Dando especial enfoque para a bíblia, no mês de setembro, o cristão é convocado para vivenciar a fé em Deus na prática do amor às pessoas mais necessitadas do processo de libertação. Significa envolvimento numa esperança militante, que consegue mudar a tristeza para a alegria, a fraqueza em força, e o medo em confiança. Foi o que Jesus fez em relação às pessoas sofredoras de seu tempo.

A fé não faz diferença entre as pessoas. Existe uma igualdade fundamental do ser humano diante de Deus. Nós é que fazemos as diferenças, chegando até a marginalizar quem não é compatível conosco. São diferenças que dificultam a esperança e a pessoa perde a capacidade de ser militante. Diferenças que podem também enfraquecer a fé de quem está no mundo da exclusão.

Os dons e capacidades naturais nas pessoas não podem servir para discriminar e nem promover frutos amargos para o povo, deixando pessoas desesperadas. A sensibilidade e a ternura contribuem para o resgate da dignidade humana. E todos nós temos capacidade para isto, basta boa intenção e querer construir o mundo do bem, aberto a todos os indivíduos.

Os fatos da vida, mesmo os ruins, não podem criar desânimo. Aí está a importância da Palavra de Deus. Ela é capaz de provocar ânimo, esperança e militância. Abre caminho de libertação e consciência de missão no mundo. Abre os olhos dos cegos e os ouvidos dos mudos para terem lucidez na prática do bem.

Não é fácil conseguir discernir diante da ideologia dominante dos últimos tempos. A cultura é massificante e fragiliza a consciência das pessoas. Com facilidade caímos na mesmice e perdemos a identidade como força transformadora, a amizade e a solidariedade, encontradas no testemunho de Jesus Cristo.

Corremos o perigo também da discriminação, motivados pelas condições das pessoas, e o testemunho pode ser diferenciado, deixando em segundo plano, os pobres. Não foi esta a prática de Jesus. Ele pediu que seus seguidores fizessem o mesmo que Ele fez, se solidarizassem com os mais sofridos, num compromisso real de fé.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba