Nos dois vídeos que recentemente produziu sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021, o Centro Dom Bosco perdeu a chance de apresentar críticas consistentes em face do texto-base. De fato, o referido documento é um prato cheio para quem queira vasculhar ideologias. Tais ideologias transbordam do texto, malgrado seja mister acolher o contexto, isto é, a motivação da campanha, a fim de não inviabilizá-la, dada a relevância pastoral da campanha da fraternidade. Na verdade, o texto-base, embora chancelado pela CNBB, não foi escrito pela conferência episcopal. Pelo que entendi, a redação do texto-base é da autoria de uma pastora luterana.
            Os vídeos do Centro Dom Bosco, infelizmente, extraviaram-se em digressões, em argumentos "ad hominem", deixando muitos católicos ainda mais confusos e perplexos.  O que poderia ter sido uma boa contribuição para o diálogo saudável quase deliquesceu em fancaria. É a pressa latina?  De qualquer forma, sejamos justos! Não nos esqueçamos que os leigos do Centro Dom Bosco, certamente sob o influxo da graça, assumiram com êxito uma batalha judicial contra um famígero grupo defensor do aborto, que ousava se intitular "Católicas pelo Direito de Decidir". Merecem todo s os aplausos por essa empreitada!
            Vale a pena, sim, contribuir com a coleta de Domingo de Ramos, porque, se o texto-base é ruim, isto não tira o mérito da campanha da fraternidade em si. 
            Uma coisa deve chamar a atenção dos bispos. Em meio a essas polêmicas, com discursos obtusos, às vezes, agressivos, no emaranhado desse tropel de vozes que vê comunismo por toda parte, não se auscultaria o alarido do "sensus fidelium"? Não seria o caso, por exemplo, de a CNBB encetar e estimular um curso de reciclagem nas dioceses, com o estudo e exposição do magnífico Catecismo da Igreja Católica? Providências deste jaez não ajudariam a dessedentar certo legítimo anseio conservador e não atenderiam, também, ao clamor dos milhares de católicos que se manifesta ram nas redes sociais contra o texto-base e soem se insurgir em detrimento do que consideram excessiva politização de certos meios eclesiásticos?

Edson Luiz Sampel
Doutor em Direito Canônico e membro da Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC)