Outro dia encontrei um calendário de parede que chamou minha atenção. O primeiro dia da semana não era o domingo, mas a segunda-feira. À primeira vista, parece tão somente uma nova forma de dispor os dias, dando preferência à segunda-feira, que seria o “primeiro dia útil”. É isso mesmo?

Escrutando um pouco mais o assunto, percebemos que há uma ideologia laicista por trás disso tudo. O domingo, dia religioso por excelência, dia da ressurreição de Jesus Cristo, perde o lugar de destaque e passa a ocupar o derradeiro posto da folhinha. Os fautores de tal calendário estão sob o influxo de ideias que visam a fomentar a irreligião ou o ateísmo. Mesmo que não o saibam explicitamente. O domingo vira um dia como outro qualquer, quando se condescende até mesmo com o trabalho, em detrimento dos direitos laborais.

Além do aspecto referido no parágrafo anterior – muito sério, na minha opinião, – verifica-se uma incongruência lógica: como o segundo dia da semana (“segunda”-feira) pode ser o primeiro dia da malfadada folhinha? Impossível! Qualquer escolar da quarta série concordaria comigo, não é verdade? Em português, os algozes do sagrado terão dificuldade para falsear a realidade e o tempo. Seus propósitos mendazes caem por terra...Irremediavelmente.  Quiçá em espanhol e inglês (“Lunes” e “Monday”, respectivamente) seja fazível tamanha aleivosia à religião cristã. Contudo, na língua de Camões e de nós outros, brasileiros, isto é impossível, pois como escrevi alhures ( http://www.zenit.org/pt/articles/os-dias-da-semana-em-portugues), os dias da semana em nosso idioma não têm nomes: todos reportam-se à ressurreição de Jesus (domingo= dies domini¸  dia do Senhor): segunda-feira (feira=dia) após a ressurreição e assim por diante. A propósito, o modo completo de nos referirmos ao segundo dia da semana seria o seguinte: “segunda-feira após a ressurreição de Jesus Cristo.”

Estas coisas soam banais, todavia, é exatamente através desses expedientes solertes que os adversários da religião vão derribando o alicerce dos valores evangélicos, criando uma mentalidade e postura indiferentes à fé.

Edson Luiz Sampel

Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano.

Membro da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp) e da Academia Marial de Aparecida (AMA).