O que dizer a respeito da atuação das tevês de inspiração católica? Primeiramente, com a CNBB, faz-se mister frisar que essas emissoras não falam em nome da Igreja: "(...) nenhuma delas e nenhum de seus membros representa (sic) a Igreja Católica, nem fala (sic) em seu nome e nem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (...)" (recente nota de esclarecimento da CNBB). Deveras, nenhuma iniciativa mediática pode se atribuir o nome de "católica" sem o consentimento expresso da autoridade eclesial competente (cf. cânon 216 do CIC).
            Posto isto, indicaremos logo abaixo, mui rapidamente, em um único parágrafo, o genérico da grade de programas dessas televisões. Ao elaborar o exame perfunctório deste artigo que, diga-se de passagem, consiste em crítica construtiva, queremos, sobretudo, estimular os canais de inspiração católica a que de fato se inspirem mais na doutrina cristã e envidem esforços por comunicá-la aos telespectadores. Trazemos em mente as principais estações de inspiração católica, a saber: a TV Aparecida, a TV Canção Nova e a Rede Vida.
            Cremos que a comunicação do bimilenar ensinamento de nosso Senhor Jesus Cristo deva ser explícita, principalmente nos tempos atuais, tão avessos ao cristianismo. Desta feita, não há lugar para respeitos humanos ou para o politicamente correto! Não é suficiente dizer que se trabalha com valores cristãos e os programas forcejam por inculcar os referidos valores. De feito, a TV Cultura de São Paulo (Fundação Padre Anchieta), neste aspecto, sobrepaira-se a muitas das atrações veiculadas pelas tevês de inspiração católica. As emissoras de inspiração católica, se qui serem re almente contribuir com a evangelização, têm de atuar de forma mais contundente, evangelizando mesmo. Isto não significa que haja apenas programas catequéticos, como os excelentes "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", do professor Felipe Aquino. Mas, significa que toda emissora de inspiração católica necessita apresentar ao menos um programa de catequese propriamente dita e que todos os outros programas imbuam-se de viés nitidamente catequizador. Como fazê-lo?  Com a palavra, os especialistas na arte televisiva...
            Atrações de música sertaneja, certas entrevistas, prélios desportivos e receitas de bolo etc. encontram-se nas tevês "profanas". Por outro lado, há que se obedecer às orientações da CNBB, evitando-se termos como "batismo no Espírito Santo" e as recorrentes glossolalias (Doc. 53 da CNBB). Nos telejornais caberiam sempre comentários das notícias à luz da doutrina social da Igreja.  
            Por fim, supliquemos o adminículo de santa Clara, a padroeira da televisão. Peçamos que ela interceda a Jesus pelos clérigos e leigos – principalmente pelos leigos – que atuam profissionalmente na área. Impossível elaborar programas televisivos de viés nitidamente catequizador, consoante escrevemos acima, sem robusta formação teológica por parte dos profissionais das televisões de inspiração católica.

Edson Luiz Sampel
Professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo (da Arquidiocese de São Paulo). Autor, entre outros livros, de "Católico até debaixo d'água" (Editora LTR).