O respeito é um sentimento que conduz alguém a tratar as demais pessoas com atenção e deferência. Isso se torna muito difícil numa sociedade marcada por fanatismos exacerbados, com lógicas fechadas e atitudes sociais e culturais muito fragmentadas. Significa saber ouvir as diferentes vozes munidas de forças conflitivas e, às vezes, incapazes para um diálogo franco e respeitoso.

Convivemos com um clima marcado pelo ódio e o medo. As consequências são de intolerância, dificuldades na convivência e falta de paz interior. Em muitas situações, lamentamos agressões com derramamento de sangue. Visualizamos uma tecnologia cada vez mais avançada, com marcas de racionalidade, sem dar satisfação e respeito para a dignidade e o valor da pessoa humana.

É difícil falar de “valor do respeito” ao ser humano quando as pessoas se tornam anônimas, cada vez menos tratadas como pessoas e desvalorizadas pela tecnologia do consumismo. Não é mais o sentimento de alegria do coração das pessoas que conta, mas o sofrimento e a angústia diante de um mundo que deixa a maioria do povo sem teto, trabalho, terra e sem condições para vida digna.

Respeito supõe ternura, num amor que se torna próximo e concreto, porque surge do coração e chega aos olhos, aos ouvidos e às mãos, para realizar gestos corajosos e fortes em benefício dos mais necessitados. Significa derrubar muros que provocam separação das pessoas na convivência comunitária e construir pontes para que haja relações fraternas como forças que valorizam a vida.

Todo aquele que consegue semear o bem estará realizando atos de nobreza para a sociedade, mesmo sabendo que não vai colher frutos para si mesmo de seu trabalho. Unirá a prática de amor com a da esperança, dando sustentação para a vida das próximas gerações. Não importa quem será beneficiado, mas irradiará muitas energias relacionais, intelectuais, culturais e espirituais.

Não podemos ficar apenas em aparências externas, só em caminhos digitais que maquiam e camuflam a identidade das pessoas provocando divisões, inimizades, insegurança e individualismo. Isso destrói o valor do respeito e não contribui para a construção do bem comum. É fundamental discernir em que estamos contribuindo para um mundo melhor, de respeito e de valor do ser humano.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.