Nesse ano da graça do Senhor de 2007 o nosso intinerário quaresmal está todo ele extremamente referto, não somente daquela imensa alegria do desejo espiritual da proximidade da celebração da Santa Páscoa, que está em seu porvir, e que, na realidade, recordamos cada dia na celebração do Augustíssimo Sacramento da Eucaristia, mas esta quaresma também está bastante cheia daquele grande júbilo de termos em terras da Santa Cruz, pela primeira vez como Papa em todo o Continente Americano, a presença do Romano Pontífice reinante, Sua Santidade, o Papa Bento XVI, que presidirá os trabalhos de abertura da V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano - Conferência de Aparecida -, estando dantes, como já anunciado, na megalópole São Paulo, onde nessa ocasião será hospede dos filhos de São Bento, celebrando a canonização do primeiro santo nascido, de fato, em nosso país, ou seja, genuinamente brasileiro, o Beato Frei Antônio de Santana Galvão, membro da Ordem dos Frades Menores.

Na Quaresma deste ano litúrgico do ciclo C de leituras estamos a caminhar, mais proximamente, do Evangelista São Lucas, o Evangelista da Virgem Santa Maria e com ele percebemos, concretamente, que está a acontecer, na realidade, uma grande catequese que tem como seu tema basilar a reconciliação que, de fato, vai encontrar o seu maior cume, exatamente, na celebração da Santa Páscoa. O Santo Padre nos recorda em sua mensagem para esta quaresma os modos pelos quais Deus é amor e que: olharemos para aquele a quem transpassaram! Aqui no Brasil a Conferência Episcopal nos faz voltar os olhos e o coração para a Amazônia, recordando que há Vida e Missão neste chão, façamos então, dessas esperanças, realidades em nossa vida e, conseqüentemente, também em nossas comunidades!

No I Domingo da Quaresma começamos a dar o primeiro passo para a reconciliação e esse passo vai consistir, propriamente, no reconhecimento de Deus, que nos ama e que está próximo de nós, ou seja, é necessário recomeçar, apesar dos pesares, que são os nossos próprios pecados; na realidade é preciso voltar, reconhecendo a Deus, assim como fez Israel (Primeira leitura = Dt 26,4-10) e, tal reconhecimento de Deus, sobretudo, é feito por Nosso Senhor Jesus Cristo, em sua experiência do deserto, na qual testemunha, vencendo as tentações, que veio ao mundo para fazer à vontade do Pai e não a sua própria ou aquela do ilusório tentador que de modo enganoso promete o ter, o poder e o considerar-se como tal (Evangelho = Lc 4,1-13) e desse modo, fica claro que, quem reconhecer o Cristo, como Senhor e Salvador, dando o passo para com Ele se encontrar, este sim, será salvo (Segunda leitura = Rm 10,8-13), encontrando nele a vida.

No II Domingo da Quaresma nos encontramos com Jesus transfigurado e isso é, sem dúvida alguma, um passo bem mais largo e muito mais exigente; de fato é uma experiência de misericórdia, que nos revela aquele profundo mistério que se realiza também em nós por intermédio da reconciliação, do Sacramento da Penitência (Evangelho = Lc 9,28b-36) que se faz agora, já que esse é, nomeadamente o tempo: eis o tempo favorável! Mas também que se revela no fim dos tempos para aqueles que se dispõem a responder com a vida ao chamado universal à conversão (Segunda leitura = Fl 3,17-4,1), pois em Cristo, sacrificado, uma oblação unicamente dele e, da qual, somos todos nós os únicos beneficiários; realidade que dá o cumprimento total para a antiga aliança (Primeira leitura = Gn 15,5-12.17s).

No III Domingo da Quaresma Deus vai enviar Moisés para que esse possa libertar o seu povo da situação de opressão e de escravidão, e esse povo caminha pelo deserto, mas agora com passos mais constantes, pois percebem, mais concretamente, a presença de Deus no meio deles (Primeira leitura = Ex 3,1-8a.13-15). Essa história de libertação, quando o povo caminha e quando somos também nós convidados a caminhar, libertando-nos das amarras que nos impedem de caminhar na liberdade dos filhos de Deus é, na verdade, um ensinamento (Segunda leitura = 1Cor 10,1-6.10-12) que alcança o seu ápice em Jesus, quando nos convida à conversão e à penitência (Evangelho = Lc 13,1-9) à libertação da grande escravidão que é o pecado e que nos faz trilhar veredas de pura ilusão e completo vazio, por isso, converter-se é sempre necessário.

No IV Domingo da Quaresma, tendo acolhido o convite à conversão, o filho, que fugiu do convívio da intimidade com o pai, enveredando-se por caminhos da falsa promessa e do estado efêmero de felicidade, retorna ao caminho do qual se desviara, embora ainda com passos titubeantes (Evangelho = Lc 15,1.3.11-32) recordando-se daquilo de bom que havia abandonado, exatamente por ocasião da miséria que estava a viver, fazendo assim, embora isso, absolutamente, não esperasse, a experiência de um coração que possuía, de fato, entranhas de misericórdia e que se alegra imenso pelo retorno ou melhor ainda, faz grande festa por isso, pois aquele que estava morto retornou à vida; na verdade, é Cristo quem o reconcilia (Segunda leitura = 2Cor 7,17-21) e o introduz para dentro da casa, para a terra prometida, celebrando, como Israel, a Páscoa (Primeira leitura = Js 5,9a.10-12).

No V Domingo da Quaresma, quando agora convidados somos a caminhar com o Apóstolo e Evangelista São João vamos perceber que quem se torna em conformidade a Cristo, exatamente no fato de em seu estado de homem viator, peregrino, transeunte, daquele que está a caminho, deve buscar morrer ao pecado (Segunda leitura = Fl 3,8-14) e isso pode acontecer a cada homem e a cada mulher de boa vontade, através da experiência de ser perdoado (Evangelho = Jo 8,1-11), tornando-se, desde então uma nova criatura (Primeira leitura = Is 43,16-21), sendo-lhes dirigido o perene convite a manter-se na experiência da vida nova: "Ide, e não mais pequeis!". Temos um Deus que nos ama, reparando não o que fomos ou que somos, mas aquilo que buscamos ser, com o Seu precioso auxílio e jamais sustentados, obviamente, em nossas próprias forças.

Que a estada entre nós, do Papa Bento XVI ao qual cantamos com devoção filial: Bento, bendito o que vem em nome do Senhor! Seja, de fato, para confirmar na fé, todo o Povo de Deus, rebanho do Senhor, ajudando-nos para isso, a Imaculada Virgem Mãe de Deus Aparecida e Assunta ao Céu, excelsa padroeira do Brasil, tornando dócil o nosso coração e nos auxiliando, como Advogada nossa, a viver com mais intensidade, através da reconciliação, a experiência de sermos filhos e filhas de Deus, nessa Igreja que nos gerou e que, por isso, é nossa Mãe e também nossa Mestra, ela que se alegra imensamente pela volta daqueles que dela se afastaram e que agora se tornaram conscientes Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, para que nEle nossos povos tenham vida. "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14,6).