A missão no mundo não é uma realidade e um compromisso apenas das diversas empresas e das organizações. É muito mais do que isto. A tarefa é inerente a cada ser humano, dentro de suas próprias limitações, principalmente por saber que essa ação lhe dá o verdadeiro e real sentido de viver, porque a pessoa sente que está contribuindo para construir e harmonizar a criação.

Ao falar de missão entendemos tudo aquilo que a pessoa é capaz de fazer para produzir o bem e beneficiar positivamente a ordem natural das coisas. Temos o exemplo do profeta Amós, que se apresenta como um cuidador de gado (Am 7,14). É essa uma bela missão, porque não importa o que está sendo realizado, mas sim a intenção, a honestidade e os objetivos da atividade em curso.

A criação não é um acaso e nem está totalmente pronta. A construção continua dependendo do arbítrio de cada pessoa. Sendo uma escolha, porque não é passividade, essa escolha precisa ter os parâmetros que favoreçam o bem e a vida do planeta. Há aqueles que sistematicamente escolhem, como missão, realizar o mal, agindo inversamente aos princípios que ajudam na construção do mundo.

 Não existe uma missão mais importante do que outra. Tudo que fazemos para beneficiar a nós mesmos e/ou a outros, depende de certo grau de responsabilidade. Podemos encarar a missão como uma vocação, uma tarefa que não deve ser deixada para outro fazer. A omissão, ou deixar de cumprir a missão, dificulta e prejudica o processo de construção e complica a vida das pessoas.

Dentro do processo da missão no mundo, Jesus enviou seus discípulos dois a dois para uma tarefa de relevante importância na construção do Reino de Deus (cf. Mc 6,7). Para Jesus não eram suficientes somente palavras, mas ações concretas, de colocar a mão na massa, despreocupados com as práticas interesseiras e egoístas. O egoísmo desqualifica e esvazia o sentido da missão.

Existe um apelo de missão na vida interior de cada pessoa. É como experimentar o chamado insistente de Deus para a ação concreta do cristão no mundo. A vida de cada ser humano já é uma missão, uma presença sinalizadora de vida, um caminhar em vista de um futuro melhor. Mas precisa sair de si mesmo, de seu mundo fechado para realizar uma ação corajosa e com muita alteridade.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.