclesial.

Eis o diálogo, saber escutar tudo, fazer questão de escutar tudo, às vezes é duro, mas bônus pastor cognovit oves suas: é necessário que conheçamos tudo aquilo que pensa o nosso povo. Pois, podemos com ele procurar aquilo que devemos mudar em nossa vida. Quando os nossos cristãos sentem um pouco a sua responsabilidade, podem ser-nos muito úteis, uma vez que entendem muitas coisas. Mas precisa dizer que, também por isso, sentem suas responsabilidades.